Genocida do Cambodja responde em tribunal

Entre 1975 e 1979, um quarto da população do Cambodja foi executado pelo regime de Pol Pot. O primeiro acusado começou hoje a ser julgado

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Começou hoje, em Phnom Penh, o julgamento de um dos principais líderes do genocídio de 1,7 milhões de cambodjanos, perpetrado pelo regime maoísta de Pol Pot (1975-1979). Kaing Guev Eav, um professor de Matemática conhecido por “Duch”, dirigiu o centro de tortura instalado na escola de Tuol Sleng, onde, à sua ordem, terão sido interrogadas, torturadas e executadas pelo menos 15 mil pessoas.

Durante 40 meses, a câmara de tortura de “Duch” exterminou a classe intelectual cambodjana, atingindo diplomatas, monjes budistas, engenheiros, médicos, professores, estudantes e artistas. Só seis saíram de lá com vida.

Numa entrevista ao diário espanhol “El País”, publicada a 10 de Fevereiro de 2008, o genocida explicou o modus operandi: “Os khmeres vermelhos tinham estudado na Sorbonne, em Paris, não eram salvagens incultos. Mas em Tuol Sleng havia uma convicção difundida e tácita, e não eram precisas indicações por escrito. Eu, e todos os outros que lá trabalhavam, sabíamos que quem entrava ali devia ser destruído psicologicamente, eliminado de uma forma progressiva. Não havia escapatória possível. Nenhuma resposta servia para evitar a morte”.

Para além de “Duch”, hoje com 66 anos, mais quatro acusados serão levados à barra deste tribunal patrocinado pelas Nações Unidas: Nuon Chea (82 anos), o número dois da hierarquia khmer liderada por Pol Pot (falecido em Abril de 1998); Ieng Sary (83 anos), vice primeiro-ministro e ministro dos Assuntos Exteriores; a sua esposa Ieng Thirit (76), detentora da pasta de Assuntos Sociais; e Khieu Samphan (77), que foi presidente do Kampuchea Democrático, o nome oficial do país sob a liderança khmer.

Dos cinco acusados, apenas “Duch” admitiu a sua culpabilidade nas atrocidades cometidas em Tuol Sleng.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 17 de fevereiro de 2009. Pode ser consultado aqui

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