Diálogo arranca hoje com posições extremadas. Oposição quer governo de transição sem Assad. Regime diz que Presidente é uma “linha vermelha”
Começa hoje, na cidade suíça de Montreux, a conferência de paz sobre a Síria, visando a obtenção de uma solução política para o conflito. Além das delegações do regime e da oposição sírios, cerca de 40 países e organizações regionais foram convidados pelas Nações Unidas para estarem presentes.
À chegada à Suíça, o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Walid Muallem, afirmou que Bashar al-Assad é uma “linha vermelha”. “Ninguém pode tocar na questão da presidência”, disse.
A entrega do poder é a grande reivindicação da oposição ao regime, mas, em entrevista à AFP, na segunda-feira, o Presidente Bashar al-Assad afirmou que há uma hipótese “significativa” de ele voltar a candidatar-se, nas presidenciais previstas para junho.
Transição sem Assad
As conversações terão como base um acordo alcançado em junho passado, conhecido como Genebra I e que apela à formação de um governo de transição até à realização de eleições livres. A oposição aceita a inclusão de membros do regime atual, mas não de Bashar al-Assad.
A Coligação Nacional Síria, o principal grupo da oposição, sedeado na Turquia e apoiado pelo ocidente, também estará presente na Suíça. Na semana passada, numa reunião em Istambul, o grupo pôs a sua participação na conferência à votação, que foi boicotada por um terço dos membros.
Rússia e Estados Unidos uniram-se para tornar possível a realização deste encontro, que, porém, deixa de fora atores importantes, como o Irão, um aliado crucial do regime de Damasco.
Convite ao Irão volta atrás
Na segunda-feira, Ban Ki-Moon anunciou que a ONU tinha convidado Teerão, mas menos de 24 horas depois, o convite foi retirado. Após o Irão ter dito que sim à participação na Conferência, a Coligação de oposição ameaçou voltar com a palavra atrás e não participar.
Conhecida como Genebra II, esta conferência começa, na realidade, na cidade de Montreux em virtude de uma sobrelotação hoteleira decorrente da realização do tradicional Fórum de Davos, entre os dias 22 e 25.
O diálogo prosseguirá na sexta-feira, com um encontro na sede da ONU em Genebra restrito às duas delegações sírias e ao enviado da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.
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Artigo publicado no “Expresso Online”, a 22 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui