Sacerdotes, bispos, religiosas e leigos relataram à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre casos de violência que testemunharam nos quatro cantos do mundo. “Perseguidos e Esquecidos?” é o título do relatório que compila esses relatos, divulgado terça-feira em todo o mundo

No verão de 2014, a tomada de Mossul e Nínive, no Iraque, pelo autodenominado Estado Islâmico (Daesh) forçou 120 mil cristãos ao êxodo. Pela primeira vez em 1800 anos, não houve missa dominical em Mossul.
No coração da região onde nasceu o Cristianismo, as populações cristãs estão à beira da extinção. “Numa altura em que o número de deslocados e refugiados atingiu máximos históricos, grupos islâmicos têm levado a cabo uma limpeza étnica de cristãos por motivos religiosos, designadamente em regiões de África e do Médio Oriente”, denuncia o relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, divulgado, esta terça-feira, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Como consequência deste êxodo, o Cristianismo está em vias de desaparecer do Iraque, possivelmente no prazo de cinco anos, a menos que seja disponibilizada ajuda de emergência a nível internacional numa escala massiva cada vez maior.”
Cristianismo, essa importação colonial
O documento avalia pressões sobre cristãos católicos, ortodoxos e protestantes em países com regimes autoritários, como a Arábia Saudita, o Irão e a China, e em Estados onde estão em alta grupos radicais islâmicos, como Nigéria, Sudão, Quénia e Tanzânia.
Em países devastados pela guerra — como Síria e Iraque —, aos cristãos não resta alternativa a não ser (tentar) fugir. “Estamos expostos à morte o dia inteiro”, testemunha Jean-Clement Jeanbart, arcebispo católico grego melquita, da diocese de Alepo (Síria).
Menos mediáticas do que as perseguições em contextos de guerra, as ameaças aos cristãos decorrem também da afirmação de movimentos nacionalistas muçulmanos (Paquistão), hindus (Índia), budistas (Sri Lanka) e judeus (Israel). Muitos desses movimentos “veem o Cristianismo, cada vez mais, como uma importação estrangeira colonial”, continua o relatório da AIS. “Os cristãos são olhados com suspeição e são vistos como estando ligados ao Ocidente, que é considerado corrupto e explorador.”
“Perseguidos e Esquecidos?” debruça-se sobre a situação nos 22 países que registaram mais violações à liberdade religiosa entre outubro de 2013 e julho de 2015. A fotogaleria que acompanha este texto dedica duas fotos a cada país selecionado pela AIS, organização dependente da Santa Sé.
“Vemos hoje os nossos irmãos perseguidos, decapitados e crucificados por causa da sua fé em Jesus, perante os nossos olhos e muitas vezes com o nosso silêncio cúmplice”, alertou o Papa Francisco, em abril de 2015.












































Artigo publicado no “Expresso Online”, a 14 de outubro de 2015. Pode ser consultado aqui e aqui