Os Acordos de Parceria Económica celebrados entre a UE e os países menos desenvolvidos são exagerados, denuncia uma ONG britânica. A prosperidade de muitos Estados pode estar em causa

A pensar no mercado uniformizado segundo as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), que entrará em vigor já a partir de 1 de Janeiro de 2008, a Oxfam lançou um alerta à margem dos trabalhos da cimeira UE-África: “Os acordos interinos de comércio celebrados entre a União Europeia e alguns dos países mais pobres do mundo situados em África, Caraíbas e Pacífico (ACP) vão minar a integração regional e prejudicar a sua prosperidade”, disse em comunicado esta organização não-governamental britânica.
Até ao momento, 15 países ACP — entre os quais 13 africanos — já começaram a aplicar os Acordos de Parceria Económica (APE) celebrados com a União Europeia no sentido de verem compensadas, através de programas de ajudas, os sectores mais afectados pela entrada em vigor da tabela OMC.
Um dos países africanos em causa é a Costa do Marfim que, segundo critérios das Nações Unidas, tem a esperança de vida mais baixa do continente africano. Jomanhon Affia Nadege, uma dirigente juvenil marfinense de 26 anos que participou na Cimeira da Juventude que terminou na sexta-feira em Lisboa, deu conta ao Expresso das suas preocupações nesta capítulo: “O que eu quero da Europa é um quadro de trocas com África que tenha em conta as realidades de cada país africano. Cada país tem uma realidade própria, problemas próprios, há países em crise, há países que sofrem com o flagelo da sida, etc. É necessário adaptar as políticas a essas realidades”, diz a jovem marfinense.
Segundo a Oxfam, os APE são, de uma forma exagerada, “amplos” e “apertados”. Um exemplo: dentro de 15 anos, os países em desenvolvimento estão obrigados a remover as tarifas alfandegárias sobre 97% das importações provenientes da Europa. “Queremos a reciprocidade entre duas entidades idênticas”, continua Jomanhon. “Mas enquanto não formos iguais, esta situação é um pouco desumana”.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de dezembro de 2007. Pode ser consultado aqui