Um dos ideólogos do braço da Al-Qaeda que reivindicou o ataque ao “Charlie Hebdo” recomendou que os muçulmanos continuem a viver nos países ocidentais e façam a “jihad individual”
A Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA, também conhecido por Al-Qaeda no Iémen) apelou à realização de ataques terroristas em países ocidentais com recurso a lobos solitários.
“Se ele (um cidadão muçulmano) for capaz de fazer a jihad individual nos países ocidentais que combatem o Islão, então será bom e causará mais danos”, recomendou Nasser bin Ali al-Ansi, um dos ideólogos da organização terrorista, numa entrevista publicada na internet e analisada pelo grupo SITE, que rastreia extremistas online.
O responsável falava à Fundação Al-Malahem Media, órgão de comunicação da AQPA, e respondia à pergunta sobre se deveriam os cidadãos muçulmanos abandonar o Ocidente e ir viver para países islâmicos.
Este apelo surge após a AQPA ter reivindicado o ataque de Paris contra a publicação satírica “Charlie Hebdo”, no passado dia 9. Os irmãos Kouachi, que perpetraram o ataque, terão estado no Iémen em 2011.
O líder terrorista acrescentou que a AQPA tentou, no passado, atingir alvos ocidentais fora do Iémen. “Fizemos esforços na frente externa, e o inimigo conhece o perigo disso”, disse Nasser bin Ali al-Ansi. “Estamos a fazer preparativos e estamos à espreita dos inimigos de Alá. Incitamos os crentes a fazê-lo.”
Um exemplo é o ataque na base militar Fort Hood, no estado do Texas (EUA), em 2009, que resultou na morte de 13 pessoas. O agressor foi o soldado americano Nidal Malik Hasan, que tinha contactado com Anwar al-Awlaki, um clérigo radical nascido nos Estados Unidos em 1971. Al-Awlaki foi morto no Iémen num ataque dos EUA com drones (aviões não tripulados).
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 21 de janeiro de 2015. Pode ser consultado aqui