Em 2013, morreram 106 capacetes azuis. As Nações Unidas querem investir em aparelhos não tripulados para proteger o seu ‘staff’
Em média, morre um ‘capacete azul’ a cada 30 dias, alertam as Nações Unidas. Os soldados da paz estão no terreno desde 1948, mas segundo Hervé Ladsous, chefe do Departamento de Operações de Manutenção de Paz da ONU, é urgente que a organização atualize a tecnologia ao serviço das suas missões.
O francês apela mesmo ao investimento em drones (aviões não tripulados) para reduzir riscos e proteger as equipas no terreno. “Precisamos deles em países como o Mali, a República Centro-Africana e, claramente, o Sudão do Sul”, disse na quinta-feira, durante a cerimónia de atribuição da Medalha Dag Hammarskjöld – o secretário-geral da ONU morto em funções, num acidente de viação suspeito na então Rodésia do Norte (atual Zâmbia), em 1961 – dada a título póstumo a trabalhadores mortos em missões da ONU.
“Em pleno século XXI, não podemos continuar a trabalhar com ferramentas do século XX”, acrescentou Hervé Ladsous, recordando que “nalguns casos, o uso de tecnologia pode ser necessário para não termos tantos militares no terreno”, disse em Nova Iorque.
Em missão e em risco
A ONU tem usado drones na República Democrática do Congo. Os aparelhos são considerados vitais para monitorizar as movimentações de grupos armados e proteger populações vulneráveis, o que já aconteceu com 90 mil civis no conflito no Sudão do Sul.
Desde 1948, mais de um milhão de pessoas já serviram em mais de 70 operações em quatro continentes. Mais de 3200 morreram, incluindo 106 no ano passado (e também 22 civis), a maioria em África e particularmente no Darfur e no Sudão do Sul.
Atualmente, mais de 116 mil capacetes azuis, oriundos de 120 países, servem em 16 operações de manutenção da paz espalhadas por todo o mundo, “com grandes riscos pessoais”, afirma o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
As Nações Unidas instituíram o dia 29 de maio como Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz da ONU.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 30 de maio de 2014. Pode ser consultado aqui