Corrida contra o tempo nas alterações climáticas

O tema central do relatório das Nações Unidas são as alterações climáticas. Com uma apresentação simultânea a nível mundial, incluindo em Lisboa, o documento apela à redução das emissões de gases com efeito de estufa

“O problema das alterações climáticas é o desafio determinante que vamos enfrentar no século XXI.” Resume-se assim a grande mensagem do Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, apresentado esta terça-feira em simultâneo nos cinco continentes. Vindos de Nova Iorque, em Lisboa estiveram Pedro Conceição e Isabel Pereira, dois técnicos portugueses do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

O relatório, que este ano se intitula “Combater as alterações climáticas: Solidariedade humana num mundo dividido”, apela a que os governos estabeleçam uma meta comum para evitar alterações climáticas perigosas, defendendo um limite de 2 graus celsius. O actual nível é de 0,7, mas mantendo-se este ritmo a temperatura média global aumentará 5 graus até ao fim do século. Para combater este problema, o relatório propõe um orçamento de carbono, com vista a reduzir as emissões de um modo geral.

O documento apela ainda aos países desenvolvidos que reduzam as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 80% até 2050. Já aos países em desenvolvimento, é pedida uma redução de 20%.

Com os governos a prepararem-se para um reunião crucial em Bali, Indonésia, onde vão negociar um sucessor para o Protocolo de Quioto, os autores do relatório têm neste encontro uma oportunidade única para debater o problema das alterações climáticas.

Artigo publicado no Expresso Online, a 27 de novembro de 2007. Pode ser consultado aqui

Optimismo nas vésperas de Annapolis

A preparação da conferência de Annapolis, com que os EUA querem promover a paz entre israelitas e palestinianos, passou por Lisboa. Foi o tema forte do Euromed, o fórum que reúne os 27 da UE e 12 países do Sul do Mediterrâneo

Já passava largamente da hora de almoço de terça-feira, mas Luís Amado e Javier Solana ainda tinham a cabeça na refeição da véspera. “No jantar de ontem, tivemos um debate muito construtivo e aberto sobre o processo de paz do Médio Oriente”, afirmou o ministro português dos Negócios Estrangeiros e presidente do conselho de ministros da UE, na conferência de imprensa que encerrou a Conferência Euromediterrânica (EuroMed) em Lisboa.

“Construtivo e com bom clima”, corroborou o Alto Comissário para as Relações Externas, Javier Solana. “A relação entre as duas margens do Mediterrâneo está mais madura”, acrescentou o espanhol. O jantar de trabalho de boa memória para Amado e Solana — intitulado “Processo de Paz no Médio Oriente” — sentou à mesma mesa, na segunda-feira, os chefes da diplomacia dos 27 membros da UE e de 12 outros países ribeirinhos do Mediterrâneo.

No centro da conversa esteve a conferência de Annapolis (Maryland), prevista para 27 de Novembro, com que a Administração Bush quer relançar o diálogo entre israelitas e palestinianos. “A grande diferença em relação a experiências do passado é que existe hoje um plano bilateral de negociações entre Israel e a Autoridade Palestiniana”, disse Amado.

Num “briefing” que antecedeu a conferência de imprensa final, a chefe da diplomacia de Israel, Tzipi Livni, admitiu ter feito “um esforço suplementar para vir a Lisboa discutir o futuro da região com parceiros com quem Israel não tem relações diplomáticas”. Porém, alertou a governante israelita, “Annapolis é parte do processo. O mais importante é o dia seguinte a Annapolis”.

Artigo publicado no Expresso Online, a 6 de novembro de 2007. Pode ser consultado aqui