Austrália reconhece (metade de) Jerusalém como capital de Israel

A embaixada australiana continuará em Telavive. A mudança fica dependente de um acordo entre israelitas e palestinianos. O Brasil poderá ser o próximo país a ir no rasto da histórica decisão de Donald Trump que reconheceu Jerusalém como capital de Israel

O Governo australiano anunciou, este sábado, o reconhecimento de Jerusalém Ocidental como capital de Israel. A embaixada australiana continuará, porém, em Telavive. A sua transferência para a Cidade Santa — bem como o reconhecimento de Jerusalém Oriental como capital do futuro Estado da Palestina — fica dependente da assinatura de um tratado de paz entre israelitas e palestinianos.

“O Governo australiano decidiu que a Austrália reconhece que Jerusalém Ocidental, o local onde se situa o Knesset [Parlamento] e muitas das instituições do Governo, é a capital de Israel”, afirmou Scott Morrison, no cargo desde agosto, num discurso no Instituto de Sidney.

O primeiro-ministro defendeu que a decisão visa apoiar a “democracia liberal” no Médio Oriente e considerou as Nações Unidas um local onde Israel é “intimidado”.

A oposição denunciou uma manobra política visando a obtenção de ganhos nas eleições legislativas previstas para o próximo ano. “Preocupa-me que o Sr. Morrison coloque os seus interesses políticos à frente do nosso interesse nacional”, reagiu o líder da oposição, Bill Shorten.

Paraguai fez marcha-atrás

A Austrália torna-se assim o último país a ir no rasto da histórica decisão dos Estados Unidos — anunciada por Donald Trump a 6 de dezembro de 2017, e que reverteu uma posição política de décadas — de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A embaixada norte-americana em Jerusalém foi deste ano.inaugurada por Ivanka Trump a 14 de maio

Guatemala e Paraguai seguiram a posição norte-americana. Mas em Assunção, um novo Presidente levou a um recuo na decisão. Em setembro, o novo Presidente, Mario Abdo Benítez, considerou a decisão do seu antecessor, Horacio Cartes, “absolutamente unilateral, sem consulta e sem argumentos fundados no Direito Internacional”. Benítez mandou fechar a embaixada em Jerusalém, ao que Israel respondeu encerrando a sua missão diplomática em Assunção.

O Brasil foi o último país a anunciar intenções para mudar a sua embaixada de Telavive para Jerusalém. Jair Bolsonaro referiu-se ao assunto durante a campanha eleitoral e, em finais de novembro, um dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, reuniu-se em Washington com Jared Kushner, o genro de Trump que detém a pasta do conflito israelo-palestiniano. “Isto não é uma questão de ‘se’ o vamos fazer, mas de ‘quando’ o vamos fazer”, disse Eduardo Bolsonaro.

https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1067507960333692929

Jerusalém é a cidade desejada por israelitas e palestinianos para capital dos respetivos Estados. Na parte Oriental — ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967 —, localizam-se os principais lugares santos para as três religiões monoteístas: o Muro das Lamentações (judaísmo), o Santo Sepulcro (cristianismo) e a Mesquita de Al-Aqsa (islamismo).

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de dezembro de 2018. Pode ser consultado aqui

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