Num comício realizado no País Basco, Mariano Rajoy reafirmou a sua recusa em negociar com a ETA. Numa região predominantemente nacionalista, os simpatizantes do PP sentem-se amedrontados pela organização. Reportagem no País Basco

Vinte e quatro horas após o histórico debate entre os dois principais candidatos à chefia do governo espanhol, Mariano Rajoy deslocou-se ao País Basco para uma acção de campanha, não evitando o tema mais sensível naquele território autonómico. “Não negociarei com terroristas nunca”, afirmou o líder do Partido Popular (PP) perante cerca de 1500 pessoas que esgotavam, na terça-feira à noite, o Teatro Ayala, em Bilbau.
As palavras de Rajoy soaram que nem música aos ouvidos de Dolores, que seguia o discurso do líder popular no corredor adjacente ao anfiteatro, onde já não cabia nem mais uma agulha. “Estou muito emocionada por estar aqui, é tão difícil virmos a estas coisas… No País Basco, é problemático expressarmos as nossas ideias, sinto-o no meu dia-a-dia…”, confidenciava ela, enquanto aplaudia as palavras de Rajoy como que se estivesse na primeira fila.
Para esta basca de 45 anos, a ETA continua a ser uma forte ameaça ao quotidiano dos cidadãos e, contrariamente ao que o governo espanhol quer fazer crer, não está mais débil. “Muito pelo contrário, a ETA aproveitou-se da trégua para se rearmar”, denuncia Dolores.
Politicamente minoritária numa região que é predominantemente nacionalista, Dolores afirma-se basca, espanhola e europeia: “Vou votar em Rajoy porque é um homem honesto, ama a Espanha e quer a unidade de Espanha”, conclui.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 27 de fevereiro de 2008. Pode ser consultado aqui