Um tribunal de Telavive deu como provado que Ehud Olmert recebeu subornos para facilitar o desenvolvimento de um complexo residencial. E condenou-o a seis anos de prisão
O antigo primeiro-ministro israelita Ehud Olmert pode fazer história no seu país… pelas piores razões. Um tribunal de Telavive condenou-o esta terça-feira a seis anos de prisão e ao pagamento de uma multa no valor de um milhão de shekel (210 mil euros) por aceitação de subornos.
O magistrado ordenou ainda a apreensão de 500 mil shekel (105 mil euros) de fundos acumulados pelo ex-governante.
Olmert tem 45 dias para recorrer da sentença: se o Supremo Tribunal confirmar a pena, ele tornar-se-á o primeiro ex-chefe de Governo de Israel a cumprir pena de prisão.
Num prelúdio à leitura da sentença, o juiz David Rozen elogiou Olmert, dizendo tratar-se de uma pessoa “inteligente e brilhante” e um “ávido sionista”. De seguida, não poupou nas palavras para o repreender. “O crime de suborno polui a função pública”, disse. “Um funcionário público que aceita um suborno é comparável a um traidor.”
Acrescentou ainda que os crimes de suborno “destroem os governos” e colocou-os “entre os piores do código penal”.
O governante que declarou guerra ao Hamas
Os crimes de Ehud Olmert, hoje com 68 anos, foram cometidos à época em que presidia à Câmara Municipal de Jerusalém (1993-2003). Em março passado, foi acusado de ter aceitado subornos para facilitar o desenvolvimento do projeto residencial Holyland Park.
O início do cumprimento da pena está previsto para 1 de setembro próximo.
De visita à Noruega, o Presidente israelita Shimon Peres comentou o caso. “Este é um processo legal que ocorre em países democráticos. Não tenho um papel no ordenamento jurídico, que é limpo de influências pessoais. Pessoalmente, este é um dia triste para mim.”
Ehud Olmert foi primeiro-ministro entre abril de 2006 e março de 2009. Durante o seu mandato, foi responsável por duas importantes operações militares em solo árabe: a Segunda Guerra do Líbano, no verão de 2006, e a Operação Chumbo Fundido, desencadeada no fim de 2008, na Faixa de Gaza, visando o grupo islamita Hamas.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 13 de maio de 2014. Pode ser consultado aqui