Nove militares mortos

Um ataque suicida contra uma base no leste do Afeganistão matou cinco soldados da ISAF, quatro afegãos e expôs as vulnerabilidades do processo de formação das forças de segurança nacionais. Reportagem no Afeganistão

Cinco militares da NATO e quatro outros afegãos morreram hoje num atentado suicida contra a base militar de Gamberi, na província de Laghman, no leste do Afeganistão.

O “kamikaze” envergava o uniforme do Exército Nacional Afegão (ANA) e fez-se detonar cerca das 7.30h locais, junto ao portão da base afegã.

Trata-se do pior ataque sofrido pela Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) este ano, às mãos de um único suicida. Quatro tradutores afegãos ficaram igualmente feridos. A ISAF não revelou as nacionalidades das vítimas estrangeiras.

Talibãs clamam vitória

Num comunicado divulgado por email, Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talibãs, reivindicou o atentado, acrescentando que o atacante era um “agente adormecido”, que servia nas fileiras do Exército desde há um mês.

As autoridades afegãs negam que o suicida fosse um soldado do ANA, apesar do uniforme que vestia aquando do ataque. O ministério afegão da Defesa anunciou a abertura de um inquérito para determinar se o suicida era um insurgente talibã vestido como um soldado afegão ou se integrava, na realidade, as forças de segurança do país.

Formar tropas para preparar a retirada

A formação das forças de segurança do Afeganistão é a grande prioridade da ISAF — e a principal missão do contingente português no território. O objetivo é dotar o país de 240 mil militares e 160 mil polícias até 2014, data em que, previsivelmente, as tropas internacionais retiram do teatro afegão.

Para candidatar-se ao exército, um afegão tem de provar a sua identidade e dar mostras da sua responsabilidade social. O candidato deve apresentar um cartão de identidade afegão (tazkera), emitido a nível regional; duas cartas de anciãos, atestando a identidade do recruta, a sua vontade em servir no Exército, bem como a sua responsabilidade para honrar a sua aldeia e tribo.

Sistema de identificação biométrico 

O processo inclui ainda informações pessoais (nome, nome do pai, nome da aldeia e duas fotos); registos criminais emitidos pelos Ministérios do Interior e da Defesa; um formulário com selo válido da autoridade recrutadora; exames médicos; exames ao consumo de narcóticos; e o registo biométrico, que é descarregado para um sistema automático de identificação biométrica.

Apesar deste exame minucioso, os insurgentes continuam a infiltrar-se nas forças de segurança com sucesso e a provocar baixas junto das forças internacionais. Desde o início do ano, já morreram 127 militares da ISAF.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de abril de 2011. Pode ser consultado aqui

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