Receita para a crise à moda do Dubai

A braços com uma dívida pública considerável, o Dubai prepara-se para privatizar os seus principais ativos. Reportagem nos Emirados Árabes Unidos

Arranha-céus a perder de vista, no Dubai MARGARIDA MOTA

A jóia dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não escapa à crise. O Dubai tem uma dívida que ronda os 110 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros) e, para fazer face às dificuldades, o governo do Dubai está a considerar um programa de privatizações das principais empresas do território.

Entre as candidatas à privatização está a Emirates Airline, a maior transportadora aérea do Médio Oriente, líder na compra de Airbus A380 (o maior avião comercial de passageiros da história). Estima-se que, este ano, a transportadora tenha lucros de mais de 1,4 mil milhões de dólares (mais de mil milhões de euros).

Outras empresas na mira são a Jumeirah (proprietária de sete hotéis no Dubai, entre os quais o Burj al-Arab, uma das imagens de marca do território), a DP World (líder regional na exploração de portos), a empresa da Água e da Electricidade e ainda a Dubai Alumínio.

Uma análise efetuada pelo jornal emirati “The National” conclui que assumindo que o governo continuará a controlar 51% do capital das empresas , este plano de privatizações poderá fazer reverter para os cofres públicos cerca de 20 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros).

A fatura da Fórmula 1…

Contrariamente ao emirado de Abu Dhabi, que controla 92% das reservas de petróleo e de gás do país — os EAU são o terceiro maior exportador mundial de crude —, o Dubai tem pouco petróleo (apenas 3% do PIB provém dos hidrocarbonetos). A sua economia depende sobretudo do turismo, transportes, construção, serviços financeiros e do comércio.

As notícias sobre um possível plano de privatizações no Dubai coincidem com rumores de que, também em Abu Dhabi, o governo pode ser chamado a atribuir uma ajuda financeira à Aldar Properties. A empresa líder no setor da construção — que presentemente é proprietária de mais de 50 milhões de metros quadrados de terra em Abu Dhabi — tem uma dívida superior a 2,7 mil milhões de dólares (mais de 2000 milhões de euros) e viu as suas vendas diminuírem na sequência da crise financeira global.

Marina adjacente ao circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi MARGARIDA MOTA

Entre os principais projetos da Aldar estão a Ilha Yas, onde se localiza o circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi (inaugurado em 2009) e o Ferrari World, o maior parque temático interior do mundo, que abriu portas no mês passado. Fonte governamental citada pelo jornal The National refere que a assistência financeira à Aldar deverá chegar sob a forma de um empréstimo a 25 anos.

Artigo publicado no Expresso Online, a 20 de dezembro de 2010. Pode ser consultado aqui

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