Acusado da autoria de um ataque contra a cidade de Duma, o regime de Bashar al-Assad diz tratar-se de uma montagem dos rebeldes ali entrincheirados. Dezenas de pessoas morreram por asfixia
Duma, o último bastião rebelde nos arredores da capital da Síria, Damasco, voltou a ser palco de um ataque químico. “Setenta pessoas sufocaram até à morte e centenas continuam a asfixiar”, testemunhou à Al-Jazeera, Raed al-Saleh, o líder dos Capacetes Brancos. A maioria das vítimas mortais é mulheres e crianças.
Na sua conta de Twitter, esta organização de voluntários que opera em zonas afetas à oposição ao regime sírio revela que foram atingidas famílias, que se tinham abrigado em caves para se protegerem dos bombardeamentos aéreos e das mortíferas bombas de barril.
Segundo Raed al-Saleh, a região de Duma foi atingida por gás cloro e um outro gás forte não identificado. “Os voluntários dos Capacetes Brancos estão a tentar ajudar as pessoas mas tudo o que podemos fazer é transferi-los para outra área a pé.”
Dado o estado crítico de muitos feridos, o número de mortos deverá aumentar.
More families were found suffocated in their houses and shelters in #Douma. The number of victıms is increasing dramatically, and the ambulance teams and the Civil Defense volunteers continue their search and rescue operations. #Doumasuffocating pic.twitter.com/R2Wa3JzZWg
— The White Helmets (@SyriaCivilDef) April 7, 2018
Na sexta-feira, Duma foi fortemente bombardeada com bombas de barril pelas forças do governo. A agência de informação síria (SANA) noticiou que o ataque foi uma resposta aos ataques do grupo rebelde Jaish al-Islam (Exército do Islão) contra áreas residenciais de Damasco. “Os terroristas do Jaish al-Islam estão numa situação decadente e os seus órgãos de informação fazem montagens de ataques químicos numa tentativa falhada de obstruir os avanços do exército sírio.”
“A confirmarem-se, estas informações são assustadoras e exigem uma resposta imediata por parte da comunidade internacional”, reagiu a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert. Washington exigiu a Moscovo que acabe “de imediato” com o seu “apoio inabalável” ao regime de Bashar al-Assad e que torna os russos, “em última análise, responsáveis” pelo ataque.
We continue to closely follow disturbing reports regarding alleged chemical weapons attack targeting a hospital in Douma, #Syria. The Assad regime and its backers must be held accountable and any further attacks prevented immediately. https://t.co/8TfYjIYQ9S pic.twitter.com/i3pmVKYVTp
— Tammy Bruce (@StateDeptSpox) April 8, 2018
Duma é a principal cidade afetada pelo cerco iniciado em abril de 2013 pelas forças governamentais sírias — apoiadas pela Rússia — à região de Ghouta Oriental, controlada pelos rebeldes. Em agosto desse ano, “rockets” com gás sarin foram disparados contra áreas rebeldes, matando centenas de pessoas. Uma missão da ONU confirmou a natureza do gás, mas não conseguiu apurar a autoria do ataque.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui