A Terra é um sítio cada vez menos amigável para a espécie humana e 2019 foi fértil em provas. Num ano em que muito se falou de Ambiente e em que uma menina sueca despertou consciências e motivou milhões de pessoas a protestar contra a inação dos governos face à emergência climática, multiplicaram-se sintomas de que o planeta está gravemente doente. Nestes 50 países — podiam ser muitos mais —, a degradação ambiental está à vista de todos e fenómenos climáticos extremos tiveram consequências devastadoras. Fica o alerta para 2020
PAQUISTÃO. Por detrás de uma “tela” de poluição, um barbeiro atende um cliente, numa rua de Lahore ARIF ALI / AFP / GETTY IMAGESHOLANDA. Em julho, o termómetro superou os 40°C em várias cidades holandesas. Para refrescar os clientes, esta esplanada de Eindhoven montou um apetrecho extra NICOLAS ECONOMOU / GETTY IMAGESAUSTRÁLIA. Onde se vê lama seca havia antes um canal de drenagem de um lago. Este canguru não escapou a tempo e morreu preso no solo, sem pingo de água que facilitasse a travessia NICK MOIR / GETTY IMAGESPANAMÁ. Contrastes na Cidade do Panamá: uma margem que mais parece uma lixeira em frente à Costa del Este, um grande projeto de desenvolvimento imobiliário LUIS ACOSTA / AFP / GETTY IMAGESGRÉCIA. Junto à aldeia de Stratoni, um mergulhador infla um saco de elevação para retirar das águas uma rede de pesca, durante uma operação de limpeza subaquática REUTERSMALÁSIA. Esta família aproveitou o dia 11 de setembro para ver as vistas desde a Torre de Kuala Lumpur, uma das mais altas do mundo. Mas a visibilidade é reduzida SAMSUL SAID / GETTY IMAGESESTADOS UNIDOS. No estado do Iowa, em março, cheias provocadas por chuvas fortes esventraram silos de milho e destruíram grandes quantidades de colheitas DANIEL ACKER / GETTY IMAGESESPANHA. A ansiedade de dois moradores da aldeia de Valleseco, a 17 de agosto, perante o avanço das chamas, nas Ilhas Canárias BORJA SUAREZ / REUTERSFILIPINAS. Não se vê pinga de água, mas por debaixo desta camada de lixo há um canal que atravessa uma zona residencial, em Manila NOEL CELIS / AFP / GETTY IMAGESCOREIA DO SUL. Máscaras cirúrgicas para ajudar a respirar em Seul nos dias em que o ar está mais contaminado CHUNG SUNG-JUN / GETTY IMAGESMOÇAMBIQUE. A vida continua na Ilha de Ibo, devastada pelo ciclone Idai que atingiu o país no início de março ZINYANGE AUNTONY / AFP / GETTY IMAGESGANA. Estes homens preparam-se para desmantelar uma pilha de lixo eletrónico, em Agbogbloshie. Esta zona de Acra é destino de toneladas deste tipo de resíduos produzidas no Ocidente CHRISTIAN THOMPSON / GETTY IMAGESFRANÇA. Em julho, os Jardins do Trocadero transformaram-se numa verdadeira piscina pública quando Paris foi atingida por uma vaga de calor BERTRAND GUAY / AFP / GETTY IMAGESDINAMARCA. Um pequeno bloco de gelo flutua solitário a sudeste da Gronelândia. O degelo dos glaciares é um dos sintomas mais visíveis do aquecimento global LUCAS JACKSON / REUTERSALBÂNIA. A 26 de novembro, um sismo de magnitude 6.4 abanou o país durante 30 segundos, matando 52 pessoas. A aldeia de Thumane foi das mais danificadas FLORION GOGA / REUTERSTANZÂNIA. Com o seu ateliê inundado pelo rio Msimbazi, que transbordou, esta mulher não interrompeu o trabalho, na área de Mwenge, em Dar es Salaam ERICKY BONIPHACE / AFP / GETTY IMAGESBRASIL. Estas toras foram cortadas ilegalmente perto de Humaita, na Amazónia. Era agosto e uma grande mancha da maior floresta tropical do mundo estava em chamas UESLEI MARCELINO / REUTERSCHINA. O consumo excessivo é uma tendência comportamental que contribui para desequilibrar o planeta. A foto mostra um mercado grossista de carne de porco, nos arredores de Shanghai QILAI SHEN / GETTY IMAGESINDONÉSIA. Um soldado patrulha uma praia suja por um derramamento de óleo, em Karawang, na províncoa de Java Ocidental WILLY KURNIAWAN / REUTERSALEMANHA. Estes alemães não precisaram de ir até ao sul da Europa para usufruírem de boas temperaturas. Bastou estender toalha junto ao lago Bad Saulgau, em julho, durante a vaga de calor THOMAS WARNACK / AFP / GETTY IMAGESTUVALU. A subida do nível dos oceanos, provocada pelo degelo dos glaciares, ameaça muitos Estados insulares, como Tuvalu MARIO TAMA / GETTY IMAGESCHILE. No dia de Natal, um grande incêndio florestal irrompeu pela cidade de Valparaiso. A estrada foi preciosa para travar o avanço das chamas PABLO ROJAS MARIADAGA / AFP / GETTY IMAGESPORTUGAL. Uma casa quase imersa pelo rio Mondego, em Montemor-o-Velho. As depressões Elsa e Fabien cobriram de água vastas áreas do norte e centro de Portugal MIGUEL PEREIRA / REUTERSIRÃO. Grandes cheias, em março e abril, provocadas por chuvas abundantes, isolaram aldeias, provocaram dezenas de mortos e milhares de desalojados, como esta mulher REUTERSITÁLIA. Inundações em Veneza são fenómenos recorrentes que cunham a identidade da cidade. Mas em novembro, a “acqua alta” foi mais intensa do que o habitual MANUEL SILVESTRI / REUTERSRÚSSIA. Na linha da frente do combate às alterações climáticas está a redução das emissões de gases tóxicos para a atmosfera. Nesse capítulo, há trabalho a fazer nesta fábrica de Moscovo WALDO SWIEGERS / GETTY IMAGESÍNDIA. Em cidades muito poluídas como Nova Deli, só os forasteiros estranham a existência de “bares de oxigénio”, onde se vende oxigénio para fins recreativos ANUSHREE FADNAVIS / REUTERSNOVA ZELÂNDIA. Dois socorristas parecem formigas na imensidão da lava cuspida pelo vulcão Whakaari. A erupção, a 9 de dezembro, surpreendeu fatalmente turistas que visitavam a ilha GETTY IMAGESSUÍÇA. A 1 de outubro, dois caminheiros seguiam por um trilho próximo do glaciar Aletsch, nos Alpes, onde havia mais vegetação do que neve FABRICE COFFRINI / AFP / GETTY IMAGESQUÉNIA. O rio Njoro, que neste troço mais se assemelha a um “rio de lixo”, desagua no lago Nakuru, inserido num parque natural que é património da UNESCO JAMES WAKIBIA / GETTY IMAGESÁFRICA DO SUL. Peixes mortos, recolhidos de uma barragem que secou, em Graaff-Reinet MIKE HUTCHINGS / REUTERSCOLÔMBIA. Contentores de apoio à construção de uma barragem, na cidade de Ituango. Interferir nos cursos de água é uma opção muitas vezes desastrosa em termos ambientais NICOLO FILIPPO ROSSO / GETTY IMAGESTURQUIA. A construção de barragens implica, por vezes, a deslocalização de populações inteiras. Foi o caso de Hasankeyf, que obrigou também à transferência de uma mesquita do século XV SERTAC KAYAR / REUTERSBANGLADESH. Há mais poluição do que água neste troço do rio Buriganga, na capital do país, Daca MOHAMMAD PONIR HOSSAIN / REUTERSISRAEL. A degradação dos ecossistemas desorienta os animais. A 5 de dezembro, este grupo de javalis selvagens parecia meio perdido, numa zona residencial da cidade de Haifa MENAHEM KAHANA / AFP / GETTY IMAGESKOSOVO. Em Pristina, a estátua de Madre Teresa de Calcutá surge de máscara posta. Um gesto simbólico para alertar para o ar irrespirável da cidade ARMEND NIMANI / AFP / GETTY IMAGESMÈXICO. Com mais de 20 milhões de habitantes na área metropolitana, a Cidade do México é problemática em termos ambientais. A 16 de maio, por causa da poluição do ar, as escolas fecharam HENRY ROMERO / REUTERSBOTSUANA. Hipopótamo morto no solo inóspito perto do Delta do Okavango, um dos últimos santuários de vida selvagem em África. A falta de chuva levou o governo a declarar “ano de seca” MONIRUL BHUIYAN / AFP / GETTY IMAGESTAILÂNDIA. Em Banguecoque, este casal compra o almoço num negócio de rua, mas tarda em retirar do rosto a máscara que lhes protege as vias respiratórias ROMEO GACAD / AFP / GETTY IMAGESHONDURAS. Ainda há água neste reservatório de Concepcion, nos arredores de Tegucigalpa, mas a encosta gretada revela que o seu nível tem-se mantido baixo JORGE CABRERA / REUTERSREINO UNIDO. Em Londres, os dias chuvosos e cinzentos deram lugar a jornadas ensolaradas e calorentas. Muitos locais refrescaram-se nos oportunos jatos de água de Granary Square NICOLAS ECONOMOU / GETTY IMAGESARGENTINA. Para os amantes de trekking nos glaciares, o Perito Moreno, no sul da Patagónia, é um destino obrigatório… e urgente já que o gelo está a derreter a grande velocidade DAVID SILVERMAN / GETTY IMAGESVENEZUELA. Habitantes de Caracas fazem fila para recolher água que brota de um cano partido. A vida sem estabilidade política é difícil, mas sem água é impossivel JUAN BARRETO / AFP / GETTY IMAGESBOLÍVIA. Chuvas fortes seguidas de deslizamentos de terras originaram o colapso de casas ao estilo de um castelo de cartas. Foi em abril, na região de La Paz DAVID MERCADO / REUTERSURUGUAI. Separação de lixo eletrónico num armazém de Montevideu. O seu destino final origina, muitas vezes, problemas ambientais ANDRES STAPFF / REUTERSSUDÃO DO SUL. Rodeada por água, acumulada após chuvas intensas, esta sudanesa vai à procura de água potável, na cidade de Pibor ANDREEA CAMPEANU / REUTERSJAPÃO. Um rasto de petróleo derramado de uma fábrica contamina parte de Omachi, após chuvas torrenciais terem inundado a cidade GETTY IMAGESNIGÉRIA. Um bombeiro carrega uma mangueira junto a um oleoduto em chamas, vandalizado por ladrões de petróleo. É um desastre ambiental frequente no país PIUS UTOMI EKPEL / AFP / GETTY IMAGESHAITI. Jovens passeiam-se pelo trilho de um esgoto perto das casas onde vivem, em Port-au-Prince CHANDAN KHANNA / AFP / GETTY IMAGESBAAMAS. Originária do Haiti, Aliana Alexis viveu a tragédia nas Baamas. Em setembro, o furacão Dorian varreu o arquipélago e reduziu a sua casa a um monte de destroços AL DIAZ / GETTY IMAGES
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 31 de dezembro de 2019. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.