“Ocupar o Irão seria um pesadelo”

Henry Kissinger numa fotografia de 29 de abril de 1975, era ele secretário de Estado dos Estados Unidos WHITE HOUSE PHOTOGRAPHIC OFFICE / WIKIMEDIA COMMONS

A ocupação militar do Irão seria um pesadelo. Não creio que nenhuma pessoa séria considere somar a ocupação do Irão à ocupação do Iraque, disse ontem o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, em resposta a uma pergunta do Expresso durante uma conferência em Lisboa. As mudanças de governo no Irão têm de ser levadas a cabo pelo povo iraniano. Mas isso não exclui outras opções. A questão não é a deposição do Governo iraniano através de forças militares americanas, mas antes as armas nucleares no Irão e a sua ameaça para a humanidade, disse.

Kissinger continua a dar crédito às negociações, mas diz que elas não podem continuar indefinidamente, sob pena de se tornarem um método para a proliferação.

Quando era secretário de Estado (1973-1977), a ameaça nuclear foi a sua maior preocupação — hoje, esse perigo não é menor. As pessoas dizem que os Estados têm sido responsáveis. Nem por isso. Olhando para a distribuição do ‘know-how’ paquistanês, feita através de um alegado sistema privado, e para a Coreia do Norte, isso significa que as duas entradas mais recentes no clube do nuclear espalharam informação nuclear. Um bom passo seria a criação de um sistema internacional de instalações de enriquecimento de urânio.

Artigo publicado no Expresso, a 13 de maio de 2006