O Presidente chegou a Istambul para cumprir dois dias de visita. Com o Estreito do Bósforo no horizonte, Cavaco continuou a lançar pontes entre Portugal e a Turquia. Reportagem na Turquia

“Já esteve em Istambul? Vai adorar!” No único momento em que Cavaco Silva teve a iniciativa de vir ao encontro dos jornalistas que o acompanham na viagem oficial à Turquia, ainda durante a ligação aérea Lisboa-Ancara, foi desta forma que saudou o Expresso. Cavaco estivera na Turquia pela última vez há seis anos, a título particular, e ficara maravilhado com a riqueza do património histórico desta mega-cidade com cerca de 12 milhões de habitantes.
Ontem, a agenda da visita poupou Cavaco a encontros políticos e proporcionou-lhe uma visita à cidade pela qual se apaixonou. Na companhia da mulher — e em grande parte do tempo de mão dada com ela —, Cavaco visitou o Palácio Topkapi (que foi, durante 400 anos, a residência oficial dos sultões), seguiu para Haya Sofia (uma mesquita construída sobre duas igrejas) e descalçou os sapatos para entrar na Mesquita Azul, a única em todo o mundo com seis minaretes.
Escutou atentamente as explicações que lhe foram sendo dadas, fez muitas perguntas e despertou a curiosidade a milhares de turistas com que a comitiva se foi cruzando.
De permeio, apreciou a vista sobre o Estreito do Bósforo — um canal de 34 quilómetros que é a única via de acesso ao Mar Negro e onde é possível observar barcos de recreio, embarcações de pesca, grandes cargueiros, petroleiros e… submarinos.
Apontando para uma das duas pontes que ligam a parte europeia à parte asiática de Istambul, Cavaco afirmou: “É a demonstração de que a Turquia é a ponte entre dois continentes, a Europa e a Ásia. E nesse aspecto há uma certa ligação a Portugal, que também é ponta para a África e para a América. Este é um lugar simbólico que mostra a importância estratégica da Turquia”.
Desde o primeiro dia em solo turco que Cavaco ainda não parou de estabelecer paralelismos e afinidades entre a Turquia e Portugal, entre os turcos e os portugueses. À tarde, na Fundação Sabanci — propriedade de uma das famílias mais ricas da Turquia —, o Presidente inaugurou a exposição “Lisboa, Memórias de outra cidade”.
Pela terceira vez, o chefe de Estado turco, Abdullah Gul, esteve lado a lado com o Presidente português. Cavaco estabeleceu, então, mais uma ponte: “Lisboa e Istambul, duas cidades nos extremos ocidental e oriental do continente europeu, partilham paisagens e ambientes. A luz, a água, o cosmopolitismo, a cidade enquanto porto (e ponto) de cruzamento de culturas, civilizações, religiões e continentes, tudo isto Lisboa tem em comum com Istambul”. Na Turquia, Cavaco diz sentir-se “em casa”.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 14 de maio de 2099. Pode ser consultado aqui