CISJORDÂNIA
CONQUISTADA À JORDÂNIA — “Para assegurarmos a nossa existência temos de ter o controlo militar e policial de todo o território a oeste do [rio] Jordão. A ideia de que podemos abdicar de território e fazer a paz não é correta.” Estas palavras do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, esta semana, são um murro no estômago dos palestinianos, para quem a retirada israelita da Cisjordânia tem de ser total. Além de 2,9 milhões de árabes palestinianos, ali vivem quase 600 mil colonos judeus. Pelos Acordos de Oslo (1993), o território foi dividido em áreas A (18%), controladas pela Autoridade Palestiniana, B (22%), em que os palestinianos têm o controlo civil e os israelitas o militar, e C (60%), que correspondem aos colonatos e às zonas agrícolas do Vale do Jordão, totalmente controladas por Israel. Após a Intifada de Al-Aqsa (2000/05), Telavive começou a construir o polémico muro que hoje serve de fronteira. Para a comunidade internacional, Cisjordânia e Faixa de Gaza fazem parte do futuro Estado independente da Palestina.
FAIXA DE GAZA
CONQUISTADA AO EGITO — Esteve ocupada até meados de 2005, quando Israel desmantelou os 21 colonatos (onde viviam 8000 judeus) e retirou as tropas unilateralmente. Gaza passou então para os palestinianos, a braços com um conflito entre fações políticas rivais: a Fatah (que controla a Autoridade Palestiniana) e o grupo islamita Hamas. Este nasceu sob ocupação israelita, fez-se anunciar com a primeira Intifada (1987) e chocou o mundo ao vencer as eleições legislativas palestinianas de 25 de janeiro de 2006. A vitória não foi reconhecida a nível internacional e, cerca de meio ano depois, o grupo tomou o poder em Gaza pela força. Desde então, Israel e Hamas já travaram três guerras (2008, 2012 e 2014) e o território — onde vivem dois milhões de palestinianos em 360 km — é alvo de um bloqueio por terra, mar e ar, imposto por Israel e pelo Egito. Através de túneis clandestinos entra em Gaza de tudo um pouco, de gado a armas.
MONTES GOLÃ
CONQUISTADOS À SÍRIA — Foram formalmente anexados por Israel após uma votação no Parlamento (Knesset), a 14 de dezembro de 1981. A decisão não foi reconhecida pela comunidade internacional — foi condenada na ONU (resolução 497) — que reconhece a soberania síria sobre os Golã. “Cinquenta anos depois, é tempo de a comunidade internacional perceber que os Golã permanecerão sob soberania israelita”, disse Netanyahu a 17 de abril de 2016. O território é vigiado pela ONU desde 1974, através da missão UNDOF (Força das Nações Unidas de Observação da Separação) que garante o cessar-fogo e a inviolabilidade de uma “terra de ninguém” entre os dois países. O território não tem escapado à guerra na Síria, com trocas de fogo ocasionais entre Israel e diferentes fações em combate. Telavive está especialmente atento às movimentações do grupo xiita libanês Hezbollah, inimigo declarado de Israel e aliado de Bashar al-Assad.
JERUSALÉM ORIENTAL
CONQUISTADA À JORDÂNIA — Em 1967, Israel conquistou a parte árabe da cidade que quer para sua capital “una e indivisível” — e onde se situam o Muro das Lamentações (o lugar mais sagrado para os judeus), a Mesquita de al-Aqsa (terceiro lugar mais importante para os muçulmanos, a seguir a Meca e Medina) e o Santo Sepulcro (túmulo de Cristo). Desde então, Israel tem promovido políticas discriminatórias, quer no acesso à terra quer do direito de construção, com o intuito de aumentar a população judaica e diminuir a árabe. Em Jerusalém Leste, apenas 13% da área municipal é zona de construção para palestinianos. Mais de um terço destes corre o risco de ver as suas casas demolidas com base em subterfúgios administrativos — em 2016, a quantidade de casas palestinianas demolidas foi a mais alta desde 2000. O isolamento de Jerusalém Leste em relação ao resto da Cisjordânia é outra vertente da anexação de Jerusalém Leste por Israel — através de projetos como o E1, por exemplo, que visa unir a cidade santa ao gigantesco colonato de Maale Adumim e dificultar o acesso dos palestinianos da Cisjordânia à cidade onde vão rezar.
PENÍNSULA DO SINAI
CONQUISTADA AO EGITO — Perdido o Sinai em 1967, o Egito tentou, sem sucesso, reconquistar a península na Guerra de Outubro de 1973 (os israelitas chamam-lhe Guerra do Yom Kippur). O território seria devolvido sem ser pela força das armas. Em 1982, na sequência dos Acordos de Camp David de 1978, um tratado assinado em Washington pelo Presidente egípcio Anwar al Sadat e pelo primeiro-ministro israelita Menachem Begin (e testemunhado pelo Presidente dos EUA Jimmy Carter) instituiu a paz entre os dois países e levou à retirada dos colonos israelitas do Sinai. Nos últimos anos este território que une África e Ásia transformou-se em refúgio de grupos armados (alguns formados por beduínos locais, outros jiadistas, nomeadamente o Daesh). A insegurança aumentou após a Primavera Árabe, que no Egito resultou na deposição de Hosni Mubarak e no enfraquecimento do poder central. Os ataques visam sobretudo as forças de segurança egípcias, mas também a minoria cristã copta.
Artigo publicado no “Expresso”, a 3 de junho de 2017


