Talibãs dizem (e mostram) que não querem os americanos no país

Talibãs atacaram em Cabul, um dia depois de Afeganistão e EUA terem assinado o pacto que regula a presença militar americana após a saída das tropas da NATO

Dois bombistas suicidas fizeram-se explodir em Cabul, esta quarta-feira, atingindo dois autocarros que transportavam tropas afegãs. Morreram sete pessoas e 21 ficaram feridas. Os ataques tiveram o cunho — e a expressa reivindicação — dos talibãs.

Seriam mais dois atentados a somar a tantos outros que atingem o Afeganistão a um ritmo quase diário não fosse terem acontecido no dia seguinte à assinatura do acordo de segurança entre o Afeganistão e os Estados Unidos, que regula a presença militar americana no território após 1 de janeiro de 2015.

“Não só rejeitamos este documento americano como o consideramos inválido e não-vinculativo para todos os afegãos”, reagiu o Emirado Islâmico, ou seja, os talibãs afegãos, num comunicado colocado no seu site.

“Também dizemos à América e aos seus lacaios que continuaremos a nossa guerra santa e a nossa luta pela liberdade até que o nosso país seja libertado das garras dos selvagens americanos e que seja restaurado um governo islamita forte.”

Novo Presidente marca pontos
O acordo assinado terça-feira permite às forças norte-americanas continuarem em território afegão além da data prevista para a retirada. As tropas da ISAF (missão da NATO no Afeganistão) têm previsto o regresso a casa no final de 2014.

Cerca de 9800 militares norte-americanos continuarão no país após 1 de janeiro de 2015. O número será cortado para metade no fim de 2015 e reduzido gradualmente até ao fim de 2016.

O acordo foi assinado pelo embaixador dos EUA no Afeganistão, James Cunningham, e pelo conselheiro afegão para a Segurança Nacional, Mohammad Hanif Atmar, numa cerimónia que decorreu no palácio presidencial. 

Presente esteve também o novo Presidente afegão, Ashraf Ghani Ahmadzai, que tomou posse na segunda-feira. O seu antecessor, Hamid Karzai, recusou assinar este pacto de segurança com os Estados Unidos. Ao aceitá-lo, o novo Presidente recupera a degradada relação entre Washington e Cabul.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 1 de outubro de 2014. Pode ser consultado aqui

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