Uma árabe na alta-roda

Rima al-Sabah, mulher do embaixador do Kuwait nos EUA, é uma das figuras mais populares nas festas do “jet set” de Washington

Em janeiro de 2015, Rima al-Sabah foi nomeada embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

É árabe a estrela mais cintilante da alta-roda da diplomacia sediada em Washington. Rima al-Sabah, a elegante esposa do embaixador do Kuwait nos Estados Unidos, Salem Abdullah al-Jaber al-Sabah, goza de uma popularidade galopante e é cabeça-de-cartaz nas festas mais badaladas da capital dos EUA.

Para quem tem das kuwaitianas uma imagem no mínimo tão conservadora quanto a rigidez do próprio Kuwait, a embaixatriz é a negação em pessoa. “Rima al-Sabah gosta de irromper numa casa com a sua aparência de modelo parisiense, o cabelo comprido ruivo a cair-lhe, solto, abaixo dos ombros, o seu metro e setenta e cinco, o corpo delgado envolto num traje de marca e uns escandalosamente sexys sapatos de tacão, quanto mais alto melhor, dizia há tempos o Washington Post.

Paralelamente ao porte indiscreto, Rima não abdica do cigarro, dos vestidos de alta-costura e de vistosas peças de joalharia. Na edição 2003 da lista das personalidades mais distintas da capital norte-americana feita pela Washington Life Magazine, Rima e Salem só foram ultrapassados pelos Bush, pelos Cheney e pelos Allbritton (financeiros).

São sociáveis, inteligentes, interessantes e muito, muito atractivos, justificou Nancy Bagley, a directora da revista, que funciona como uma espécie de roteiro da vida mundana de Washington.

Mas, a par da beleza e dos hábitos sofisticados, a embaixatriz do Kuwait é uma mulher reconhecidamente inteligente. E o facto de os Al-Sabah terem chegado a Washington dias antes dos atentados ao World Trade Center e ao Pentágono determinaria quer a agenda diplomática de Salem quer o empenho de Rima na arte de bem receber. Isto é um trabalho de equipa, afirma ela.

Por isso, cada recepção que a embaixatriz organiza assume contornos de verdadeira cerimónia de Estado. Ela preocupa-se muito com a aproximação entre as culturas islâmica e ocidental. As listas de convidados, os menus, a decoração… Ela pensa ao máximo em todos os pormenores, diz Debbie Dingell.

Rima e o marido são os terceiros da lista dos mais distintos

Fluente em inglês, francês e árabe, Rima, de 40 anos, mostra igual à-vontade quando fala de moda, política ou das últimas novidades de jogos de computador que os três filhos adoram.

Filha de dois licenciados pela Sorbonne (Paris), nasceu e cresceu no Líbano e foi educada na religião católica. A conversão ao islamismo ocorreu aquando do casamento com Salem, cinco anos mais velho, que conheceu na Universidade Americana de Beirute, onde se licenciou em Jornalismo: Quando eu era apenas uma caloira, o meu marido era um veterano, e nós tornámo-nos os namorados do campus, recorda.

Percursos como o de Rima al-Sabah não estão ao alcance da esmagadora maioria das kuwaitianas, privadas do direito de votar ou de abrir uma conta bancária, por exemplo.

Reconhecendo o carácter delicado do assunto, a embaixatriz aborda-o com grande diplomacia: Nós, mulheres do Kuwait, temos uma grande quantidade de direitos e bastante poder, apesar de não termos o direito de votar. Mas vamos consegui-lo. E só uma questão de tempo”.

Artigo publicado na revista Única do Expresso, a 25 de abril de 2003