Regime sírio apresenta plano de cessar-fogo

Enquanto a oposição síria discute se participa ou não na Conferência de Paz de Genebra, na próxima semana, o regime de Assad propõe uma trégua na cidade de Alepo

A menos de uma semana da Conferência de Paz sobre a Síria, prevista para quarta-feira, o principal grupo de oposição no exílio ao regime de Bashar al-Assad — a Coligação Nacional Síria — ainda não decidiu se participa ou não.

A Coligação reuniu hoje em Istambul, sob uma forte pressão internacional para que ultrapasse as divergências internas e marque presença na Conferência de Paz.

Algumas fações estão reticentes em viabilizar a presença da Coligação no encontro sem que tenham garantias de que o Presidente Bashar al-Assad seja excluído de qualquer governo de transição.

O regime sírio, por seu lado, defende que não deve haver pre-condições para as negociações de paz.

Fazer tréguas, cidade a cidade 

Em Genebra, a delegação síria será liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Walid al-Moualem, que hoje anunciou a predisposição de Damasco para negociar um cessar-fogo em Alepo, a maior cidade síria, parcialmente controlada por forças rebeldes.

“Tendo em consideração o papel da Rússia na contenção do derramamento de sangue na Síria e a nossa relação de confiança, hoje entreguei ao ministro (russo dos negócios, Sergey) Lavrov um plano de cessar-fogo para a cidade de Alepo”, disse Al-Moualem.

O plano de Damasco inclui uma troca de prisioneiros entre regime e rebeldes. “Se todos as partes cumprirem os termos do acordo, então poderemos implementar este plano noutras cidades.”

Guterres apela a “solução política” 

António Guterres, Alto Comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), considerou, hoje, “vital” que as conversações de paz produzam uma “solução política” para o conflito. “Sou suficientemente humilde para reconhecer que não existe solução humanitária para o problema”, disse.

“Há apenas seis anos, a Síria era o segundo país do mundo a acolher refugiados. Infelizmente, a Síria é hoje o país que origina mais refugiados”, acrescentou.

Segundo o ACNUR, a guerra na Síria já provocou mais de 100 mil mortos e cerca de 6.5 milhões de refugiados e deslocados internos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 17 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui

Ariel Sharon, uma vida ao serviço de Israel

Ariel Sharon pegou em armas em 1948, para lutar pela independência do Estado de Israel. Não mais parou de o defender

Com 20 anos, de arma na mão, durante a Guerra da Independência, em 1948
Na Península do Sinai, de braço no ar, saudando uma coluna militar israelita, durante a Guerra do Suez, em outubro de 1956
Com a segunda mulher, Lily, durante uma festa, em 1969. Mãe dos seus dois filhos, Lily morreu de cancro, em 2000
Sorridente, rodeado por soldados israelitas, junto ao Canal do Suez, em outubro de 1973
Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, Sharon (à frente à esquerda), que já passara à reserva, é chamado a servir na linha da frente
Ferido na cabeça, durante a guerra israelo-árabe de 1973, ao lado do ministro da Defesa Moshe Dayan
Em 1977, com Lily e os filhos Omri (à esquerda da mãe) e Gilad (no meio dos pais), numa cerimónia de lançamento do partido que fundou, o Shlomzion, na Cisjordânia
À direita de Menahem Begin, líder do Partido Likud, em junho de 1977, na Península do Sinai. O militar de óculos escuros é o major general Avraham Yoffe
Enquanto ministro da Agricultura, na companhia do primeiro-ministro Menahem Begin, junto a um memorial em honra dos soldados mortos em combate, em 1981
Com Lily e Gilad, durante uma visita ao Canal do Suez, em janeiro de 1982, era Ariel Sharon ministro da Defesa
Visitando as campas de soldados israelitas mortos em combate, no Monte Herzl, em Jerusalém, em abril de 1982
Cumprimentando a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, durante uma receção em Jerusalém, em 1986. Era ministro da Indústria e do Comércio
Lendo documentação num voo para Aqaba, na Jordânia, em agosto de 1997. Em frente a Sharon, então ministro das Infraestruturas, está Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro à época
Acabado de chegar ao território ocupado da Cisjordânia, em dezembro de 1997, enquanto ministro das Infraestruturas
Num banco de jardim, rodeado por seguranças, à conversa com a secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright (Administração Clinton), durante a conferência de paz de Wye River, em 1998
Enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, à mesa com os palestinianos Mahmud Abbas e Ahmed Queria (os dois mais à esquerda), na cimeira de Wye River, em outubro de 1998
Frente a frente com o seu arqui-inimigo, o líder palestiniano Yasser Arafat, em Wye River. As expressões são de circunstância e os olhares evitam-se
Saudando o Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, durante uma receção no aeroporto Ben Gurion, em Telavive, em dezembro de 1998
Na Faixa de Gaza, com crianças israelitas, durante uma visita ao colonato Atzmona, no bloco de Gush Katif, em maio de 2001, após ser eleito primeiro-ministro
Sentado no Knesset (Parlamento de Israel), na cadeira do chefe de Governo, a 15 de outubro de 2001
Durante uma visita a um campo de treino militar, nos arredores de Telavive, em janeiro de 2002. Uma pose para a fotografia, pois as lentes dos binóculos ainda têm as tampas colocadas
Na região de Jenin, no território palestiniano da Cisjordânia, contemplando as obras de construção do muro que mandou erguer para servir de fronteira, em 2003
Durante uma reunião com forças militares e policiais, numa base perto de Jerusalém, a 5 de janeiro de 2005. Um ano depois, estaria em coma
No Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Jerusalém, em maio de 2005, durante uma cerimónia comemorativa do 60º aniversário da libertação de Auschwitz
A campanha para as legislativas de março de 2006 faz-se com Sharon já internado. Em Mughar (norte de Israel), não faltam cartazes do Kadima, o partido por ele fundado em finais de 2005
Um cartaz numa rua de Teerão, em que Sharon surge rodeado de chamas, revela o ódio generalizado que o mundo árabe e islâmico sentia pelo israelita
Uma construção artística do israelita Noam Braslavsky, exposta numa galeria de Telavive, em outubro de 2010, retrata Ariel Sharon em estado vegetativo. Esteve assim oito anos

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui

Morreu Ariel Sharon

O ex-primeiro-ministro de Israel faleceu hoje após oito anos em estado de coma. Desaparece um militar determinado, pouco dado ao diálogo com os palestinianos

O ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, morreu hoje, aos 85 anos, no Centro Médico Sheba, em Tel Hashomer, nos arredores de Tel Aviv.

A notícia é da rádio do Exército israelita, que cita fonte da família de Ariel Sharon.

O estado de saúde do ex-governante agravara-se nos últimos dias, após oito anos de coma na sequência de uma hemorragia cerebral a 4 de janeiro de 2006. Segundo informações dos médicos, os rins e os pulmões falharam e a pressão sanguínea e o ritmo cardíaco já tinham piorado na quinta-feira.

Ariel Sharon contou com a presença da família nos momentos finais, tendo sempre estado do seu lado os dois filhos Omri Sharon e Gilad Sharon, desde que a sua condição se agravou a 1 de janeiro, refere o “The Jerusalem Post”.

“Ele está a lutar pela vida e nós estamos aqui com ele, todo o tempo, no hospital”, disse Omri Sharon, na quinta-feira, ao jornal.

O funeral de Estado está a ser preparado pelo gabinete do primeiro-ministro, sendo esperadas várias figuras internacionais.

O corpo de Ariel Sharon será sepultado numa propriedade de família em Negev, no sul de Israel, onde está a mulher Lily, que morreu em 2000.

Acompanhe o percurso de Ariel Sharon

Artigo escrito com Liliana Coelho e Maria Romero.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui

Fidel Castro reaparece, nove meses depois…

O ex-Presidente cubano marcou presença na inauguração de uma exposição de arte, em Havana. Fidel já não era visto em público desde abril de 2013

O ex-Presidente Fidel Castro surgiu em público, na quarta-feira à noite, na inauguração de uma exposição de arte, no Kcho estudio Romerillo, Laboratorio para el arte, uma instituição sem fins lucrativos, em Havana.

Segundo o diário “Granma”, o jornal oficial do Partido Comunista Cubano, Fidel tinha à sua espera, no bairro Romerillo, “artistas e moradores que o aplaudiram com emoção”.

O evento inseriu-se nas comemorações do 55º aniversário da entrada em Havana dos rebeldes liderados por Fidel, a 1 de janeiro de 1959.

A última aparição pública de “El Comandante”, hoje com 87 anos, aconteceu a 9 de abril de 2013, dia em que Fidel compareceu à inauguração da escola Vilma Espín Guilois, no município de Playa.

O ex-Presidente, que governou Cuba durante 48 anos, transferiu o poder ao seu irmão, Raúl, em 2006, devido a problemas de saúde. Desde então, vão rareando as suas aparições em público, bem como a publicação das suas habituais “Reflexões”, sobre temas da atualidade, no sítio “Cubadebate”.

O seu último texto, intitulado “La mentira tarifada”, data de 27 de agosto de 2013. Nele, Fidel fala dos Estados Unidos, de Edward Snowden e de Bashar al-Assad. 

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 9 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui