‘Bibi’ Netanyahu e ‘Benny’ Gantz não conseguiram entender-se para formar governo, no prazo estipulado pelo Presidente. O processo segue agora para o Parlamento, que tentará solucionar um impasse que dura há mais de um ano
A formação de governo em Israel tornou-se um imbróglio de tal ordem que um dos principais jornais do país transformou o tema num passatempo para os leitores.
No seu sítio na Internet, o diário “Haaretz” disponibiliza um gráfico de barras interativo com os nomes de oito formações políticas e o número de deputados que cada uma elegeu nas legislativas de 2 de março passado. Por cima do gráfico é lançado o desafio: “Clique nos partidos e construa a sua própria coligação”.
O “Haaretz” incentiva assim os leitores a descobrir a fórmula que tem escapado aos políticos israelitas, já vai para mais de um ano. Esta quarta-feira à meia-noite terminou o prazo estabelecido pelo Presidente Reuven Rivlin para que Benjamin Netanyahu e Benjamin Gantz, líderes dos dois partidos mais votados nas eleições do mês passado, chegassem a um entendimento e formassem um Executivo.
A 2 de março, o Likud (direita) do primeiro-ministro Netanyahu obteve 36 deputados e a aliança Azul e Branco (centro) do general na reforma Gantz 33. Num país que desde a sua fundação, há 72 anos, sempre teve governos de coligação, as negociações entre forças políticas visando a formação do executivo são um exercício obrigatório — mas estas fracassaram.
O processo transita agora para o Parlamento (Knesset, 120 membros) que terá 21 dias para encontrar uma solução. Isso significa que qualquer deputado que consiga reunir o apoio de 61 deputados terá depois duas semanas para formar governo.
Se também esta opção falhar, Israel irá de novo a votos, pela quarta vez em pouco mais de um ano. A diferença é que as anteriores foram todas marcadas antes de o mundo mergulhar na pandemia de covid-19.
Uma maratona de eleições
Este impasse político arrasta-se há mais de um ano em virtude de sucessivos atos eleitorais sem vencedores inequívocos. Nas eleições regulares de 9 de abril de 2019, o Likud de Netanyahu e a coligação Azul e Branco de Gantz elegeram 35 deputados cada. Mas nenhum conseguiu apoios suficientes no Knesset, onde se sentam partidos árabes, judeus ultraortodoxos, de centro-esquerda e nacionalistas seculares.
O fracasso negocial obrigou a nova jornada eleitoral, a 17 de setembro seguinte. Com 33 deputados, a formação liderada por Gantz conseguiu mais um assento do que o Likud de Netanyahu, mas a vantagem era curta e o desfecho foi o mesmo.
O escrutínio de 2 de março foi a terceira tentativa de resolução pelas urnas deste impasse, que continua na pior altura possível. Como quase todos os outros países à face da Terra, também Israel está a braços com a pandemia de coronavírus. No país há 12.591 casos detetados e 140 mortes, além de 2624 recuperados.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de abril de 2020. Pode ser consultado aqui











































