Uma infografia e um texto para entender a Assembleia dos Peritos (e a pirâmide do poder)

O órgão que escolhe o Líder Supremo iraniano tem um novo presidente: Mohammad Yazdi, 84 anos, uma voz da linha conservadora

FALTA INFOGRAFIA

Um clérigo conservador de 84 anos foi eleito para a liderança de um dos órgãos políticos mais importantes e influentes do Irão — a Assembleia de Peritos, responsável pela escolha e impugnação do Líder Supremo.

Mohammad Yazdi, que chefiou o sistema judicial iraniano durante grande parte da década de 90, venceu o ex-Presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, de 80 anos, por 47 votos contra 24, noticiou a agência iraniana FARS.

Esta eleição, na terça-feira, foi precipitada pela morte do detentor do cargo, o ayatollah Mahdavi Kani, na sequência de um acidente vascular cerebral.

A escolha de Yazdi indicia um cerrar de fileiras da ala conservadora num momento em que se volta a falar na sucessão do Líder Supremo.

Atualmente com 75 anos, o ayatollah Ali Khamenei foi submetido a uma cirurgia à próstata no ano passado. O seu estado de saúde é um assunto tabu, o que origina rumores com frequência.

Contrarrelógio nuclear

Paralelamente, decorrem negociações internacionais com vista à obtenção de um acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano até 31 de março.

Participam nas conversações, para além do regime de Teerão, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, Reino Unido, França, China) e a Alemanha. A última palavra sobre eventuais alterações à política nuclear do país cabe ao Líder Supremo.

A Assembleia de Peritos nunca demitiu o Líder Supremo e apenas o elegeu por uma vez: Ali Khamenei sucedeu, em 1989, ao fundador da República Islâmica, o ayatollah Ruhollah Khomeini.

Após a eleição do moderado Hassan Rohani para a presidência do país, em 2013, a escolha de Yazdi para a liderança da Assembleia de Peritos é vista como uma poderosa afirmação da linha dura do regime teocrático.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de março de 2015. Pode ser consultado aqui

Campos petrolíferos nas mãos de jiadistas

Extremistas islâmicos tomaram de assalto duas explorações petrolíferas no centro da Líbia. Com o país controlado, e disputado, por grupos armados, a ONU tenta sentar à mesa do diálogo os dois Parlamentos líbios

Forças afetas ao autodenominado Estado islâmico (Daesh) capturaram duas explorações petrolíferas no centro da Líbia. “Os extremistas assumiram o controlo dos campos petrolíferos de Bahi e Mabruk e dirigem-se agora para o campo de Dahra após a retirada das forças que guardavam essas instalações”, disse o coronel Ali al-Hassi, porta-voz dos serviços de segurança da indústria petrolífera líbia, citado pela BBC.

A cadeia britânica acrescenta que as forças de segurança retiraram dos locais após terem ficado sem munições. Segundo a Reuters, Mabruk tinha sido alvo de um ataque jiadista no mês passado, de que resultou pelo menos 12 mortos.

Bahi e Mabruk encontravam-se encerradas desde há algumas semanas em virtude da queda das exportações de petróleo e da violência que caracteriza o país desde a revolução que depôs Muammar Kadhafi, em 2011, no contexto da Primavera Árabe.

Conversações em Marrocos 
Presentemente, a Líbia é disputada por vários grupos armados. As autoridades reconhecidas internacionalmente estão acantonadas na cidade de Tobruk, a cerca de 1600 quilómetros para leste da capital, junto ao Egito, enquanto Tripoli é controlada pela Alvorada Líbia, uma aliança que agrupa várias milícias, algumas delas islamitas, que instalou os seus próprios órgãos de Governo.

Na terça-feira, os dois lados atacaram-se através de bombardeamentos aéreos. Os islamitas tentaram, sem sucesso, atingir um terminal de exportação de petróleo junto ao porto de Sidra. Em resposta, forças leais ao Governo reconhecido internacionalmente bombardearam o aeroporto de Mitiga, em Tripoli, não provocando vítimas nem danos materiais.

As Nações Unidas, através da Missão da ONU de Apoio à Líbia (UNSMIL), estão a tentar mediar um acordo de paz. Na quinta-feira, Marrocos acolhe uma ronda de conversações entre a Casa dos Representantes (ou seja, o Parlamento instalado em Tobruk) e o Congresso Geral Nacional (sedeado em Tripoli e dominado pelos islamitas) e em que participam 23 partidos políticos. A ronda seguinte está prevista para a próxima semana, na Argélia.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de março de 2015. Pode ser consultado aqui