Documentos secretos revelam: CIA orquestrou golpe de 1953

Era uma suspeita, hoje foi confirmado. Documentos da CIA revelam a sua participação no golpe que depôs o primeiro-ministro iraniano Mohammed Mosaddegh

Documentos da CIA, desclassificados em 2011 e publicados hoje no sítio do Arquivo de Segurança Nacional, confirmam a participação da CIA no golpe de Estado que afastou o primeiro-ministro iraniano Mohammed Mosaddegh, em 1953.

“O envolvimento norte-americano e britânico no afastamento de Mosaddegh é há muito do conhecimento público, mas o que publicamos hoje inclui o que cremos ser o primeiro reconhecimento formal da CIA de que ajudou a planear e a executar o golpe”, lê-se no texto que acompanha a publicação dos documentos. 

A informação divulgada revela que a operação decorreu em cinco fases. A primeira aconteceu a 19 de agosto de 1953, com a realização de grandes manifestações populares, lideradas por rufias pagos para o efeito. Os grupos reuniram-se no bazar e noutras partes do sul de Teerão, pelas seis da manhã, dirigindo-se depois para a parte norte da capital iraniana.

Golpe com vastos recursos

O material publicado no sítio do Arquivo de Segurança Nacional (ASN) – instituição fundada em 1985, por jornalistas e académicos, para “verificar o crescente secretismo do Governo” — consta de 21 documentos originários dos arquivos da CIA e outros 14 dos arquivos britânicos.

Os documentos da CIA “reforçam a conclusão que os Estados Unidos, e a CIA em particular, empregaram vastos recursos e atenção política ao mais alto nível para derrubar Mosaddegh, e suavizar as suas consequências”, diz o ASN.

O primeiro-ministro Mohammad Mosaddeq foi deposto há 60 anos, após ter nacionalizado a indústria petrolífera iraniana, até então controlada pelos britânicos da Companhia Petrolífera Anglo-Persa (mais tarde, British Petroleum, BP). Sucedeu-lhe o general Fazlollah Zahedi nomeado pelo Xá.

“Partidários políticos de todos os lados, incluindo o Governo iraniano, invocam regularmente o golpe para discutir se o Irão ou poderes estrangeiros são os principais responsáveis pela trajetória histórica do país, se podem confiar que os Estados Unidos vão respeitar a soberania do Irão, ou se Washington precisa de pedir desculpa pela sua interferência prévia antes que as relações melhorem.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 19 de agosto de 2013. Pode ser consultado aqui

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