O primeiro-ministro israelita diz que os bombardeamentos a Gaza são para continuar. O Presidente palestiniano acusa Israel de “genocídio”
O primeiro-ministro israelita afirmou esta quinta-feira que um cessar-fogo na Faixa de Gaza “não está na agenda”. Benjamin Netanyahu respondia a deputados interessados em saber se estão em curso contactos diplomáticos internacionais, nomeadamente com o Egito, o outro vizinho da Faixa de Gaza, no sentido da obtenção de uma trégua. “Não estou a falar com ninguém sobre um cessar-fogo agora.”
A posição de Netanyahu segue-se ao envio de uma carta, assinada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, aos homólogos internacionais (de países com quem Israel tem relações diplomáticas), onde Avigdor Liberman justificou a intervenção militar e pediu apoio e “compreensão em relação ao exercício do legítimo direito à autodefesa” por parte de Israel.
“É importante que os líderes mundiais condenem o disparo contínuo de rockets pelo Hamas e outros grupos terroristas contra povoações israelitas, e tomem medidas para que seja desmantelada a infraestrutura terrorista do Hamas.”
O ministro israelita apelou também ao fim do Governo palestiniano – que tomou posse a 2 de junho, após um processo de reconciliação entre as duas fações palestinianas, Fatah e Hamas. “É evidente que o Governo palestiniano tem de dissolver imediatamente a sua parceria com o Hamas.”
Presidente palestiniano recorda Auschwitz
O Presidente palestiniano, por seu lado, descreveu a operação militar israelita como “um genocídio contra o povo palestiniano”. “Esta não é uma guerra contra o Hamas ou qualquer outra fação, mas antes contra o povo palestiniano”, afirmou Mahmud Abbas ontem à tarde, durante uma reunião da liderança palestiniana convocada de emergência, em Ramallah, para discutir eventuais pedidos de adesão da Palestina ao Tribunal Penal Internacional de Haia e outras organizações internacionais.
“É genocídio. A morte de famílias inteiras por parte de Israel contra o nosso povo é genocídio”, acusou Abbas. “Devemos recordar Auschwitz?” O ministério palestiniano da Saúde informou hoje que cerca de metade das vítimas mortais em Gaza são mulheres e crianças. Segundo a agência de notícias Ma’an, o número de mortos ultrapassou, hoje, os 80.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 10 de julho de 2014. Pode ser consultado aqui