ETA ‘entra’ na campanha

Um artefacto explodiu ontem junto a uma sede socialista no País Basco. Não houve vítimas, mas a ETA já veio hoje reivindicar o atentado, demonstrando que continua activa. Reportagem no País Basco

“ETA não”, pede-se num edifício de Bilbau MARGARIDA MOTA

A organização terrorista basca ETA reivindicou a explosão, hoje de madrugada, de um artefacto junto à Casa do Povo de Derio, onde funciona a sede do Partido Socialista Basco. O ataque apenas provocou estragos, uma vez que foi antecipado por uma chamada telefónica para o 112, em nome da ETA, alertando para a iminência da explosão, o que possibilitou a evacuação do local.

A confirmar a operacionalidade da ETA, a Confederação Empresarial Basca (Confebask) anunciou ontem que vários empresários bascos receberam novas cartas de extorsão enviadas pela organização terrorista, exigindo o pagamento do chamado “imposto revolucionário”. A Confebask diz que esta prática chantagista tem sido uma constante nos últimos meses.

Artigo publicado no Expresso Online, a 29 de fevereiro de 2008. Pode ser consultado aqui

Pesos-pesados sobem ao palco

Perante as sondagens que continuam renhidas, PP e PSOE começaram a jogar os seus principais trunfos. Felipe González e José Maria Aznar entraram ontem em campanha

A pouco mais de uma semana das eleições em Espanha, os dois principais partidos fizeram subir ao palco das acções de campanha dois dos seus mais destacados senadores  os ex-Presidentes de Governo Felipe González e José Maria Aznar.

Ontem à noite, num mitin do PSOE em Málaga, Felipe González acicatou ainda mais os ânimos ao acusar Mariano Rajoy de ser um imbecil por se considerar mais moderado e razoável do que Zapatero. Aznar, por sua vez, surgiu num comício do PP nas Astúrias, tendo previstas mais duas intervenções públicas até ao final da campanha, em Madrid (dia 1) e Múrcia (dia 4).

Segundo a última sondagem, divulgada hoje de manhã, o PSOE de Zapatero lidera as intenções de voto com 44,1%. O PP de Rajoy segue nos calcanhares com 38,8%.

Artigo publicado no Expresso Online, a 29 de fevereiro de 2008. Pode ser consultado aqui

Recados para Zapatero

O candidato socialista foi recebido em ambiente de verdadeira apoteose no Centro de Exposições de Bilbau. Os apoiantes pediram-lhe mais agressividade no próximo embate com Mariano Rajoy. Reportagem no País Basco

José Luis Rodríguez Zapatero discursa no Centro de Exposições de Bilbau, a 27 de fevereiro de 2008 MARGARIDA MOTA

Se o resultado das eleições em Espanha estivesse dependente do aparato à volta dos candidatos, pelo menos em Bilbau Zapatero ganhava a Rajoy de goleada. O candidato socialista passou por esta cidade basca no dia seguinte à visita do líder popular e a diferença foi abismal: Rajoy fez a festa num teatro discreto, sem medidas de segurança aparatosas nem entraves à circulação do público; os socialistas, por seu turno, assentaram arraiais no imponente Centro de Exposições de Bilbau, os jornalistas eram rigorosamente identificados e o público atropelava-se, tal era a afluência.

No uso da palavra, Zapatero pediu aos bascos o voto para poder acabar definitivamente com a ETA. Mas direccionou sobretudo as baterias para Mariano Rajoy, não poupando o candidato popular a cada assunto que ia introduzindo no seu discurso: imigração, violência de género, política social…

A dada altura, Zapatero invoca o debate da passada segunda-feira para confidenciar: Alguns camaradas nossos perguntaram-me: Porque é que não foste mais duro no debate? Os milhares de simpatizantes que o escutavam não o deixaram terminar o raciocínio, gritando: Sim, sim! Os socialistas querem que Zapatero recorra à mesma arma que fez Rajoy sobressair no primeiro duelo. É que se esse cara-a-cara foi o quarto programa mais visto de sempre da televisão espanhola só batido pelo Festival Eurovisão 2002 e por duas finais da Champions envolvendo equipas espanholas , o debate da próxima segunda-feira poderá bater recordes e ser determinante para a eleição do próximo Presidente do Governo de Espanha.

Artigo publicado no Expresso Online, a 28 de fevereiro de 2008. Pode ser consultado aqui

“Com Rajoy e contra a ETA”

Num comício realizado no País Basco, Mariano Rajoy reafirmou a sua recusa em negociar com a ETA. Numa região predominantemente nacionalista, os simpatizantes do PP sentem-se amedrontados pela organização. Reportagem no País Basco

Apelos à abstenção nas ruas de Bilbau, País Basco MARGARIDA MOTA

Vinte e quatro horas após o histórico debate entre os dois principais candidatos à chefia do governo espanhol, Mariano Rajoy deslocou-se ao País Basco para uma acção de campanha, não evitando o tema mais sensível naquele território autonómico. Não negociarei com terroristas nunca, afirmou o líder do Partido Popular (PP) perante cerca de 1500 pessoas que esgotavam, na terça-feira à noite, o Teatro Ayala, em Bilbau.

As palavras de Rajoy soaram que nem música aos ouvidos de Dolores, que seguia o discurso do líder popular no corredor adjacente ao anfiteatro, onde já não cabia nem mais uma agulha. Estou muito emocionada por estar aqui, é tão difícil virmos a estas coisas… No País Basco, é problemático expressarmos as nossas ideias, sinto-o no meu dia-a-dia…, confidenciava ela, enquanto aplaudia as palavras de Rajoy como que se estivesse na primeira fila.

Para esta basca de 45 anos, a ETA continua a ser uma forte ameaça ao quotidiano dos cidadãos e, contrariamente ao que o governo espanhol quer fazer crer, não está mais débil. Muito pelo contrário, a ETA aproveitou-se da trégua para se rearmar, denuncia Dolores.

Politicamente minoritária numa região que é predominantemente nacionalista, Dolores afirma-se basca, espanhola e europeia: Vou votar em Rajoy porque é um homem honesto, ama a Espanha e quer a unidade de Espanha, conclui.

Artigo publicado no Expresso Online, a 27 de fevereiro de 2008. Pode ser consultado aqui