Assad ganha na ONU e surge na TV síria

O Conselho de Segurança da ONU falhou a aprovação de sanções ao Governo sírio. Russos e chineses temem uma intervenção externa, como aconteceu na Líbia

Rússia e China vetaram, hoje à tarde, no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CS), um projeto de resolução proposto pelo Reino Unido que ameaçava diretamente o Governo sírio com sanções.

Onze países votaram a favor (incluindo Portugal) e dois abstiveram-se (Paquistão e África do Sul). Foi a terceira resolução vetada por russos e chineses, em defesa do regime de Bashar al-Assad.

A resolução dava um ultimato de dez dias ao Presidente sírio para que aplicasse o plano de paz mediado por Kofi Annan (enviado da ONU e da Liga Árabe) e aceite por Assad há três meses.

Intervenção externa na forja?

“O projecto de resolução que foi votado era tendencioso”, afirmou o embaixador russo Vitayy Churkin. “A ameaça de sanções foi feita exclusivamente ao Governo da Síria, e não reflete a realidade atual do país. É especialmente ambígua à luz do que aconteceu (ontem) com o grave atentado terrorista que tomou lugar em Damasco”, acrescentou.

O homólogo britânico, William Hague, afirmou que o agravamento da crise confirmou “a necessidade urgente de uma resolução do Conselho de Segurança ao abrigo do Capítulo VII da Carta da ONU”.

O Capítulo VII permite que os 15 membros do CS autorizem ações que vão desde sanções económicas e diplomáticas à intervenção militar.

Os EUA esclareceram que a resolução proposta previa apenas sanções e não qualquer intervenção militar, mas russos e chineses acreditam que aprovar a resolução seria viabilizar a repetição de um cenário “à líbia.”

“Não podemos aceitar um documento subordinado ao Capítulo VII”, disse o embaixador russo, justificando o veto de Moscovo. “Abriria o caminho a um envolvimento externo armado nos assuntos internos sírios.”

Assad deu sinais de vida

Paralelamente, a televisão nacional síria divulgou imagens do Presidente sírio, as primeiras desde o atentado de ontem. Bashar al-Assad apareceu na cerimónia de tomada de posse do novo ministro da Defesa, general Fahad Jassim al-Freij. Não foi divulgado o local onde a cerimónia decorreu.

Entretanto, os combates continuam em Damasco, pelo quinto dia consecutivo. Esta amanhã acercaram-se da sede do Conselho de Ministros.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 19 de julho de 2012. Pode ser consultado aqui

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