O ex-Presidente do Tribunal Constitucional egípcio tomou posse como Presidente interino. EUA e UE apelam a um processo democrático célere e inclusivo
Adly Mansour tomou posse hoje de manhã, escassas horas após Mohamed Morsi ter sido afastado pelos militares da presidência do Egito. O novo Presidente interino era, desde 1 de julho, presidente do Tribunal Constitucional.
Num breve discurso, Mansour saudou o Exército, a magistratura e a polícia e elogiou os órgãos de informação egípcios por “iluminarem o caminho da nação e descobrirem as falhas do regime anterior”.
Mansour homenageou ainda os jovens e todas as forças revolucionárias que participaram no “glorioso dia 30 de junho” — quando os opositores a Morsi saíram às ruas naquela que foi considerada a maior manifestação da história do Egito.
Nascido no Cairo, em 1945, Mansour presidiu às audiências constitucionais, em 2012, que rejeitaram a chamada lei do “isolamento político”, que proibia que membros do regime de Hosni Mubarak se apresentassem em eleições. Esta posição viabilizou a candidatura de Ahmed Shafiq, ex-primeiro-ministro de Mubarak, às presidenciais, onde, na segunda volta, seria derrotado por Morsi.
EUA e UE reagem com cautela
As reações internacionais à mudança de poder no Egito evitam a palavra “golpe”. Barack Obama expressou “grande preocupação” em relação à ação dos militares — que afastaram um líder democraticamente eleito —, mas não a condenou.
“Apelo agora aos militares egípcios que caminhem rápida e responsavelmente no sentido do regresso à autoridade total de um governo civil eleito democraticamente, o mais cedo possível e através de um processo inclusivo e transparente”, afirmou o chefe de Estado norte-americano.
Os Estados Unidos são o maior doador do Egito com uma ajuda anual de 1,5 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).
Em nome da União Europeia, a chefe da diplomacia, Catherine Ashton, apelou “a todas as partes para que regressem rapidamente a um processo democrático, incluindo a realização de eleições presidenciais livres e imparciais e a aprovação de uma Constituição”.
Líderes da Irmandade presos
Paralelamente, um tribunal do Cairo deu ordem de prisão, hoje de manhã, a Saad al-Katatni, líder do Partido Liberdade e Justiça (emanado da Irmandade Muçulmana) e presidente do Parlamento agora dissolvido.
Pouco antes, também Mohamed Badie, líder espiritual da Irmandade, e Khairat al-Shater, um empresário considerado o “homem forte” da organização islamita, foram presos por, segundo um tribunal, incitamento à morte de opositores a Morsi.
FALTA FOTOGALERIA
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui