Israelitas e palestinianos retomam o diálogo

O palestiniano Mahmud Abbas e o israelita Shaul Mofaz vão encontrar-se. Será a reunião ao mais alto nível dos últimos anos, mas ninguém promete o fim do impasse no processo de paz no Médio Oriente

O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, e o vice-primeiro-ministro israelita Shaul Mofaz reúnem-se no próximo domingo, naquele que será o encontro bilateral ao mais alto nível dos últimos anos.

O local do encontro não está ainda confirmado, falando-se em Jerusalém, Jericó ou Ramallah (as duas últimas cidades na Cisjordânia).

Fontes palestinianas esclarecem que o encontro não significa a retoma das negociações de paz, paralisadas desde setembro de 2010. Acrescentam que estas continuam dependentes da aceitação, por parte de Israel, das condições impostas pelo Presidente palestiniano, nomeadamente o congelamento da construção de colonatos.

Abbas e Mofaz encontram-se numa altura em que a situação no Egito (um ator crucial no diálogo israelo-palestiniano) está mais definida, após o anúncio da vitória do candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, nas presidenciais. E após as autoridades israelitas e as palestinianos se terem reforçado politicamente dentro de portas.

Vantagem para o ‘Mandela palestiniano’

Do lado israelita, recentemente, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Likud, de direita) reforçou a coligação no Governo com a entrada do partido Kadima (de centro, liderado por Shaul Mofaz), passando a garantir o apoio de 94 dos 120 deputados do Knesset (Parlamento).

No campo palestiniano, também Fatah e Hamas iniciaram conversações com vista à formação de um Governo de reconciliação nacional. Recorde-se que, desde 2007, a Fatah governa o território palestiniano da Cisjordânia e o Hamas controla a Faixa de Gaza.

Uma sondagem divulgada, hoje, pelo diário israelita “Haaretz” revela que, entre os palestinianos, quem lidera as preferências de voto para as eleições presidenciais (sem data marcada) é Marwan Barghouti. Tido como o líder da Intifada al-Aqsa (2000), Barghouti foi condenado por Israel a cinco penas de prisão perpétua. Chamam-lhe o “Mandela palestiniano”.

Barghouti derrotaria Mahmud Abbas (Fatah), cuja popularidade está em queda, rondando os 49%, e o líder do Hamas, Ismail Haniyah, apreciado por 44% dos inquiridos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 27 de junho de 2012. Pode ser consultado aqui

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