Contrariamente ao Golfo de Aden, no lado oposto da Península Arábica não há piratas. A Marinha de Omã é soberana na monitorização do tráfego marítimo. Reportagem em Omã
Se, nos dias que correm, o Golfo de Aden tornou-se uma armadilha para a marinha mercante que percorre o Mar Vermelho, é legítimo questionar por que razão o fenómeno da pirataria não se repete no Golfo Pérsico, no lado oposto da Península Arábica. “Provavelmente, porque Aden não é longe da Somália”, responde Said bin Khalfan Al-Harthy, assessor no Ministério da Informação, em entrevista ao “Expresso”. “Julgo que a pirataria não é um problema crónico. Pode ser ultrapassado, mas os países envolvidos nesta ameaça têm de colaborar, têm de ir à raiz do problema”, diz. Ou seja, enfrentar a situação que se vive na Somália, um Estado em progressiva desagregação.
Em matéria de navegação, os omanitas sabem do que falam. “Nós somos um dos guardiães do Estreito de Ormuz”, continua Al-Harthy. De frente para o Irão, a Península de Musandam — território omanita encrostado nos Emiratos Árabes Unidos — penetra no mar e afunila a passagem dos petroleiros que descem o Golfo Pérsico. No Estreito, cabe à Marinha Real de Omã a monitorização do trânsito e a segurança dos petroleiros.
Ao dominar Ormuz, Omã domina uma das rotas comerciais marítimas mais antigas e mais importantes do mundo. Os portugueses perceberam-no no século XVI e os Estados Unidos mais recentemente… Na Península de Musandam, está instalada uma base militar norte-americana.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 1 de maio de 2009. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.