ONU reconhece o Estado da Palestina

Assembleia Geral da ONU aprovou o estatuto de Estado observador não-membro para a Palestina. Apenas nove países votaram contra

A Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu hoje a Palestina como Estado observador não membro. Até agora, os palestinianos tinham o estatuto de “entidade observadora não-membro”.

Dos 193 países membros da ONU, 138 votaram a favor (incluindo Portugal), 41 abstiveram-se e apenas nove votaram contra. Foram eles Israel, Estados Unidos, Canadá, República Checa, Panamá, Ilhas Marshall, Nauru, Palau e Micronésia.

“Esta votação expressiva traduz o reconhecimento da solução de dois Estados como a única via para a paz, segurança e prosperidade dos povos palestiniano e israelita, e para a estabilidade da região”, reagiu o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, numa nova divulgada pelo ministério.

“Para a concretização desta solução as partes deverão retomar agora as negociações de paz.”

O Governo de Lisboa, acrescenta, saúda os palestinianos e manifesta “o apoio de Portugal à construção de um Estado Palestiniano independente, viável e soberano, vivendo lado a lado, em paz e segurança, com o Estado de Israel”.

O novo estatuto permite aos palestinianos aderirem às agências especializadas da ONU e intentarem processos contra Israel no Tribunal Penal Internacional.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 29 de novembro de 2012. Pode ser consultado aqui

 

Cessar-fogo vinga e anima economia em Gaza

Os pescadores estão de regresso à faina e muitos agricultores voltaram às suas terras junto à fronteira com Israel. Mas a trégua na Faixa de Gaza ainda é frágil

Uma semana após a entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que hoje se assinala, a economia da Faixa de Gaza dá mostras de dinamismo como não se via há anos.

Dos termos da trégua consta o alívio do bloqueio económico decretado por Israel que está a permitir aos pescadores locais navegarem em águas mais afastadas da costa, mais profundas e mais abundantes em peixe.

A retoma económica não se faz sem dificuldades e hoje a marinha israelita deteve dois barcos, acusando os pescadores de terem ultrapassado os limites estabelecidos por Israel. Os pescadores foram levados para o porto mediterrânico de Ashdod para serem questionados.

Importar em vez de pescar

No âmbito dos Acordos de Oslo — os últimos acordos de paz celebrados entre israelitas e palestinianos, em 1993 —, os pescadores de Gaza tinham direito a pescarem até 20 milhas náuticas (36 km). Em 2002, com a segunda Intifada palestiniana em curso, essa distância foi reduzida para 12 milhas (22 km).

A situação dos pescadores complicou-se em 2006, após o Hamas ter raptado o soldado israelita Gilad Shalit. Em retaliação, Israel reduziu a área de pesca para seis milhas (11 km) e, em 2009, para três milhas (5 km), na sequência da operação israelita Chumbo Fundido em Gaza.

A sobre-exploração das águas junto à costa levou milhares de palestinianos a abandonarem o ofício. Para garantirem o sustento das suas famílias, a alternativa passou por comprar peixe ao Egito para vendê-lo em Gaza.

Trégua frágil

O levantamento de restrições económicas está a beneficiar igualmente muitos agricultores, anteriormente privados de fazerem a lavoura em terras de que são proprietários junto à fronteira com Israel.

O acordo de cessar-fogo prevê ainda o levantamento de restrições à circulação de pessoas e bens bem como de barreiras às exportação e importações de e para Gaza. Israel sempre justificou o bloqueio por terra, mar e ar à Faixa de Gaza com razões de segurança.

Entre os palestinianos de Gaza, várias manifestações têm-se sucedido junto à vedação que separa os dois territórios. Na sexta-feira passada, um manifestante foi morto por fogo disparado pelas forças israelitas, a sul de Khan Yunis. 

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 28 de novembro de 2012. Pode ser consultado aqui

Netanyahu telefona a Passos para justificar ofensiva de Israel

O chefe do Governo de Israel ligou hoje para o primeiro-ministro português para o informar da situação da guerra entre Israel e Gaza. Benjamin Netanyahu telefonou ainda a mais seis governantes europeus

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, recebeu hoje um telefonema do seu homólogo israelita, Benjamin Netanyahu, sobre a ofensiva que Israel está a levar a cabo, desde quarta-feira, contra a Faixa de Gaza.

Na sua página oficial do Facebook, Netanyahu revela o telefonema adiantando que comunicou a Passos Coelho que “nenhum país do mundo pode tolerar que a sua população viva sob a ameaça constante de mísseis”.

Benjamin Netanyahu diz ainda que telefonou igualmente aos primeiros-ministros do Reino Unido, David Cameron, da Polónia, Donald Tusk, e da Bulgária, Boyko Borissov. E acrescenta que espera continuar as suas conversações com os líderes mundiais nos próximos dias.

O primeiro-ministro israelita já tinha telefonado, também hoje, à chanceler Angela Merkel, ao chefe do Governo italiano Mario Monti, e aos seus homólogos da Grécia Antonis Samaras e da República Checa Petr Necas.

“Durante a sua conversa com a chanceler alemã Merkel, o primeiro-ministro disse que nenhum país do mundo poderá estar de acordo com uma situação em que a sua população viva sob a ameaça constante de mísseis”, adiantara horas antes Israel, na página oficial do gabinete de Benjamin Netanyahu.

Barack Obama foi o primeiro chefe de Estado a quem Netanyahu telefonou, na quarta-feira à noite. O governante israelita expressou o seu “profundo apreço pelo apoio do Presidente Obama ao direito de Israel se defender”.

Obama e Netanyahu falaram-se ontem, pela segunda vez desde o início da crise. O israelita agradeceu o apoio dos EUA na compra de baterias usadas no escudo antimíssil (Cúpula de Ferro) com que Israel se está a defender dos ‘rockets’ disparados pelo Hamas desde Gaza. 

Artigo escrito com Anabela Natário.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 17 de novembro de 2011. Pode ser consultado aqui