Nove cartas fora do baralho

Faz amanhã um ano que o ás de espadas foi executado. Saddam não teve a sorte de outros

Ainda estão à venda em vários “sites” da Internet, mas os baralhos de cartas estampados com as fotos dos homens mais procurados do Iraque já não suscitam a mesma curiosidade do passado. Em Abril de 2003, decorria já a invasão, Saddam Hussein — que foi executado faz amanhã um ano — e 54 altas individualidades do seu regime eram os rostos malditos que urgia fazer desaparecer da face da Terra.

O ditador iraquiano — o ás de espadas — seria o 42.º a ser caçado, a 13 de Dezembro de 2003. Hoje, de acordo com o “site” do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, nove permanecem em paradeiro desconhecido, mas a sua captura já não merece grandes investimentos por parte das forças ocupantes. “Não faço a mínima ideia quantos ainda andam por aí. Já não usamos essas cartas. O baralho foi feito há quatro anos, ainda antes da criação da Força Multinacional-Iraque”, confessou ao “Expresso”, solicitando anonimato, um dos porta-vozes deste comando, criado em 2004 e liderado pelos Estados Unidos.

Mas a atentar no noticiário que chega do Iraque, há pelo menos um alvo que as forças da coligação não esqueceram totalmente — Izzat Ibrahim al-Duri, o general que só era ultrapassado por Saddam na hierarquia do Conselho de Comando Revolucionário, que lhe sucedeu na liderança do Partido Baas e que chefia, desde Outubro passado, um grupo insurgente sunita chamado Comando Supremo para a Jihad e a Libertação. “As buscas à procura dele continuam…”, acrescentou o porta-voz, sem se alongar muito nos pormenores.

General finta as tropas

A 8 de Dezembro, Al-Duri — o rei de paus — terá escapado a um raide nos arredores de Tikrit, a cidade natal de Saddam Hussein. “Não foi uma operação da coligação, mas antes das forças iraquianas”, continua o porta-voz. “Receberam uma informação de que Al-Duri poderia estar em determinado local, mas não estava”. Ter-se-á tratado de uma informação falsa ou o general terá fugido? “Não o encontraram…”, conclui a mesma fonte.

Por alturas do cerco ao general iraquiano, o vice-governador da província de Salaheddin, de que Tikrit é a capital, foi bem mais esclarecedor: “As forças não encontraram Al-Duri, mas apreenderam documentos com informações sobre a rede da Al-Qaeda e outras milícias, sobre as suas actividades bem como as técnicas usadas em operações no norte do Iraque”, afirmou Abdullah Hussein Jbara.

Uma das operações esboçadas nas papeladas confiscadas prende-se com um ataque à prisão Badush, em Mosul, que efectivamente aconteceu em Março, resultando na fuga de dezenas de prisioneiros.

Companheiros de fuga

Entre os ilustres que continuam a monte destacam-se igualmente Hani abd al-Latif al-Tilfah al-Tikriti, director da Organização Especial de Segurança e sobrinho de Saddam; Sayf al-Din Fulayyih Hasan Taha al-Rawi, chefe de Estado da Guarda Republicana, de quem se diz estar escondido numa pequena cidade perto de Bagdade após ter simulado a sua morte e o seu próprio funeral; Tahir Jalil Habbush al-Tikriti, director dos Serviços de Inteligência; e Rukan Razuki abd al-Ghafar Sulayman al-Nasiri, chefe dos Assuntos Tribais e o principal guarda-costas de Saddam Hussein.

Não existem estudos sobre a eficácia desta técnica de comunicação militar, mas dela resulta uma curiosidade. O baralho dos 55 iraquianos mais procurados foi desenvolvido por especialistas da Agência de Inteligência da Defesa dos Estados Unidos na senda de uma velha tradição norte-americana que recorre à batota — companheira de longas horas na caserna — para transmitir aos militares o perfil do inimigo. Esta prática já tinha sido usada na Guerra Civil norte-americana, na Segunda Guerra Mundial — altura em que foram impressos baralhos com silhuetas de aviões de combate alemães e japoneses — e também na Guerra da Coreia.

E como, pelos vistos neste domínio, a tradição ainda é o que era, há cerca de meio ano, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos distribuiu milhares de baralhos pelas tropas no Iraque e no Afeganistão com um novo motivo: monumentos históricos e sítios arqueológicos, visando sensibilizar as tropas para a importância do património histórico e da prevenção de danos desnecessários em pedaços insubstituíveis da História.

CONSTRUIR O ESTADO A PARTIR DAS REGIÕES

O Iraque tem Presidente, Governo e Parlamento, mas o novo Estado pós-Saddam tarda em consolidar-se. A estratégia passa agora por recorrer aos poderes locais

Ainda que, entre os iraquianos, não haja grande vontade de rir, há uma anedota que corre com alguma ligeireza. “Se os EUA têm 50 estados e são o país mais poderoso do Mundo, então se o Iraque tiver 51 será ainda mais forte do que eles”. A fragmentação do Iraque em várias unidades políticas é uma possibilidade que decorre da guerra de 2003 e do despertar das rivalidades entre as várias comunidades iraquianas — contidas, durante décadas, pela lei do ditador.

Num artigo divulgado na quarta-feira, Charles Tripp, docente na Universidade de Londres, invoca o desaparecimento de Saddam para melhor caracterizar a conjuntura actual. “Como disse um iraquiano, ‘Os EUA livraram-se de um Saddam e substituíram-no por 50’. Para muita gente, negociar com os pequenos Saddams, com as suas milícias, centros de detenção, tribunais e impostos locais, tornou-se uma questão de vida. É o preço a pagar por segurança acrescida na comunidade, bairro ou rua”.

“Os Estados Unidos livraram-se de um Saddam Hussein e substituíram-no por 50”, diz-se no Iraque

O professor salienta a fraca autoridade das “instituições nacionais” e recorda que é sob a vigilância de autoridades locais que acontecem alguns dos mais bárbaros atentados aos direitos e liberdades. Só nos últimos três meses, por exemplo, cerca de 40 iraquianas foram mortas na região de Bassorá por usarem maquilhagem, não usarem o véu ou não observarem as leis decretadas pelas milícias locais.

A eficácia das tribos

No último balanço sobre a situação no Iraque, feito na semana passada, o Pentágono creditou grande parte do sucesso no combate à insurgência — os grandes ataques diminuíram 50% desde Março — aos ‘Conselhos do Despertar’, grupos tribais sobretudo sunitas. “É talvez um dos mais importantes desenvolvimentos de 2007. Foi uma decisão de cidadãos iraquianos para confrontar a Al-Qaeda e expulsá-la da vizinhança”, afirmou, na quarta-feira, Kevin Bergner, porta-voz das forças americanas. Para ele, a integração destes grupos locais na sociedade é um grande desafio para 2008.

“Eles querem ser reconhecidos como membros legítimos da sociedade. O governo do Iraque (de maioria xiita) tem de agarrar esta oportunidade”, acrescentou o general Rick Lynch, comandante da zona sul de Bagdade. Em causa estão compensações financeiras e a integração nas forças de segurança.

Em declarações ao “Expresso”, Glen Rangwala, professor no Trinity College da Universidade de Cambridge e autor do livro ‘O Iraque em Fragmentos: A Ocupação e o Seu Legado’, defendeu que a consolidação do Estado iraquiano depende não só da paz e estabilidade mas também da “reconciliação política, o que ainda não aconteceu”.

Para promover a confiança inter-sectária, o magnata da imprensa iraquiana, Fakhri Karim, organizou, há duas semanas, o casamento de 70 casais mistos, em Bagdade. Houve danças sunitas, curdas e xiitas, um cortejo pela capital, mas não os tradicionais disparos para o ar, por razões de segurança.

Artigo publicado no Expresso, a 29 de dezembro de 2007

“Terrorismo abriu nova frente em Argel”

Uma mulher é consolada no exterior do hospital Zmirli, em Argel, para onde foram levadas as vítimas de um massacre, a 23 de setembro de 1997. Esta foto, que ficou conhecida como “Madonna de Bentalha”, venceu o World Press Photo em 1998 HOCINE ZAOURAR / WORLD PRESS PHOTO

Entrevista a Bruce Riedel ex-agente da CIA e investigador nos Estados Unidos

Há meio ano, Bruce Riedel, antigo agente da CIA durante 29 anos, alertou, num artigo na revista “Foreign Affairs”, para as “oportunidades” que se abrem em África ao extremismo islâmico. Esta semana, em entrevista ao “Expresso”, este investigador da Brookings Institution (Washington) disse que os atentados na Argélia são a prova de que a organização de Osama bin Laden está em força às portas da Europa.

O terrorismo no Norte de África beneficia dos conflitos no Afeganistão e no Iraque?
O que vimos, esta semana, em Argel é uma indicação muito dramática de que a Al-Qaida abriu com sucesso uma nova frente da “jihad” global no Norte de África. Essa frente está a ser muito dirigida por Osama bin Laden e pelos seus comandantes a partir de bastiões ao longo da fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. A escolha de alvos, especialmente o ataque às Nações Unidas, demonstra que é a liderança de Bin Laden que está a tomar as decisões, uma vez que a ONU é um alvo da “jihad” global e não da “jihad” argelina. Nesse sentido, as movimentações da Al-Qaida estão a beneficiar muito da guerra, especialmente no Paquistão e no Afeganistão, que está a correr mal e que lhes está a proporcionar portos de abrigo para desencadearem operações e expandirem a “jihad” para o Norte de África. A guerra no Iraque também os beneficia no sentido de que fornece motivação e é um terreno para desenvolver e testar todos os tipos de novas técnicas.

Podemos então dizer que a seguir ao Afeganistão, ao Paquistão e ao Iraque, a Argélia é o país onde a Al-Qaida está mais activa?
Sim. Há mais de um ano, a liderança da Al-Qaida decidiu afectar recursos para tornar a Argélia a próxima frente da guerra. O objectivo visa não só desestabilizar a Argélia mas também criar uma base no seio da diáspora argelina para atacar a Europa Ocidental, sobretudo a França.

E porquê a França?
A maior comunidade magrebina na Europa está em França. O objectivo é usar a Al-Qaida para o Magrebe Islâmico e penetrar as comunidades argelina, marroquina e tunisina na Europa Ocidental, Portugal incluído. É preciso dizer que a esmagadora maioria dos magrebinos na Europa Ocidental são cidadãos honestos e moderados. A Al-Qaida procura uma pequena minoria para poder recrutar e usar na expansão da “jihad” para fora da Argélia e para dentro da Europa.

Como pode a Europa combater esta ameaça?
Os serviços secretos europeus estão muito concentrados neste problema. Para assegurar a derrota da Al-Qaida no Magrebe e impedir que se instale uma base forte na Argélia há que procurar formas de fortalecer as forças moderadas em Argel. Nos últimos anos, muitos esforços da União Europeia para fazer progredir o Processo de Barcelona foram sensatos. Provavelmente, são precisos mais meios. Uma política inteligente é apostar num Magrebe mais próspero para prevenir a expansão do extremismo islâmico. Outra é intensificar os esforços em redor do núcleo da Al-Qaida no Sul da Ásia, onde está o quartel-general da organização. Isto implica um papel mais forte da NATO no Afeganistão e pressão sobre o Paquistão para que acabe com a permissividade aos portos de abrigo.

Os Estados Unidos preocupam-se com o terrorismo no Norte de África?
Há uma preocupação considerável nos Estados Unidos, mas a Administração Bush afectou todos os recursos da luta contra o terrorismo na guerra do Iraque. Foi um erro nas prioridades porque por muito sério que seja o problema iraquiano não é lá que estão situados os quartéis-generais da Al-Qaida. O centro do movimento para a “jihad” global está no Paquistão e no Afeganistão. Os nossos recursos foram usados erradamente.

A captura de Osama bin Laden deveria ser a prioridade das prioridades?
Sem dúvida. Os ataques desta semana em Argel provam que ele é ainda uma força activa nesta “jihad” global. O comunicado do grupo que levou a cabo os atentados diz que eles seguem Osama bin Laden. Chamam-lhe “o nosso emir”.

DE CASABLANCA A ARGEL

16/05/2003 — Casablanca (Marrocos)
Cinco ataques suicidas contra um restaurante espanhol, um hotel de luxo e um centro judeu matam 45 pessoas.

11/04/2007 — Argel (Argélia)
Várias bombas matam 33 pessoas em ataques reivindicados pela Al-Qaida.

06/09/2007 — Batna (Argélia)
Um ataque suicida, antes de uma visita do Presidente Abdelaziz Bouteflika, mata 20 pessoas e fere 107.

08/09/2007 — Porto de Dellys (Argélia)
Um carro-bomba mata 37 pessoas nas casernas da guarda costeira.

11/12/2007 — Argel (Argélia)
Duas explosões matam 31 pessoas: uma bomba visou o Conselho Constitucional, a outra a representação das Nações Unidas.

(Foto: Pintura exposta no Museu Nacional do Mujahidin, em Argel MARGARIDA MOTA)

Artigo publicado no Expresso, a 15 de dezembro de 2007

“Não sei se alguém faz mais do que a Europa”

O comissário europeu para o Desenvolvimento considera que os Acordos de Parceria Económica são instrumentos fundamentais para África

IMAGEM EU REACH

O comissário europeu para o Desenvolvimento, Louis Michel, assina por baixo a proposta feita hoje na cimeira UE-África pelo Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, de continuação de negociações dos Acordos de Parceria Económica (APE) com os países africanos, ao longo de 2008.

“A proposta está sobre a mesa desde que começámos a discutir os acordos intercalares. Eles existem para proteger os países com rendimentos mais baixos”, afirmou Louis Michel ao Expresso.

O comissário europeu recorreu ao caso da Costa do Marfim para demonstrar a importância dos APE no futuro dos países africanos, após a entrada em vigor do novo regime comercial internacional, a 1 de Janeiro de 2008: “Se a Costa do Marfim não assinar, até ao final deste ano, um acordo bilateral com a UE relativamente ao seu mercado, perderá 750 milhões de euros de trocas comerciais o que será uma catástrofe”, acrescentou.

Em declarações aos jornalistas após a conferência de imprensa final, Durão Barroso realçou a importância dos APE para o futuro do continente negro: “Há 30 anos, a África contava mais no comércio do que hoje — a parte africana nas exportações mundiais era de 2,1% enquanto hoje é de 0,9%. Isto mostra que o sistema deve mudar, dando possibilidade aos nossos amigos africanos de criar integrações regionais”.

Para o presidente da Comissão, os países africanos “querem exportar sem nenhuma restrição para a Europa, mas mantêm-se fechados uns para os outros. Isto é muito negativo, porque não permite criar um mercado africano nem criar melhores condições para o investimento estrangeiro. A maior parte das economias africanas são ilhas, estão separados dos seus vizinhos. Estamos a tentar mudar esta situação”.

Ao Expresso, Louis Michel acrescentou que 2008 será também o ano para discutir APE “numa base regional”.

“Tentaremos convencer os nossos amigos africanos de que a nossa oferta é muito generosa por parte de uma potência industrial. Veja-se os Estados Unidos, que assinaram um acordo com um país em desenvolvimento da América Latina, que prevê a liberalização de 7% do mercado americano e de 70% desse país. Isto não é comparável ao que a Europa faz. Não sei se é possível fazer-se algo mais do que faz a Europa”.

Artigo escrito com Luísa Meireles.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 9 de dezembro de 2007. Pode ser consultado aqui

Como África viu a cimeira

O que os jornalistas africanos escreveram sobre a Cimeira UE-África

“O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, denunciou no domingo a ‘arrogância’ da União Europeia, e de quatro países europeus em particular (Alemanha, Suécia, Dinamarca e Holanda), que criticaram na cimeira UE-África a situação dos direitos humanos no seu país.”
Jeune Afrique, França

“A maioria dos líderes africanos rejeitaram no domingo os novos acordos comerciais exigidos pela União Europeia, dando um golpe nos esforços para forjar uma nova parceria económica na primeira cimeira UE-África em sete anos.”
Mail&Guardian, África do Sul

“Os líderes africanos que se reuniram em Lisboa, Portugal, para uma cimeira com os seus colegas da União Europeia, ontem, disseram que o seu objectivo não é a caridade, mas que os seus países sejam autorizados a tornar-se grandes jogadores na economia global.”
This Day, Nigéria

“A África continua à espera de ser considerado um continente soberano. Saberá a União Europeia transcender os seus preconceitos neocolonialistas para fundar com os seus vizinhos do Sul relações justas, equitativas e vantajosas para ambos.”
Liberté, Argélia

“Foi preciso esperar sete anos após a primeira cimeira do Cairo para ver os 70 chefes de Estado e de governo europeus e africanos que assistiram a esta segunda cimeira UE-África, em Lisboa, adoptar com satisfação a declaração de Lisboa que baliza com grande clareza e inteligência económica a nova relação de parceria estratégica entre estes dois continentes.”
La Tribune, Argélia

“O presidente da União Africana e chefe de Estado do Gana, John Kufuor, disse ontem que a Europa deve aproveitar a cúpula bilateral de Lisboa para ‘corrigir a injustiça histórica’ que significou a escravidão e o colonialismo.”
Jornal de Angola, Angola

“Um Robert Mugabe desafiador disse aos líderes da União Europeia, no domingo, que não recebe lições sobre como governar o Zimbabwe, respondendo à chanceler alemã e a outros líderes europeus que o acusaram de ignorar os Direitos Humanos. Mugabe ergueu o punho em desafio, sorrindo abertamente, quando a Reuters lhe perguntou qual a mensagem que queria enviar à Europa no segundo e último dia da cimeira UE-África.”
Reuters, África do Sul

“O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, recebeu tratamento completo de passadeira vermelha quando se encontrou com os líderes europeus, antes de ser acusado de ignorar os direitos humanos.”
Harare Post, Zimbabwe

“As discussões da segunda cimeira dos líderes europeus e africanos terminou em Lisboa, no domingo, com o foco no Presidente senegalês Abdullah Wade por ter dito: ‘Vou opor-me a estes acordos… nenhum país africano pode resistir ao levantamento das barreiras comerciais e aos subsequentes efeitos adversos nos ‘orçamentos’ dos países africanos.”
African Press Agency, Costa do Marfim

“O primeiro-ministro José Maria Neves, que representou Cabo Verde, considera que a cimeira ultrapassou as suas expectativas. ‘Deu para sentir que a cimeira decorreu num espírito aberto, as questões foram discutidas com frontalidade, mas deu para sentir também que há uma mudança profunda em África, que está a crescer um outro tipo de discussão e abordagem dos próprios dirigentes africanos em matéria de desenvolvimento do continente. Infelizmente, ainda há um certo preconceito quando o assunto é África.”
A Semana online, Cabo Verde

Artigo escrito com Cristina Peres e Luísa Meireles.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 9 de dezembro de 2007. Pode ser consultado aqui

Uma das cimeiras mais importantes de sempre

Espanha está a investir em África como nunca na sua história. A pensar no desenvolvimento do continente negro mas sobretudo na contenção dos fluxos migratórios ilegais

ILUSTRAÇÃO DO CENTRO MULTIMÉDIA DO PARLAMENTO EUROPEU

José Luis Rodríguez Zapatero qualificou a reunião UE-África de Lisboa “uma das cimeiras mais importantes da história da União Europeia”, considerando que a aposta da Europa no desenvolvimento do continente africano confere-lhe “grandeza política e ética”.

O presidente do governo espanhol afirmou ainda que a Espanha está a apoiar o desenvolvimento de África “como nunca na sua história”, tendo triplicado as ajudas à cooperação — de 500 milhões de euros passou para 1500 milhões de euros em 2008. “É talvez o país europeu e ocidental que mais esforço fez em menos tempo em relação a África relativamente ao cumprimento dos Objectivos do Milénio”.

Zapatero referiu ainda que “a imigração ilegal é um grande fracasso colectivo” e anunciou que propôs aos governantes dos dois continentes a celebração de “um grande acordo Europa-África no sentido de combater a imigração ilegal”. E deu como exemplo a seguir a estratégia espanhola que passa pela reordenação dos fluxos migratórios legais e pelo incremento das possibilidades de emprego nos países africanos.

Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 9 de dezembro de 2007. Pode ser consultado aqui