A luta sarauí

O povo sarauí aguarda pela realização de um referendo à sua autodeterminação há quase 30 anos

O recenseamento do povo sarauí, com vista ao referendo sobre a sua autodeterminação, encontra-se num impasse. Iniciado em 1994, o processo bloqueia sempre que está em causa a qualificação de quem é, e de quem não é, sarauí.

De um lado, está Marrocos, que se apoderou daquela antiga colónia espanhola após a saída do colonizador, em 1976. Do outro, a Frente Popular do Saguia El Hamra e Rio do Ouro (Polisário), criada em 1973 para lutar pela emancipação do então Sara Espanhol.

A «marroquinização» do território — acelerada pela «marcha verde» organizada por Hassan II de Marrocos, em 1975 — levou ao êxodo
de mais de 165 mil pessoas para a Argélia, hoje refugiadas no desértico acampamento de Tinduf.

A proclamação, pela Polisário, da República Árabe Saraui Democrática (RASD), em 1976, e o seu posterior reconhecimento pela Organização de Unidade Africana, extremou o conflito e obrigou à intervenção da comunidade internacional.

Em Abril de 1991, entrou em campo a MINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sara Ocidental) com o objectivo de fiscalizar o cessar-fogo e organizar um referendo sobre o estatuto final do território. De Março de 1996 a julho de 1997, foi comandada por generais portugueses — primeiro Garcia Leandro, depois Barroso de Moura. O mandato em vigor termina a 28 de Fevereiro de 2001.

Artigo publicado no “Expresso”, a 23 de dezembro de 2000