Talibãs, aliados táticos na contenção do Daesh afegão

A Rússia está de volta ao país que ocupou durante 10 anos. Desta vez, os talibãs são amigos

O 11 de Setembro vai longe, mas a presença militar dos EUA no Afeganistão está para durar. No terreno, continuam 8400 militares (7000 ao serviço da NATO), um número com tendência para aumentar já que, em fevereiro, numa comissão do Senado, o general John Nicholson, que comanda a força internacional, pediu mais “alguns milhares”.

Esta semana, o conselheiro para a Segurança Nacional dos EUA, general H. R. McMaster, foi a Cabul dialogar com o poder local. “A Administração Trump ainda não anunciou uma nova estratégia, apesar de estar em curso uma revisão da política para o Afeganistão”, diz ao “Expresso” Javid Ahmad, investigador do Atlantic Council, de Washington D.C.. “As mudanças mais prováveis podem incluir uma pressão mais sustentada sobre o Paquistão na perseguição aos talibãs e outros grupos terroristas que beneficiam de refúgio e de apoio dentro desse país.”

A “mãe de todas as bombas” — bomba termobárica quase tão potente como uma nuclear, lançada pela aviação dos EUA há uma semana — visou precisamente uma área junto ao Paquistão, na província de Nangarhar. O ataque coincidiu com a visita do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, à Rússia, herdeira da União Soviética, que ocupou o Afeganistão entre 1979 e 1989 — uma frente “quente” da Guerra Fria — e que está cada vez mais interventiva no Afeganistão.

Talibãs, Al-Qaeda, Daesh-K

“Julgo que há espaço, e necessidade, para uma coordenação mais próxima entre EUA e Rússia em relação ao Afeganistão e à região”, diz ao “Expresso” Mirco Günther, diretor da delegação da Fundação Friedrich Ebert em Cabul. “Apesar das nuances, ambos partilham um objetivo geral: impedir que o Afeganistão se torne um porto seguro para terroristas — outra vez.”

Segundo Cabul, há hoje no país uns 20 grupos terroristas que querem derrubar o Governo. A Al-Qaeda — protagonista do 11 de Setembro — tem uma presença residual, entre 100 e 250 elementos. Em contrapartida, os talibãs — que lhe deram abrigo — são o maior desafio. Segundo os EUA, “controlam, disputam ou influenciam” pelo menos 171 das 398 regiões administrativas. “Estima-se que os talibãs afegãos, cuja liderança está no Paquistão, tenham entre 15 e 25 mil combatentes”, diz Javid Ahmad.

Mas não é a Al-Qaeda nem são os talibãs que motivam “o regresso dos russos” ao Afeganistão, mas antes a célula afegã do Daesh que se estima tenha entre 1000 e 1500 combatentes. (Foi contra grutas e túneis usados pelo Daesh que os EUA lançaram a superbomba.)

“O principal interesse da Rússia é a estabilidade da Ásia Central”, diz Günther. “A grande preocupação é evitar que a violência transborde, incluindo o terrorismo e o crime organizado, em particular do Afeganistão para o vizinho Tadjiquistão”, onde a Rússia tem a 201ª base, a maior fora de portas. “Nos últimos anos, centenas de combatentes estrangeiros oriundos do Cáucaso e da Ásia Central aderiram ao Daesh”.

Criado em janeiro de 2015, o “Daesh no Khorasan” (nome de uma região histórica afegã) é composto por ex-membros do Tehrik-i-Taliban Pakistan (talibãs paquistaneses), desertores dos talibãs afegãos (sobretudo após a morte do líder carismático mullah Omar), combatentes estrangeiros, entre outros do Movimento Islâmico do Uzbequistão, e simples criminosos.

Da Síria e Iraque, inspiração

“É difícil considerar o ramo afegão do Daesh uma extensão das organizações no Iraque ou na Síria. Pode ter recebido incentivo e inspiração, mas provavelmente os seus fundos são locais e têm motivações próprias nas suas operações”, explica ao Expresso Marvin Weinbaum, do Middle East Institute (Washington D.C.). “O Daesh foi sobrevalorizado. É capaz de organizar ataques terroristas, como aqueles contra as minorias, em Cabul, mas tem uma pequena base de operações. Tem sofrido repetidos bombardeamentos dos EUA e muitos líderes foram mortos.”

A ironia do envolvimento russo no Afeganistão prende-se com os aliados que procurou. Se nos tempos da Guerra Fria, os soviéticos tinham nos talibãs inimigos ferozes, hoje tratam-nos como aliados pragmáticos na luta contra uma ameaça comum, o Daesh-K. Os contactos entre russos e talibãs foram confirmados em dezembro pelo embaixador russo no Afeganistão, Alexander Mantytskiy. Moscovo garante que não está a armar os talibãs, apenas coopera e partilha informação, num processo que visa trazer os fundamentalistas para a mesa do diálogo. Mirco Günther alerta: “É importante que qualquer processo [negocial], que se projeta longo e complicado, seja reconhecido e liderado pelos afegãos.”

(Ilustração publicada no Twitter, na conta AboveTopSecret)

Artigo publicado no Expresso, a 22 de abril de 2017

Os guardiães muçulmanos do túmulo de Jesus

O local que abriga o túmulo de Cristo é, desde há séculos, protegido por duas famílias muçulmanas. Os Joudeh guardam as chaves do Santo Sepulcro e os Nusseibeh estão encarregados de abrir e fechar a porta exterior do templo. Ao Expresso, Adeeb Joudeh explica todo o ritual

Em época pascal, o Santo Sepulcro torna-se o centro da cristandade. Localizado no bairro cristão de Jerusalém — cidade santa também para judeus e muçulmanos —, o templo abriga os locais onde, segundo a tradição cristã, Jesus Cristo foi crucificado e sepultado.

Diariamente, a alta e pesada porta de madeira que dá para o exterior, e por onde entram todos os anos milhões de peregrinos e turistas, abre-se pelas quatro da manhã — um pormenor, não fosse o fiel depositário das chaves daquela importante igreja cristã ser… um muçulmano.

“As chaves foram entregues à minha família no ano de 1187 quando o grande líder [muçulmano] Saladino libertou Jerusalém dos cruzados”, conta ao Expresso Adeeb Jawad Joudeh Alhusseini, 52 anos, que detém o pomposo título “Depositário das Chaves do Santo Sepulcro & Titular do Selo do Túmulo Sagrado”. É ele que, a cada madrugada, atravessa a pé as estreitas ruelas da parte velha de Jerusalém levando consigo duas velhas chaves de ferro fundido usadas para abrir a porta do Santo Sepulcro.

Adeeb Joudeh segura uma das chaves, no pátio junto à entrada do Santo Sepulcro ADEEB JOUDEH

Em sua posse, além das chaves, a família Joudeh tem mais de 165 decretos reais emitidos pelos sucessivos sultões que reinaram sobre Jerusalém. Os documentos comprovam a história da família e autenticam o seu papel no ritual de abertura daquele importante templo cristão.

“O Santo Sepulcro é a minha segunda casa”, diz Adeeb. “Sinto a história dos meus antepassados em cada canto deste santuário.”

As duas chaves necessárias para abrir o Santo Sepulcro, sobre um decreto real que atesta o papel da família Joudeh ADEEB JOUDEH

Os zeladores muçulmanos do Santo Sepulcro não se esgotam, porém, nos Joudeh. Uma outra família educada no Islão — os Nusseibeh — é “a porteira” da igreja. Adeeb explica como ambas são indispensáveis para abrir o templo. “Diariamente, eu, na qualidade de guardião das chaves, entrego-as a Wajeh Nusseibeh, o atual porteiro, que, por sua vez, sobe a uma escada para destrancar a fechadura de cima, depois desce e destranca a fechadura de baixo. No fim devolve-me as chaves.”

Na hora de fechar o Santo Sepulcro ao público, pelas 21h, basta bater a porta — após três batidas na aldrava espaçadas meia hora — pelo que apenas os Nusseibeh são chamados a participar.

“Os Joudeh e os Nusseibeh são das famílias mais antigas de Jerusalém”, explica Adeeb. “Têm uma excelente relação entre si, mas cada qual tem a sua própria tarefa.”

Rivais dentro da mesma fé

Durante as épocas festivas — como a Páscoa —, o Santo Sepulcro abre e fecha várias vezes ao dia, mediante solicitação das seis igrejas cristãs representadas no seu interior: ortodoxos gregos, ortodoxos arménios, católicos romanos (franciscanos), coptas, siríacos e etíopes. Monges de todas elas garantem que, diariamente, terminado o horário de visitas para fieis e turistas, a vida dentro do Santo Sepulcro nunca páre.

Rivais dentro da mesma fé, as várias igrejas disputam espaço — capelas, túneis e grutas — e tempo, definindo com rigidez os horários das celebrações de cada comunidade religiosa. Nos sítios mais importantes do Santo Sepulcro — o Calvário, onde Jesus Cristo foi crucificado, e o Edículo, a construção em madeira que envolve o túmulo onde foi sepultado —, as responsabilidades são partilhadas pelas igrejas maiores: ortodoxos gregos, arménios e católicos.

Dentro do Santo Sepulcro estão assinaladas as últimas quatro estações da Via Sacra, o trajeto percorrido por Jesus carregando a cruz. O Edículo, que protege o túmulo de Cristo, é a última WIKIMEDIA COMMONS

A coexistência entre as várias igrejas é regulada pelo “Status Quo” — uma coleção de tradições históricas, normas e leis que definem as relações, atividades e movimentações no interior do Santo Sepulcro. Mas nem sempre o convívio é pacífico… Os monges protegem ferozmente os seus direitos de acesso às várias partes do santuário e o simples direito a limpar determinada superfície, por exemplo, pode originar situações um litígio.

Por vezes, os monges chegam mesmo a vias de facto… A 9 de novembro de 2008, religiosos gregos e arménios envolveram-se em confrontos físicos quando os arménios — que se preparavam para realizar uma cerimónia própria — tentaram colocar um dos seus padres à entrada do Edículo. A rixa obrigou mesmo a polícia israelita a entrar no Santo Sepulcro para apartar as hostes.

Notícia no sítio do jornal britânico “The Telegraph” de 9 de novembro de 2008 sobre confrontos entre monges no interior do Santo Sepulcro, que obrigaram à intervenção da polícia israelita. Foram detidos dois religiosos de cada lado

“O que se passa dentro da igreja são assuntos internos nos quais não interferimos”, diz Adeeb. “O nosso trabalho é proteger as chaves e a igreja. Qualquer conflito entre os monges é uma questão interna com a qual eles próprios têm de lidar.”

Responsabilidade em tenra idade

Adeeb tinha oito anos quando o pai lhe entregou as chaves do Santo Sepulcro pela primeira vez. Aos 13 anos, aprendeu como se sela o túmulo sagrado. “Foi uma sensação muito boa. Transmitiu-me o sentido de responsabilidade e o orgulho da continuação da história dos meus antepassados”, diz Adeeb. “Ser-nos confiadas as chaves de uma das igrejas mais sagradas do mundo é uma grande honra para a família Joudeh AlHusseini em particular e para a comunidade muçulmana em geral.”

Neste cargo, Adeeb já conheceu quatro Papas — três católicos (João Paulo II que visitou a Terra Santa em 2000, Bento XVI em 2009 e o Papa Francisco em 2014) e um copta (Tawadros II de Alexandria, em 2015). “Todos eles elogiaram-nos por este trabalho honroso que vimos a desempenhar há mais de oito séculos. O Papa João Paulo II até nos deu presentes. E o Papa Tawadros partilhou um artigo na sua página do Facebook sobre o papel da nossa família na Igreja.”

Adeeb Joudeh cumprimenta o Papa Francisco, durante a visita do chefe da Igreja Católica à Terra Santa, em maio de 2014 ADEEB JOUDEH

Casado e pai de uma rapariga e de três rapazes, Adeeb tem no filho mais velho, Jawad, o seu sucessor na tarefa da abertura da porta do Santo Sepulcro e da segurança das chaves. “Elas estão protegidas num local muito seguro, não há preocupações.”

(Foto principal: Adeeb Joudeh junto à porta do Santo Sepulcro perante o interesse de uma equipa de filmagens ADEEB JOUDEH)

Artigo publicado no Expresso Diário, a 13 de abril de 2017, e republicado no “Expresso Online”, a 16 de abril de 2017. Pode ser consultado aqui e aqui

Sete do Sul mandam recados para o Norte

Estão a tornar-se rotina os encontros informais dos líderes de sete países do Sul da Europa. Depois de Atenas e Lisboa, Madrid acolheu a terceira cimeira — a primeira após as polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que visaram membros do Sul da UE

Pela terceira vez em oito meses, sete países do sul da União Europeia reuniram-se, ao nível de chefes de Estado ou de Governo, para tomarem o pulso à União e pronunciarem-se sobre as questões do momento.

Chipre, Espanha, França, Grécia, Itália, Malta e Portugal reuniram-se em Madrid, na segunda-feira, numa cimeira informal que tinha como aliciante o facto de se seguir às polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, que visaram alguns países do Sul da Europa.

Numa conferência de imprensa conjunta sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, o Presidente francês, François Hollande, recordou que “graças aos sacrifícios feitos por estes países para reduzir o défice e melhorar a competitividade, a eurozona volta a ser fiável”, escreve o “El País”.

Na mesma linha, Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, pediu a Bruxelas flexibilidade na aplicação das regras europeias e realçou que “os superávites do norte são os défices do sul”.

O drama migratório

Quase todos ribeirinhos ao Mar Mediterrâneo — a exceção é Portugal —, os países reunidos no Palácio El Pardo abordaram a “pressão migratória extrema” que atinge sobretudo o Mediterrâneo Central. “Insistimos que a migração exige um planeamento global”, que passa por “reforçar o diálogo e a cooperação com os países de origem, trânsito e destino das migrações”, mediterrânicos, africanos e asiáticos, lê-se no comunicado final da cimeira de Madrid.

Sendo a Síria, atualmente, a principal fonte desse êxodo dramático, os sete condenaram “o ataque com armas químicas de 4 de abril em Idlib” — que segundo a Organização Mundial de Saúde provocou 84 mortos e 546 feridos —, sem atribuírem autoria. “O uso reiterado de armas químicas na Síria, tanto por parte do regime de Assad desde 2013 como por parte do Daesh, constituem crimes de guerra.”

Os países do Sul da Europa mostram-se “compreensíveis” em relação aos 59 mísseis Tomahawk lançados pelos Estados Unidos contra a base governamental síria de Shayrat, ataque “que tinha a intenção compreensível de impedir e evitar a distribuição e uso de armas químicas”. E reafirmaram que “não pode haver uma solução militar para o conflito”, apenas “uma solução política credível”.

Os sete do Sul reuniram-se pela primeira vez a 9 de setembro de 2016, em Atenas, e depois a 28 de janeiro deste ano em Lisboa. A próxima cimeira terá lugar em Chipre, após as eleições legislativas alemãs de 24 de setembro.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de abril de 2017. Pode ser consultado aqui

Número de mortos do ataque aéreo em Idlib sobe para 58

O hospital onde estavam a ser assistidos sobreviventes do bombardeamento na Síria foi também atingido. Oposição denuncia “ataque químico”

Pelo menos 58 pessoas, incluindo 11 crianças com menos de oito anos, foram mortas, esta terça-feira, durante um ataque aéreo na cidade síria de Khan Sheikhoun, no sul da província de Idlib, controlada pelos rebeldes. Fontes da oposição garantem que foram usados agentes químicos.

Citado pela agência Reuters, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou que o ataque provocou situações de “sufoco ou desmaio” e que várias pessoas “espumavam da boca” — sintomas que evidenciam um possível ataque químico.

Segundo a BBC, após o ataque, aviões dispararam contra clínicas onde sobreviventes estavam a ser assistidos. Segundo a Al-Jazeera, já no domingo, “aviões suspeitos de serem russos” alvejaram por três vezes o principal hospital da cidade de Maaret al-Numan, no norte de Idlib, ferindo pelo menos dez pessoas.

A oposição diz que os aviões usados no ataque desta terça-feira eram sírios ou russos. As autoridades de Damasco negam a uso de armas químicas, o que foi desmentido, no passado, por uma investigação da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) das Nações Unidas, que responsabilizou o regime sírio por ataques em que foi provado o uso de produtos tóxicos.

O principal grupo da oposição, a Coligação Nacional, acusa o Governo do Presidente Bashar al-Assad de ser o responsável pelo ataque a Khan Sheikhoun e apelou às Nações Unidas que investigue o caso de imediato. “Se fracassar em fazê-lo, isso será entendido como uma bênção às ações do regime”, afirmou em comunicado.

O Governo francês já apelou a uma reunião do Conselho de Segurança, onde a Rússia é membro permanente. “Um novo e particularmente sério ataque químico aconteceu esta manhã na província de Idlib”, reagiu o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault. “Condeno este ato repugnante.” E em face destas “ações tão graves que ameaçam a segurança internacional, apelo a que ninguém fuja às suas responsabilidades”.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de abril de 2017. Pode ser consultado aqui

União Europeia e Israel lançam “o maior gasoduto do mundo”

Apresentado em Telavive, o EastMed envolve a exploração de jazidas de gás natural em Israel, Chipre, Grécia e Itália. Para a União Europeia, significa uma redução na dependência energética em relação à Rússia

Os Governos de Chipre, Grécia, Itália e Israel apresentaram os planos de construção do mais longo e mais profundo gasoduto subterrâneo do mundo — 2200 quilómetros de canalizações ao longo do Mar Mediterrâneo, por vezes a 3,5 quilómetros de profundidade, entre Israel e Itália.

O projeto — designado EastMed e desenvolvido pela empresa energética grega IGI-Poseidon — foi elaborado em articulação com a União Europeia, interessada em reduzir a dependência energética do Velho Continente em relação à Rússia.

“Nas próximas décadas, os fluxos de gás da região leste do Mediterrâneo desempenharão um papel vital para a segurança energética da União Europeia”, afirmou Miguel Arias Cañete, comissário europeu para a Ação Climática e para a Energia, na segunda-feira, em Telavive, onde foi apresentada a parceria internacional e onde estiveram presentes os ministros da Energia dos quatro países envolvidos.

“Este é um projeto ambicioso, que a Comissão apoia, na medida em que terá um elevado valor em termos de segurança e de diversificação [de fontes] de abastecimento”, acrescentou.

Dependente da Rússia em termos energéticos, o território europeu viu o fornecimento de gás russo ser fortemente condicionado na sequência da tensa relação entre Rússia e Ucrânia que se arrasta desde 2009 quando os dois países falharam a obtenção de um acordo precisamente sobre o preço e o fornecimento de gás natural.

O gasoduto EastMed começa no reservatório “Leviathan” — descoberto em 2010, ao largo da costa de Israel — e “ligará jazidas ao largo das costas de Israel, Chipre, Grécia e possivelmente Itália”, escreve o diário israelita “Haaretz”.

Terá uma capacidade anual estimada entre 12 e 16 mil milhões de metros cúbicos de gás natural e um custo superior a 6000 milhões de euros.

Se o que está no papel se concretizar, começará a funcionar em 2025. “Mas tentaremos acelerar e encurtar o calendário”, garantiu Yuval Steinitz, ministro israelita da Água, Energia e Infraestruturas Nacionais. Para além do mercado europeu, Telavive planeia exportar gás natural também para a Turquia, Egito e Jordânia.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de abril de 2017. Pode ser consultado aqui