As estatísticas contrariam o Presidente dos EUA. Desde 1975, nenhum norte-americano foi morto nos Estados Unidos por um terrorista dos sete países visados pelo seu polémico decreto
O Presidente dos Estados Unidos justificou a suspensão por 90 dias da emissão de vistos a nacionais de sete países de maioria muçulmana com a necessidade de reforçar a segurança nacional reduzindo a ameaça terrorista. A convicção de Donald Trump é, porém, contrariada pelas estatísticas.
Um relatório do CATO Institute divulgado a 13 de setembro de 2016 — quando Trump ainda lutava pela nomeação republicana às presidenciais —, alerta para o facto de, entre 1975 e 2015, o número de cidadãos norte-americanos mortos em território dos EUA por nacionais de Iraque, Irão, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen — os sete países visados pela decisão de Trump — ser… zero.
Entre 1975 e 2015, nos Estados Unidos, foram assassinadas 3024 pessoas às mãos de “terroristas estrangeiros que entraram no país, como imigrantes ou turistas” — 98.6% dos quais no 11 de Setembro.
Porém, nenhum dos países de que eram naturais os terroristas a bordo dos quatro aviões suicidas foi alvo de restrições por parte da Administração Trump: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbano.
Hafiz Muhammad Saeed, acusado pela Índia de ter planeado os atentados de Bombaím de 2008, foi colocado em prisão domiciliária, em Lahore. Os seus apoiantes acusam o Governo paquistanês de querer mostrar trabalho ao novo Presidente dos EUA, poucos dias após o polémico decreto que proíbe a entrada no país de cidadãos de sete países muçulmanos
Mais de oito anos depois, os ataques que lançaram o pânico na cidade indiana de Bombaím continuam a agitar… o Paquistão. Esta terça-feira, são esperados protestos populares contra a detenção do clérigo Hafiz Muhammad Saeed, acusado pela Índia de ter planeado os múltiplos ataques que, entre 26 e 29 de novembro de 2008, visaram dois hoteis, um café, um hospital, uma estação de comboios e um centro judaico, matando 166 pessoas.
Fundador do grupo implicado nos atentados, o Lashkar-e-Taiba (LeT) — ilegalizado no Paquistão em 2002 e inscrito na lista de grupos terroristas da ONU em 2005 —, Saeed foi colocado em prisão domiciliária na segunda-feira à noite, após ser detido em Lahore, na sede da organização de beneficiência Jamaat ud-Dawa (JuD), que dirige e que é considerada uma fachada do LeT.
“Recebemos a ordem de detenção do Governo Paquistanês. Creio que isto não me visa, mas é uma conspiração internacional destinada a sabotar a luta pela Caxemira”, disse Saeed à imprensa, no momento em que era escoltado pela polícia, rodeado de apoiantes, referindo-se à disputa entre Índia e Paquistão pelo controlo daquela região. “Este é o desejo de [Narendra] Modi [primeiro-ministro indiano], mediante a solicitação de Trump, e a fraqueza do Governo” paquistanês.
Paquistão não está na lista de Trump, mas…
Esta detenção surge três dias após o polémico decreto presidencial de Donald Trump que proíbe a entrada nos Estados Unidos de nacionais de sete países de maioria muçulmana. O Paquistão não está entre as nações proscritas, apesar da sua vulnerabilidade ao terrorismo e de, por exemplo, o casal que, a 2 de dezembro de 2015, levou a cabo o ataque em San Bernardino, Califórnia (14 mortos) ser de origem paquistanesa.
Os apoiantes de Saeed receiam um “efeito Trump” na decisão do Governo paquistanês, defendendo que Islamabad quer agradar à nova Administração norte-americana. “Este Governo curvou-se à pressão”, acusou Nadeem Awan, porta-voz da JuD.
Em Islamabad, o ministro paquistanês do Interior, Chaudhry Nisar, recordou que a JuD consta da lista negra das organizações terroristas a nível internacional — na dos EUA está desde 2014 — e que o Paquistão “está obrigado a fazer alguma coisa”, disse.
À agência Reuters, um alto responsável paquistanês da área da defesa (não identificado) disse que de Washington não chegou nenhum pedido, mas admitiu que o Paquistão tem sentido alguma pressão. “Trump está a tomar decisões duras contra países muçulmanos, e há quem defenda abertamente ações contra o Paquistão também. Por isso, sim, levamos isso em consideração”, afirmou.
No passado, os Estados Unidos estabeleceram uma recompensa no valor de 10 milhões de dólares (9,3 milhões de euros) por informações que conduzissem à captura do clérigo paquistanês. Esse facto não remeteu Hafiz Saeed à clandestinidade: levava uma vida pública ativa e, com frequência, proferia discursos inflamados contra a Índia.
Em 2014, numa entrevista à BBC, acusou os Estados Unidos de visarem a sua organização com o objetivo de garantir apoio por parte da Índia para o seu esforço de guerra no Afeganistão.
Após o banho de sangue em Bombaím, Saeed já tinha sido colocado em prisão domiciliária. Foi libertado seis meses depois: Islamabade considerou não haver provas suficientes para o julgar ou entrega-lo à Índia.
Os atentados de Bombaím colocaram Índia e Paquistão — ambos detentores de poder nuclear e não signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (1968) — à beira da guerra. Com esta detenção, a tensão pode desanuviar um pouco.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 31 de janeiro de 2017. Pode ser consultado aqui
É um conflito esquecido que não poupa pessoas, bens e património. Um iemenita fala da vida sob bombas
Há um conflito em curso no mundo de que quase já não se fala e que transformou o quotidiano de pessoas como Mohammed al-Hindi num permanente desafio à sobrevivência. “O que se passa no Iémen não é um conflito”, corrige, “é uma agressão da Arábia Saudita”, diz ao “Expresso” este iemenita de 43 anos, residente em Sana’a, a capital. “Desde o primeiro dia de bombardeamentos [26 de março de 2015] que tudo é alvejado de forma indiscriminada: hospitais, escolas, fábricas, estádios, quintas, estradas, pontes, aeroportos, portos, armazéns, cidadelas, museus… Nada é poupado, nem mesmo casamentos, funerais, mercados e comunidades piscatórias.”
Junto ao Mar Vermelho, Al-Hudaydah é uma das localidades fustigadas pelos ataques de uma coligação de países da região, liderada pelos sauditas e que atua em socorro do ex-Presidente Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, internacionalmente reconhecido, mas deposto pelos rebeldes huthis (xiitas) em setembro de 2014. Suspeitando que os huthis usavam os pescadores de Al-Hudaydah para infiltrar armas fornecidas pelo Irão (xiita), a coligação atacou de forma cega, destruindo armazéns de peixe, mercados e barcos, ou seja, a principal fonte de rendimento local.
Crianças em pele e osso
Em outubro passado, uma reportagem do fotógrafo Abduljabbar Zeyad (agência Reuters) expôs o drama que se vive em Al-Hudaydah: num hospital local, crianças em pele e osso jaziam em macas, algumas sem força para se erguerem. A ONU estima que, nessa região, 100 mil crianças com menos de cinco anos corram riscos de subnutrição. Em todo o país, 10 mil já morreram de doenças há muito erradicadas noutras latitudes, como a cólera e o sarampo.
Casado e pai de quatro rapazes, Mohammed al-Hindi não se sente a salvo. “A vida tornou-se difícil e esgotante. Não há trabalho nem rendimentos, só medo e preocupações.” Quem trabalhava no sector privado perdeu o emprego. Os funcionários públicos, como ele, recebem de forma irregular e, às vezes, pela metade. “Atualmente, trabalho 10 dias por mês e recebo, no máximo, 30% do salário”, diz. “Os bombardeamentos são uma preocupação diária, tenho medo que atinjam a minha casa. Há mais de 670 noites que as crianças vão para a cama assustadas pelo som dos aviões.”
Paralelamente aos ataques aéreos — que já mataram mais de 10 mil pessoas, 4000 delas mulheres e crianças —, foi decretado um bloqueio por terra, mar e ar que reforça o isolamento do mais pobre dos países árabes, onde 90% do que se consome é importado. Os preços dos alimentos dispararam, falta eletricidade, combustível e água — o Iémen produz pouco petróleo e sofre dos maiores stresses hídricos do mundo. A ONU estima que 18,8 milhões dos seus 27,4 milhões de habitantes necessitem de ajuda humanitária.
O Iémen foi um dos países bafejados pela Primavera Árabe de 2011. Então, o Presidente Ali Abdullah Saleh abdicou do cargo no âmbito de um processo negocial que catapultou para o poder o seu vice, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, depois deposto pelos huthis. “Al-Hadi é 100% ilegítimo”, diz Mohammed. “Ele foi eleito [em 2012] para um mandato de apenas dois anos”, que expirou antes de os huthis tomarem Sana. Além disso, “ele abdicou antes de fugir para a Arábia Saudita. Um Presidente legítimo nunca apela à destruição do seu país nem à morte de compatriotas, como ele fez”.
Ganância geoestratégica
Para este iemenita, a coligação não atua em nome do regresso ao poder do ex-Presidente, nem da derrota dos huthis, nem mesmo da contenção do Irão. “São desculpas. Este é um plano da Arábia Saudita para pôr as mãos no nosso país com apoio internacional, mas isso nunca acontecerá enquanto houver um iemenita vivo.” Em agosto de 2015, os sauditas invadiram o arquipélago iemenita de Socotra, no Oceano Índico, património da UNESCO e famoso pelos seus dragoeiros, e iniciou a construção de uma grande base naval.
No Oceano Índico, o arquipélago de Socotra é famoso pelos seus dragoeiros ROD WADDINGTON, DE KERGUNYAH, AUSTRÁLIA / WIKIMEDIA COMMONS
Estrategicamente localizado, o Iémen controla o Estreito de Bab al-Mandab, o que lhe confere “grande importância regional e internacional e o torna alvo de vizinhos gananciosos”, diz Mohammed. A seu ver, a presença da Al-Qaida no país é uma prova da interferência da Arábia Saudita — ambas fervorosamente sunitas —, já que nas áreas controladas pelos jiadistas apoia-se Al-Hadi e a ofensiva militar. “A Arábia Saudita e a Al-Qaida são faces da mesma moeda”, acusa.
Mohammed recusa olhar para os huthis como os maus da fita. “Independentemente do que aconteceu, eles são iemenitas. E uma disputa entre iemenitas resolve-se localmente, através de negociações. Não há necessidade de uma interferência saudita nos nossos assuntos internos ao estilo de um herói que vem salvar os iemenitas dos huthis.”
Património sob fogo
Enquanto funcionário do Ministério do Turismo, ele sofre duplamente: pelo impacto que os bombardeamentos têm no povo e no vasto património histórico, arqueológico e religioso, único no mundo. Entre os 75 sítios de grande importância que já foram atingidos — alguns totalmente destruídos —, está a emblemática Cidade Velha de Sana’a, património da UNESCO.
“O mundo sabe o que se passa no Iémen, mas o dinheiro saudita é o preço pelo seu silêncio. É uma pena”, lamenta. “Mas quando a fonte de tanto dinheiro secar, tudo mudará. E isso está prestes a acontecer.”
(Foto principal: Al-Hajjarah, no topo das montanhas de Haraz YEOWATZUP, DE KATLENBURG-LINDAU, ALEMANHA / WIKIMEDIA COMMONS)
Artigo publicado no “Expresso”, a 28 de janeiro de 2017. Pode ser consultado aqui
Dois dias de diálogo na capital do Cazaquistão, envolvendo regime sírio e oposição armada, chegaram ao fim sem ruturas. Estão abertas as portas às conversações políticas, previstas para 8 de fevereiro, em Genebra
Turquia, Rússia e Irão puxaram dos galões e, esta terça-feira, após dois dias de conversações, em Astana, sobre a guerra na Síria, assumiram-se como os garantes do débil cessar-fogo que vigora em todo o país desde finais dezembro.
Num comunicado conjunto, os três países promotores do encontro — que reuniu o regime de Bashar al-Assad e grupos afetos à oposição armada — anunciaram o estabelecimento de “um mecanismo tripartido” destinado a “observar e a assegurar o total cumprimento do cessar-fogo, impedindo quaisquer provocações e determinando todas as modalidades de cessar-fogo”.
Regime sírio e oposição armada não assinaram qualquer declaração conjunta.
Presente na capital do Cazaquistão, Staffan de Mistura, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, considerou este mecanismo “uma grande conquista”, que poderá fazer a diferença na consolidação da trégua na Síria.
No terreno, russos e iranianos são aliados incondicionais do Governo de Bashar al-Assad, enquanto os turcos apoiam forças rebeldes. Em Astana, os três países expressaram-se convictos de que “não há uma solução militar para o conflito sírio”, o qual “só pode ser resolvido através de um processo político”.
Próxima paragem: Genebra
Ancara, Moscovo e Teerão afirmaram-se também “determinados em combater conjuntamente” o autodenominado Estado Islâmico (Daesh) e a Jabhat Fatah al-Sham (ex- Frente al-Nusra), e “a separar deles grupos armados da oposição”. Daesh e Nusra não estão abrangidos pela trégua nem envolvidos nas negociações de paz.
O diálogo de Astana visou exclusivamente aspetos militares do conflito. A 8 de fevereiro, em Genebra (Suíça), regime e oposição voltam à mesa das negociações, desta feita numa iniciativa das Nações Unidas, para discutirem a dimensão política do conflito.
Em Astana, os Estados Unidos estiveram representados pelo seu embaixador no Cazaquistão, George Krol, no papel de observador. Nos dias que antecederam o encontro, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, disse que os EUA tinham sido convidados a estar presentes, mas logo o Irão apressou-se a contrariar esse cenário: “Nós não convidamos os EUA”, esclareceu o chefe da dipIomacia, Mohammad Javad Zarif. “E opomo-nos à sua presença.”
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 24 de janeiro de 2017. Pode ser consultado aqui
Na última semana em funções, numa verdadeira corrida contra o tempo, Barack Obama transferiu 14 presos de Guantánamo. Na véspera de deixar a Casa Branca, escreveu uma carta ao Congresso, acusando-o de falta de apoio para fechar o polémico centro de detenção
Ao segundo dia em funções na Casa Branca, Barack Obama decretou o encerramento do centro de detenção de Guantánamo — Ordem Executiva 13492, de 22 de janeiro de 2009. Oito anos depois, sai de cena com a promessa por cumprir: 41 homens continuam detidos e a culpa, diz o ex-Presidente, é do Congresso.
“Enquanto Presidente, tentei fechar Guantánamo. Quando herdei este desafio, era amplamente reconhecido que o centro — que muitos em todo o mundo continuam a condenar — precisava de ser encerrado. Infelizmente, o apoio bipartidário ao seu fecho de antes deu lugar à partidarização do assunto”, escreveu Obama numa carta enviada àquele órgão legislativo na quinta-feira.
“Não há justificação para além da política para a insistência do Congresso em manter o centro aberto”, acrescentou, notificando que durante a sua presidência tinham sido transferidos 196 detidos e que 41 continuam presos em Guantánamo.
“Os membros do Congresso que obstruem os esforços para fecha-lo, dados os riscos envolvidos à nossa segurança, abdicaram da sua responsabilidade em relação ao povo norte-americano”, acusou Obama.
O ex-Presidente defendeu que a prisão “nunca devia ter sido aberta” e que a sua existência “enfraquece a segurança nacional” norte-americana. “Os terroristas usam-na para propaganda, as suas operações drenam os nossos recursos militares numa época de cortes orçamentais” — cada detido custe anualmente mais de 10,85 milhões de dólares (10,2 milhões de euros) — “e prejudicam as nossas parcerias com aliados e países de cuja cooperação necessitamos contra a ameaça terrorista atual.”
Trump já tweetou sobre o assunto…
Na última semana em funções, Barack Obama transferiu de Guantánamo 14 homens: dez foram para o Sultanato de Omã na passada segunda-feira e outros quatro foram libertados esta quinta-feira, a 24 horas de deixar a presidência.
A sorte dos restantes 41 fica à mercê do novo Presidente, Donald Trump, que já se pronunciou sobre o assunto. “Não deverá haver mais libertações em Gitmo [como também é chamado o centro de Guantánamo]. Tratam-se de pessoas extremamente perigosas e não devem ser autorizadas a regressar aos campos de batalha”, escreveu no Twitter, a 3 de janeiro.
Aberto a 11 de janeiro de 2002 — quatro meses após os atentados do 11 de Setembro, em Nova Iorque e em Washington, e com a guerra no Afeganistão já em curso, visando o fim do regime talibã que dava guarida à Al-Qaeda —, o centro de detenção de Guantánamo abriga suspeitos de terrorismo.
Do total de 779 homens que por lá passaram, 717 foram libertados ou transferidos para países terceiros — a esmagadora maioria durante a Administração de George W. Bush —, nove morreram em cativeiro e apenas um foi levado para os Estados Unidos para ser julgado. Trata-se do tanzaniano Ahmed Khalfan Ghailani, condenado a prisão perpétua por envolvimento nos atentados contra as embaixadas dos EUA no Quénia e na Tanzânia, a 7 de agosto de 1998.
Um dos 41 detidos atualmente é Khalid Sheikh Mohammed, um operacional da Al-Qaeda capturado em 2003 na cidade paquistanesa de Rawalpindi e referido no Relatório da Comissão que investigou o 11 de Setembro como “o principal arquiteto dos ataques”.
Abusos aos direitos humanos
Situado na ilha de Cuba, o centro de detenção de Guantánamo está fora da jurisdição legal norte-americana e “tornou-se emblemático dos graves abusos aos direitos humanos praticados pelo Governo dos EUA em nome do [combate ao] terrorismo”, denunciou a Amnistia Internacional.
Tanto esta organização como a Cruz Vermelha confirmaram situações de tortura e maus tratos relatadas por vários prisioneiros.
O início da presença militar norte-americana em Guantánamo remonta ao início do século XX quando, em 1903, Estados Unidos e Cuba celebraram um contrato de arrendamento visando a instalação de uma base naval dos EUA naquela baía. A polémica prisão só surgiu quase um século depois, após o 11 de Setembro.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 20 de janeiro de 2017. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.