Um novo método de diagnóstico que passou a ser usado na China levanta dúvidas sobre a real dimensão do problema

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vislumbrou, esta semana, uma luz ao fundo do túnel do combate ao coronavírus e anunciou que a primeira vacina “poderá estar pronta dentro de 18 meses”. Até lá, é urgente que o mundo “acorde” e considere este vírus o seu “inimigo público número um”, declarou o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Um vírus é mais poderoso na criação de tumultos políticos, sociais e económicos do que qualquer ataque terrorista.”
Sem que se conheça ainda a fonte do surto — sabe-se apenas que a infeção aconteceu num mercado de peixe da cidade de Wuhan —, a investigação tentará procurar respostas junto de pacientes que nunca visitaram a China e que, para a OMS, podem ser “a ponta do icebergue” de um problema cuja dimensão real suscita cada vez mais dúvidas.
Dimensão real é incógnita
Os alarmes soaram na quinta-feira após serem detetados 14.840 novos casos na província de Hubei (de que Wuhan é capital) em apenas 24 horas. Pela primeira vez, foram contabilizados casos diagnosticados clinicamente, além daqueles confirmados em laboratório. A OMS questionou Pequim sobre a nova metodologia e, no seu boletim diário, optou por continuar a contar apenas os casos confirmados em laboratório, que na quinta-feira ascendiam a 46.997 (sem informação sobre os mortos).
A OMS criou também um nome oficial para a doença: COVID-19. CO respeita a “corona”, VI a “vírus”, D a “doença” e 19 ao ano em que surgiu. “Ter um nome é importante para impedir designações imprecisas ou estigmatizantes”, defende. Estigmatizar (pessoas ou nações) fragiliza a resposta.
Artigo publicado no “Expresso”, a 15 de fevereiro de 2020. Pode ser consultado aqui
