
“A ocupação militar do Irão seria um pesadelo. Não creio que nenhuma pessoa séria considere somar a ocupação do Irão à ocupação do Iraque”, disse ontem o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, em resposta a uma pergunta do “Expresso” durante uma conferência em Lisboa. “As mudanças de governo no Irão têm de ser levadas a cabo pelo povo iraniano. Mas isso não exclui outras opções. A questão não é a deposição do Governo iraniano através de forças militares americanas, mas antes as armas nucleares no Irão e a sua ameaça para a humanidade”, disse.
Kissinger continua a dar crédito às negociações, mas diz que elas “não podem continuar indefinidamente, sob pena de se tornarem um método para a proliferação”.
Quando era secretário de Estado (1973-1977), a ameaça nuclear foi a sua maior preocupação — hoje, esse perigo não é menor. “As pessoas dizem que os Estados têm sido responsáveis. Nem por isso. Olhando para a distribuição do ‘know-how’ paquistanês, feita através de um alegado sistema privado, e para a Coreia do Norte, isso significa que as duas entradas mais recentes no clube do nuclear espalharam informação nuclear”. Um bom passo seria a criação de um sistema internacional de instalações de enriquecimento de urânio.
Artigo publicado no “Expresso”, a 13 de maio de 2006
