Aumentam as vozes, entre os governantes internacionais, que vaticinam a queda iminente de Bashar al-Assad. No terreno, os rebeldes investem sobre Alepo, a maior cidade e capital comercial da Síria
“Bashar al-Assad vai cair, é uma questão de tempo”, afirmou hoje o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, em entrevista à televisão France 2.
O governante disse ainda que a França rejeita qualquer tipo de impunidade para o Presidente da Síria. “A Liga Árabe fez essa proposta, mas penso que, a longo prazo, todos os ditadores devem pagar pelos seus crimes.”
Fabius recordou que, desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011, “20 mil pessoas foram mortas”, na Síria. “Para Assad e para outros ditadores, não haverá impunidade”, concluiu.
Transição como no Iémene
Em curso, poderá estar já um processo negocial tendo em vista a saída de Bashar al-Assad do poder.
George Sabra, porta-voz do Conselho Nacional Sírio (que concentra os grupos anti-regime), afirmou hoje à agência noticiosa AFP que a oposição “poderá aceitar o afastamento de Assad e a transferência de poderes para uma figura do regime, o qual iria liderar um período de transição como o que aconteceu no Iémene.”
Sabra esclareceu também que, neste momento, a prioridade é “acabar com os massacres e proteger os civis, e não julgar Assad”.
Alepo a ferro e fogo
Na semana passada, os combates concentraram-se na capital, Damasco, onde um atentado suicida no interior da sede do aparelho de Segurança Nacional que pôs em evidência as fragilidades do regime.
Desde sexta-feira que, segundo a Al-Jazeera, está em curso uma ofensiva rebelde pelo controlo da Cidade Velha de Alepo (património mundial da UNESCO).
Situada no norte, Alepo é a maior cidade (com mais de dois milhões de habitantes) e a capital comercial da Síria. Um motim na prisão da cidade, reprimido com armas de fogo e gás lacrimogéneo, resultou na morte de 15 detidos.
Armas de destruição maciça na fronteira
Nabil Elaraby, secretário-geral da Liga Árabe, afirmou hoje que o regime de Assad tem “os dias contados”. No mesmo sentido, também o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a rebelião contra o Presidente está “mais próxima da vitória do que nunca”.
Erdogan avisou também que a Turquia responderá a qualquer hostilidade com origem na Síria. Segundo um comunicado divulgado hoje pelo Exército Sírio Livre (rebelde), o Governo sírio deslocou armas químicas e biológicas para aeroportos situados junto às fronteiras. Damasco diz tratar-se de uma medida de “auto-defesa”, prevenindo a eventualidade de uma “agressão externa”.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 24 de julho de 2012. Pode ser consultado aqui