As alfinetadas do Presidente turco

Abdullah Gul desvaloriza as objecções da França e da Alemanha em relação à adesão da Turquia à União Europeia. E ouviu de Cavaco Silva o “apoio inequívoco” português. Reportagem na Turquia

Abdullah Gul no uso da palavra, na conferência de imprensa conjunta com o homólogo português, em Ancara MARGARIDA MOTA

Por estes dias, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy são dos rostos mais odiados pelos europeístas turcos. Por motivos eleitoralistas, denuncia a imprensa turca, fazendo alusão às eleições de 7 de Junho para o Parlamento Europeu, “os líderes da Alemanha e da França permanecem unidos contra a Turquia”, noticia hoje o “Today’s Zaman”.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro que manteve, esta manhã, com Cavaco Silva, o Presidente da Turquia, Abdullah Gul, comentou as objecções franco-alemãs à plena adesão turca à União: “A Turquia começou as negociações para a entrada na UE e os líderes que assinaram esse acordo ainda estão lá… A Turquia só depende da decisão jurídica da Comissão e do Conselho. Os políticos chegam, passam, falam e, às vezes, por falta de visão dizem coisas diferentes, mas a Turquia não vai depender disso. Vamos continuar com as nossas reformas”, referiu.

Por sua vez, Cavaco Silva salientou, mais uma vez, “o apoio inequívoco” de Portugal à adesão turca. E mostrou-se esperançado quanto a uma evolução positiva da questão: “Nos últimos dias, surgiram notícias muito positivas. A próxima presidência da União Europeia, a Suécia, produziu uma declaração de apoio inequívoco à adesão plena da Turquia. Por outro lado, o Senado checo aprovou o Tratado de Lisboa [dos 27 Estados membros, falta apenas a Irlanda ratificar]. E este tratado cria condições mais favoráveis para o alargamento da União”, disse.

Na Turquia, não passa despercebido o facto de Cavaco Silva ser o sobrevivente dos líderes europeus que, a 7 de Fevereiro de 1992, assinaram o Tratado de Maastricht — que instituiu a União Europeia. Em reconhecimento a essa estatura política, o Presidente discursará esta tarde, e em português, na Grande Assembleia Nacional.

Nos últimos 20 anos, só quatro chefes de Estado mereceram esta honraria — o último dos quais Barack Obama, no mês passado.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 12 de maio de 2009. Pode ser consultado aqui

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