Os afegãos vão novamente às urnas a 14 de junho para decidir quem sucederá a Hamid Karzai. O próximo Presidente irá liderar a retirada das tropas internacionais do país
As eleições presidenciais no Afeganistão realizaram-se há mais de um mês (5 de abril), mas só hoje foram conhecidos os resultados.
Abdullah Abdullah, um olftalmologista que foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2001 e 2005, foi o candidato mais votado com 45%. Ficou a 5% e mais um voto de arrumar a questão à primeira.
A Comissão Eleitoral Independente não perdeu tempo e agendou a segunda volta para 14 de junho. Abdullah Abdullah terá como adversário Ashraf Ghani Ahmadzai, um ex-ministro das Finanças que trabalhou para o Banco Mundial, e que se ficou pelos 31,6%.
Votaram um total de 7.018.849 eleitores, 36% deles mulheres. Abdullah obteve 2.973.706 sufrágios e Ahmadzai menos cerca de 900 mil.
Abdullah parte para a segunda volta como um vencedor anunciado. Para além da vantagem conquistada na primeira volta, ele recebeu, no domingo passado, um apoio importante. Zalmay Rassoul, que ficou em terceiro lugar (11,4%) anunciou que irá votar nele.
Filho de pai pashtune e de mãe tadjique, Abdullah é conotado sobretudo com a comunidade tadjique (a segunda mais numerosa entre os afegãos). Para tal contribui o facto de ter sido membro da Aliança do Norte (que combateu soviéticos e talibãs) e um braço direito de Ahmad Shah Massud, o carismático comandante tadjique.
O apoio de Rassoul, que é pashtune, garante a Abdullah votos entre a etnia maioritária no Afeganistão e da qual também é oriundo o candidato Ahmadzai.
Quem quer que seja o vencedor, irá suceder a Hamid Karzai, impedido por lei de se candidatar a um terceiro mandato. O novo Presidente irá liderar a retirada das tropas internacionais do território — após 13 anos de guerra — prevista para o fim deste ano.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de maio de 2014. Pode ser consultado aqui