Depois do luto, Israel prepara a vingança

Os três jovens israelitas desaparecidos há três semanas no território palestiniano da Cisjordânia apareceram mortos. Israel já prometeu vingança

Dezoito dias depois de desaparecerem, três jovens israelitas foram encontrados mortos, parcialmente enterrados num descampado perto do local onde tinham sido localizados pela última vez, perto da cidade palestiniana de Hebron.

“Eles foram raptados e assassinados a sangue-frio por bestas humanas”, disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. “O Diabo ainda não criou a vingança apropriada para o sangue de uma criança; nem para a vingança pelo sangue de três jovens puros, que estavam a caminho de casa, ao encontro dos seus pais, que não mais os verão. O Hamas é responsável — o Hamas pagará o preço.”

Israel responsabiliza o Hamas pelo desaparecimento mas a organização islamita palestiniana nega qualquer envolvimento. “Se Netanyahu lançar uma guerra contra Gaza, os portões do inferno abrir-se-ão para ele”, escreveu o porta-voz do Hamas, Abu Zuhri, na sua página no Facebook.

A fronteira entra Israel e a Faixa de Gaza está tensa há dias. Segundo o “Times of Israel”, esta terça-feira de manhã, a Força Aérea israelita disparou contra 34 alvos no território palestiniano.

As Forças de Defesa de Israel esclareceram que se trataram de “ataques precisos” contra estruturas do Hamas e da Jihad Islâmica e que se seguiram ao disparo, a partir de Gaza, de “mais de 18 roquetes contra Israel desde o final de tarde de domingo”.

O filme dos acontecimentos

Os corpos de Eyal Yifrach (19 anos), Gilad Shaar e Naftali Fraenkel (ambos de 16 anos) foram encontrados cerca das 17h de segunda-feira (15h em Lisboa) por uma equipa de voluntários do colonato de Kfar Etzion, que participava nas operações de busca.

Segundo o diário israelita “The Jerusalem Post”, a Agência de Segurança Israelita (Shin Bet) reconstituiu o ‘filme dos acontecimentos’ e concluiu que os três jovens foram mortos pouco depois de terem sido raptados, quando pediam boleia para ir para casa após as aulas nas respetivas “yeshivas” (escolas religiosas). 

Os três entraram para o banco de trás de um carro, convencidos que lhes estavam a oferecer boleia. Quando perceberam a armadilha, um dos rapazes fez um telefonema para a polícia, o que terá ditado o fim trágico dos três.

Os raptores terão, depois, seguido para Halhul, a norte de Hebron, e enterrado os rapazes num campo a cerca de três quilómetros da cidade.

Tudo aconteceu na área C (cerca de 60% do território da Cisjordânia) que, ao abrigo dos Acordos de Oslo de 1993, está sob controlo total de Israel.

Memorial sob a forma de colonato

Os jovens israelitas foram enterrados esta terça-feira, lado a lado, num cemitério de Modin. Segundo o jornal israelita “Haaretz”, o ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, e o primeiro-ministro Netanyahu propuseram, na segunda-feira à noite, que a resposta de Israel às mortes inclua a construção de um novo colonato em memória dos três jovens.

Os dois suspeitos pela morte dos israelitas — Amer Abu Aysha e Marwan Kawasme, membros do Hamas — continuam desaparecidos desde o dia do rapto.

A operação de busca que Israel lançou — chamada “Protetor do Irmão” — já levou à detenção de 560 pessoas e provocou a morte de seis palestinianos, entre os quais Mohammad Dudeen, de 15 anos, atingido por uma bala na aldeia de Dura, perto de Hebron, onde as tropas israelitas fizeram uma incursão.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 1 de julho de 2014. Pode ser consultado aqui

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