O número de mortos não pára de aumentar: em 12 dias já morreram quase 700 pessoas em Gaza, entre as quais 220 crianças. Israel quer punir o Hamas, mas os civis não estão a salvo

A guerra na Faixa de Gaza pode estar para durar. Na quarta-feira, os doze ministros que compõem o gabinete de segurança de Israel aprovaram a continuação da operação militar naquele território palestiniano. Depois dos bombardeamentos aéreos e da incursão terrestre, está agora em causa uma terceira fase que passa pela penetração nas zonas mais populosas.
Ao 12º dia da incursão israelita, Gaza é uma cidade sitiada pelos tanques israelitas. Na quarta-feira, um cessar-fogo de três horas, que Israel decretou por razões humanitárias, permitiu a entrada no território de 80 camiões com mantimentos e combustível industrial. As populações formaram fila para se abastecer e as organizações humanitárias aproveitaram a aberta para socorrer os necessitados. Israel diz que apenas quer punir o movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, mas as agências humanitárias denunciam uma crise “total”. Desde o início da operação, já terão morrido 693 palestinianos, entre os quais 220 crianças.
Na terça-feira, o bombardeamento de uma escola gerida pela ONU, no campo de refugiados de Jabalia, perto de Gaza, resultou na morte de cerca de 40 pessoas. Centenas de pessoas tinham procurado segurança à sombra da bandeira da ONU. Cerca de 1,5 milhões de palestinianos estão impedidos de sair do território. Inversamente, muitos jornalistas acumulam-se no lado israelita da fronteira, proibidos de entrar na Faixa de Gaza. De longe, os repórteres vão dando conta do barulho da guerra, designadamente das sirenes de alerta nas cidades israelitas mais próximas da fronteira que apitam sempre que o Hamas dispara mais um roquete a partir de Gaza.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 7 de janeiro de 2009. Pode ser consultado aqui