Irão levanta bloqueio à aplicação Telegram

Fim das restrições coincide com abrandamento dos protestos antigovernamentais. Teerão acusa o popular serviço de troca de mensagens de ajudar à mobilização dos manifestantes

O Irão levantou as restrições impostas ao popular serviço de mensagens Telegram, noticiou, este domingo, a agência iraniana IRNA. “A rede social Telegram está agora disponível nas redes sem fios e de dados.”

O serviço foi normalizado no sábado à noite, coincidindo com um abrandamento nos protestos antigovernamentais que tomaram as ruas de cerca de 80 cidades iranianas desde finais de dezembro. Para o Governo de Teerão, esta rede social é uma poderosa ferramenta de mobilização dos manifestantes.

“As manifestações tornaram-se violentas em alguns locais como resultado de provocações por parte de certos elementos estrangeiros que usaram o serviço de mensagens Telegram”, justifica a IRNA.

A aplicação — que tem cerca de 40 milhões de utilizadores, numa população de 80 milhões — ficou sob fogo do regime dos “ayatollahs” após ter sido usada para incitamento a “conduta odiosa, ao uso de cocktails Molotov, à revolta armada e agitação social”, como denunciou, no Twitter, o ministro iraniano das Telecomunicações, MJ Azari Jahromi.

No mesmo dia, o fundador e CEO da Telegram fez “mea culpa”, anunciou a suspensão do canal onde esse incitamento foi feito e alertou os utilizadores para a existência de “linhas que não devem ser atravessadas”, twitou Pavel Durov.

https://twitter.com/durov/status/947179988213624832?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E947179988213624832%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fexpresso.pt%2Finternacional%2F2018-01-14-Irao-levanta-bloqueio-a-aplicacao-Telegram

O bloqueio da aplicação Telegram foi uma das medidas tomadas pelo Governo iraniano para tentar conter os maiores protestos antigovernamentais realizados no país desde o Movimento Verde de 2009, que contestou a reeleição do Presidente conservador Mahmud Ahmadinejad.

Outras medidas passaram pelo uso da força: a repressão das forças de segurança provocou, pelo menos, 22 mortos e mais de 1000 detidos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 14 de janeiro de 2018. Pode ser consultado aqui

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