Estas ilustradoras abraçaram muitas causas, agora precisam que abracemos o seu projeto

A ideia nasceu no ano passado, durante os piores dias da pandemia em Portugal: desenhar ilustrações, vendê-las e entregar o dinheiro a associações necessitadas. Assim nasceu “Uma Causa Por Dia”, um projeto que se repete este ano e com o qual duas ilustradoras pretendem também alertar para causas

Um dia que a pandemia de covid-19 seja passado e alguém se aventure a descrever o seu impacto no mundo, paralelamente ao seu efeito devastador e a todos os relatos de sofrimento e morte, haverá também histórias felizes de gente que não se deu por vencida.

Então ganharão importância, momentos como aquele, em pleno período de confinamento total em Portugal, em que Diana telefonou à amiga Maria para desafiá-la para um projeto a quatro mãos.

O objetivo era simples: angariar fundos para associações”, recorda Maria Reis Rocha. “Somos ambas ilustradoras, sempre fizemos voluntariado, conhecíamos associações e sabíamos das dificuldades pelas quais passavam.” E foi desta forma simples que se lançaram a desenhar ilustrações que contribuíssem para criar consciencialização por causas.

Paralelamente, havia uma motivação que brotara de um incómodo… “Com as pessoas fechadas em casa, e muito tempo passado nas redes sociais, começou a haver muita desinformação e ódio”, acrescenta Diana Reis. “Quisemos combater isso com o pouco que tínhamos ao nosso dispor — o desenho.”

Fazer tudo da noite para o dia

Da ideia à concretização foram umas semanas de dedicação a tempo inteiro. “Durante 30 dias, lançamos uma ilustração por dia: 15 minhas e 15 da Maria, referentes a 15 causas. E ligamos cada causa a uma associação”, explica Diana. “Daí o projeto chamar-se ‘Uma Causa Por Dia’. Íamos desenhando à medida que íamos publicando. Foi uma loucura de um mês.”

Tínhamos de fazer tudo da noite para o dia. Estávamos a montar o projeto enquanto ele se montava a si próprio”, acrescenta Maria. E tudo em contexto de pandemia. “Diziam-nos: ‘Sabem que vão ter de abrir uma associação? Se querem receber esses montantes, o dinheiro não pode entrar nas vossas contas’. Então, no dia seguinte, fomos criar uma associação sem fins lucrativos… com tudo confinado…”

Ao todo, no ano passado, as amigas angariaram 20 mil euros. Um ano volvido, deixaram que o coração falasse mais alto e continuaram com o projeto. “Como tivemos de criar uma associação, para que tudo fosse legal, este ano decidimos voltar a fazer o projeto”, diz Diana. “Já conseguimos fazer tudo com muito mais tempo.”

Fazer de tudo, até de correio

Comparativamente a 2020, “Uma Causa Por Dia” desenvolve-se, este ano, com ligeiras diferenças. “No ano passado, escolhemos 15 associações. Foi demasiado, o nosso foco perdeu-se muito. Éramos só duas a fazer tudo”, diz Diana.

Para além das ilustrações, construíram o site do projeto, recebiam as encomendas, contactavam com a gráfica, emitiam faturas, iam aos correios despachar as compras. Na zona de Lisboa, onde vivem, chegavam mesmo a fazer entregas em mãos próprias…

“Fazer tudo isto para 15 associações foi muito, então este ano decidimos reduzir para metade e escolhemos as sete causas que nos tocam mais.”

  1. Associação Atlas: Apoio aos idosos
  2. Amorempatia: Direitos dos animais
  3. Associação Quinta Essência: Integração da pessoa com deficiência intelectual
  4. Fumaça: Jornalismo independente
  5. Associação Corações com Coroa: Igualdade de género
  6. Plataforma Makobo: Dignidade humana
  7. Cruz Vermelha Portuguesa: Educação para a saúde

A verba apurada reverterá a 100% para as sete, repartida em partes iguais. E resultará da venda de tudo o que Diana e Maria criaram: um livro, dois conjuntos de postais e duas coleções de prints em formato A3, numeradas, assinadas à mão e vendidas com um certificado de autenticidade. Quer o livro, quer os postais são impressos em papel reciclado.

Em comparação com 2020, as artistas repetiram duas causas por serem aquelas que mais lhes tocam: a saúde mental para a Maria e a dos animais para a Diana. Quanto às associações a apoiar, apenas mantiveram uma: o Fumaça. “Para nós, a base de qualquer ação está na informação e na educação. Quisemos manter também a informação como uma das nossas causas prioritárias”, explica Diana.

Um contacto especial

Uma das preocupações das ilustradoras foi associar, no projeto, associações maiores e outras menos conhecidas. O bom trabalho realizado no ano passado, e a credibilidade que conquistaram, levou algumas associações a manifestarem vontade de se associar ao projeto. Uma delas foi a Cruz Vermelha.

“Ficamos completamente incrédulas quando nos ligaram”, admite Diana. “É ótimo por tudo, para darem credibilidade ao projeto, para aprendermos com eles e também para chamarem gente para conhecerem outras associações. Foi espetacular!”

Para além de um livro, Diana e Maria ilustraram postais e ‘prints’ A3 com mensagens alusivas a diversas causas TIAGO MIRANDA

A amizade entre Diana e Maria, de 33 anos, remonta aos tempos passados na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, onde estudaram Design e Comunicação. Ambas já saíram do país, para trilharem caminhos distintos, mas nunca perderam o contacto. De regresso a Portugal, trabalham agora como freelancers.

“Nós sempre estivemos ligadas a causas sociais. Sempre fomos ativistas e mexemo-nos muito”, diz Diana. “Mas constituirmos uma associação para angariar fundos e que contribua para criar consciencialização, provavelmente nunca teria acontecido se não fosse a pandemia.”

As causas são nobres e as duas amigas muito esforçadas. Para chegarem ao grande público, têm contado com o apoio de personalidades do mundo da cultura, a que chegaram com relativa facilidade dado Maria ser sobrinha Zé Pedro, o carismático guitarrista dos Xutos e Pontapés, que foi padrinho do Movimento UPA (Unidos Para Ajudar), de sensibilização para a saúde mental.

Era essencial juntarmos celebridades. Não íamos a lado nenhum só a informar os nossos seguidores. Não ia sair daquela bolha”, diz Maria. “Fomos muito chatas!”

Começaram pelos Xutos e, a partir daí, a palavra foi passando de amigo para amigo, ao estilo de uma verdadeira comunidade. “As celebridades podem ajudar de forma gigante: dando a cara para credibilizar o projeto, porque ninguém nos conhece, e ajudando-nos a espalhar a mensagem, porque têm muito alcance.”

No ano passado, o lançamento da campanha contou com um vídeo de apelo feito por caras conhecidas. “Artistas de todo o lado, músicos, bailarinos, a quererem fazer algo para ajudar. Pessoas que também estavam numa situação difícil, com falta de trabalho”, elogia Maria.

Para além de fazerem apelos e partilharem o link do projeto nas suas redes sociais, este ano, algumas celebridades apadrinham e amadrinham as associações escolhidas.

“Uma Causa Por Dia” condensa talento, generosidade, amizade e altruísmo, e também uma vontade férrea de continuar, apesar das dificuldades. Diz Maria: “Quando começámos, como não sabíamos no que nos estávamos a meter, pensámos que seria uma coisa para o momento da pandemia. Depois, percebemos que as associações precisam de ajuda constante. E fica o bichinho de querermos ajudar.

“Não queremos parar”, acrescenta Diana. “Estamos a ver de que forma podemos tornar a nossa associação sustentável. No ano passado, estivemos sete meses sem trabalhar, só a fazer isto. Gastámos as poupanças todas. Este ano, a ter de trabalhar, andamos a mil. Este é um projeto completamente voluntário.

A duas semanas do Natal, há ainda livros, postais e ilustrações disponíveis para venda. Se o leitor não conhece o trabalho das organizações a que se destina o dinheiro angariado, o Expresso sugere-lhe que adquira o livro e se deixe guiar pela pequena Leonor, que num assomo de curiosidade descobriu como cada uma das sete pode, no respetivo campo de intervenção, contribuir para mudar o mundo.

(FOTO PRINCIPAL As ilustradoras Diana Reis (à esquerda) e Maria Reis Rocha, fotografadas no Jardim do Campo Grande, em Lisboa TIAGO MIRANDA)

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 14 de dezembro de 2021. Pode ser consultado aqui

O inexperiente Kim segue no poder, já lá vão 10 anos

Ao apostar, em simultâneo, no desenvolvimento da economia e do programa nuclear, Kim Jong-un mergulhou o país num círculo vicioso

(IMAGEM Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte VECTORPORTAL)

Quando Kim Jong-un (KJU) subiu ao poder, muitos invocaram a sua juventude, inexperiência e a forma súbita como herdou a presidência — após a morte do pai de ataque cardíaco, faz 10 anos na próxima sexta-feira — para lhe perspetivarem um mandato curto. “Especulou-se muito quanto à possível queda iminente do regime”, comenta ao Expresso Rita Durão, especialista em estudos asiáticos. “Dez anos depois, o regime perdura, apesar de processos de transição de poder, desastres naturais, sanções económicas internacio­nais e até a pandemia.”

Para esta doutoranda em Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa, o principal sucesso da liderança de KJU “é a capacidade de resiliência da Coreia do Norte, que prova, ano após ano, que, apesar das dificuldades, está cá para ficar”, na senda do que aconteceu com os seus antecessores.

Um ‘negócio de família’

Desde a fundação do país, em 1948, que a liderança é um ‘negócio de família’. Oficialmente uma república, a Coreia do Norte é governada ao estilo de uma dinastia, com o poder a passar de pai para filho por morte do primeiro: Kim Il-sung mandou até 1994, Kim Jong-il até 2011 e KJU desde então.

“Kim Il-sung [avô do líder] e Kim Jong-il [pai] viveram num contexto histórico diferente e, a certos níveis, mais complexo”, continua Rita Durão. “As experiências na luta contra o imperialismo japonês [1910-1945] e na Guerra da Coreia [1950-1953] marcaram o regime de Kim Il-sung, enquanto Kim Jong-il assumiu o poder no final da Guerra Fria, após a queda da URSS e o desafio da adaptação do país a uma nova ordem internacional.”

O programa nuclear é simultaneamente a solução e a base de vários problemas com que o regime se depara

Chegado ao poder com 29 anos, KJU revelou-se um líder “menos ideológico do que o seu pai ou avô e mais extrovertido do que o pai”, acrescenta ao Expresso Jenny Town, diretora do “38 North”, um site de análise sobre a Coreia do Norte que vai buscar o nome ao paralelo que divide a península coreana em dois países. “Enquanto os antecessores construíram a sua legitimidade na condução do país através de conflitos e adversidades extremas, KJU, sem essa experiência, tem tentado construir um legado de prosperidade económica, e não apenas de sobrevivência.”

Com memórias da “Marcha Árdua” — um período de fome que afetou milhões de norte-coreanos entre 1994 e 1998, era o pai Presidente —, KJU assumiu a missão de fazer com que o povo não tivesse mais de morrer à míngua. Mas esse objetivo permanece uma intenção.

A ameaça da fome

Após uma visita à Coreia do Norte para avaliar o impacto da grave seca de 2018, o Programa Alimentar Mundial da ONU calcula que 11 milhões dos 25 milhões de norte-coreanos sofram de subnutrição. O cálculo não considera ainda os efeitos da pandemia. “A Coreia do Norte foi dos primeiros países a fechar fronteiras para evitar a entrada do vírus”, recorda Rita Durão. “A imposição de sanções internacionais — que não foram levantadas, como a Coreia do Norte pediu —, o impacto da pandemia e o aparente abandono de reformas económicas fazem temer pelo futuro económico do país e pelo possível surgimento de novo período de fome.”

“O acesso aos alimentos é uma preocupação séria. Crian­ças e idosos vulneráveis correm o risco de morrer à fome”, alertou Tomás Ojea Quintana, relator da ONU para os direitos humanos na Coreia do Norte, num relatório de 8 de outubro.

O acesso aos alimentos é uma preocupação séria. Crianças e idosos vulneráveis correm o risco de morrer à fome

A prioridade dada por KJU à proximidade com o povo, à promoção do bem-estar e à prosperidade não significou a abertura do país nem a rejeição do programa nuclear. “Comparativamente aos líderes anteriores, KJU é quem mais tem apostado no desenvolvimento do programa nuclear e balístico. Acredita ser esse o meio que lhe assegura a sobrevivência face a ameaças externas, nomea­damente dos Estados Unidos”, diz a analista portuguesa. “É também com KJU que vemos o programa nuclear desenvolver funções adicionais para o regime, tornando-se fonte de prestígio a nível externo e projetando a imagem da Coreia do Norte como potência nuclear, como os Estados Unidos, China e Rússia.”

“KJU parece ser um líder pragmático e disposto a correr riscos, embora a forma como conduziu o país durante a pandemia e antes, ao longo dos fracassos diplomáticos de 2018/2019, tenha enorme impacto na forma como governará daqui em diante”, diz Jenny Town. KJU coprotagonizou manchetes ao realizar cimeiras com os homólogos da Coreia do Sul e Estados Unidos, Moon Jae-in e Donald Trump. Porém, nenhum diálogo frutificou e hoje vinga a desconfiança de sempre.

Nuclear: bom e mau

O desenvolvimento simultâneo da economia e do programa nuclear e balístico mergulham o país num “círculo vicioso”, continua Rita Durão. “A Coreia do Norte realiza testes devido à ameaça externa. O programa nuclear é necessário para salvaguardar a segurança e para que o regime possa, posterior­mente, canalizar recursos para a economia. No entanto, é a constante aposta no nuclear que origina sanções internacio­nais. O programa nuclear é a solução e a base de problemas com que o regime se depara.”

Com uma saúde fragilizada pelo tabaco e pela obesidade, KJU está frequentemente na origem de rumores sobre a sua sucessão. “A sua saúde é importante, já que lidera um país com armas nucleares e pouco se sabe sobre quem as controla”, conclui Jenny Town. “Mas há uma reação exagerada sempre que ele desaparece dos olhares públicos.”

Artigo publicado no “Expresso”, a 11 de dezembro de 2021. Pode ser consultado aqui

A maior prisão mundial para jornalistas continua a regredir ao nível do acesso à informação

Numa semana especial para o jornalismo, a organização Repórteres Sem Fronteiras tomou o pulso à liberdade de imprensa na China e concluiu que “sob a liderança do Presidente Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês aumentou drasticamente o seu controlo sobre jornalistas”. Para este retrato negro contribui, entre outros, 127 jornalistas presos e uma ampla estratégia de controlo do acesso à informação a que nenhum chinês escapa

© 2019 Brian Stauffer for Human Rights Watch

Nas últimas semanas, duas mulheres têm sido rostos dos limites ao exercício de direitos e liberdades na República Popular da China. Uma delas é Peng Shuai, tenista de 35 anos que representou o país em três edições dos Jogos Olímpicos e que acusou um ex-vice-primeiro-ministro chinês de a ter forçado a relações sexuais. Após a denúncia, a atleta desapareceu das redes sociais e da vida pública. O Comité Olímpico Internacional conseguiu contactá-la, mas há suspeitas de que possa estar refém das autoridades de Pequim, proibida de sair do país e forçada a negar a história que denunciou.

Outra chinesa em rota de colisão com as autoridades chinesas é Zhang Zhan, jornalista de 38 anos que, no início da pandemia de covid-19, expôs a situação na cidade de Wuhan, onde primeiro foi identificado o vírus SARS-CoV-2, publicando nas redes sociais mais de 100 vídeos filmados com o telemóvel. A 28 de dezembro passado, foi condenada a quatro anos de prisão.

“Em maio de 2020, Zhang Zhan foi levada pela polícia do seu hotel em Wuhan. A sua reportagem sobre o surto de covid-19 no epicentro da pandemia foi interrompida de forma abrupta. Na prisão, tem feito greves de fome para reclamar os seus direitos constitucionais enquanto cidadã chinesa, poder expressar-se livremente e protestar contra a sua detenção arbitrária. O seu advogado pôde visitá-la algumas vezes e disse que, desde o primeiro dia, ela não fez uma única refeição normal.”

Este relato foi feito por Jane Wang, coordenadora da campanha #FreeZhangZhan, durante um webinar organizado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que este ano atribuiu um prémio à jornalista chinesa. “No final de julho”, continuou Wang, “Zhang Zhan foi internada num hospital penitenciário, amarrada a uma cama e alimentada à força durante 11 dias. No início de agosto, a sua família foi informada de que ela pesava menos de 40 quilos e tinha sintomas de má nutrição grave. No final de outubro, não conseguia andar ou sequer levantar a cabeça.”

webinar dos RSF, a que o Expresso assistiu terça-feira, visou a apresentação do novo relatório da organização sobre o estado do jornalismo na China. Nas palavras de Christophe Deloire, secretário-geral dos RSF, o documento expõe “como o regime tenta construir uma sociedade-modelo sem jornalismo” e “uma sociedade onde o Estado diz aos cidadãos o que se pressupõe que possam pensar e na qual partilhar informação factual é crime”.

O relatório constata ainda que “sob a liderança do Presidente Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês aumentou drasticamente o seu controlo sobre jornalistas”, não só na China continental como em Hong Kong e Macau.

127

jornalistas estão, atualmente, presos na China. Trata-se de uma parte considerável dos 293 repórteres que, segundo o Comité para a Proteção de Jornalistas, estão detidos em todo o mundo

Um caso referido no relatório é o de Cheng Lei, jornalista australiana nascida na China que trabalhava como pivô na China Global Television Network (CGTN). Em novembro de 2019, foi oradora na WebSummit, em Lisboa; meio ano depois era detida na China, acusada de “fornecer segredos de Estado a um país estrangeiro”. Desde então, continua sem data de julgamento marcada.

“Para silenciar os jornalistas, o regime chinês acusa-os de ‘espionagem’, ‘subversão’ ou ‘fomento de altercações e provocação de problemas’, três ‘crimes de bolso’, termo usado por especialistas em direito chinês para qualificar ofensas que são definidas de forma tão ampla que podem ser aplicadas a quase todas as atividades”, lê-se no relatório dos RSF. As duas primeiras acusações podem valer prisão perpétua.

Convite traiçoeiro para um chá

Com 82 páginas, o relatório dos RSF tem como título “O grande salto atrás do jornalismo na China”, num jogo de palavras alusivo ao “Grande Salto em Frente”, a campanha económica e social com que Mao Tsé-Tung pretendeu modernizar a China, entre 1958 e 1962.

Entre os vários obstáculos à liberdade de informação na China, o documento destaca:

  • Bloqueio de sites na Internet
  • Vigilância de grupos de conversação online, como a app WeChat, que se tornou uma espécie de cavalo de Tróia da polícia
  • ‘Exército’ de trolls ao serviço do regime
  • Colocação de jornalistas em regime de “Vigilância Residencial num Local Designado”, durante meses
  • Convite para “um chá” com responsáveis pela censura e propaganda, como forma de intimidação
  • Diretrizes diárias do Partido Comunista Chinês sobre assuntos sensíveis, como Tibete, Xinjiang, Hong Kong, Taiwan, corrupção e dissidência
  • Aumento de assuntos tabu sobre os quais é proibido reportar, como Tiananmen e, mais recentemente, o movimento #Me Too e a covid-19
  • Confissões forçadas na televisão, por parte de jornalistas detidos pelo regime
  • Lei da Segurança Nacional (no caso de Hong Kong)
  • app Study Xi

Adotada para “fortalecer o país”, a aplicação Study Xi — uma encomenda do Partido Comunista Chinês à gigante do comércio digital Alibaba — é uma ferramenta educativa destinada a difundir o pensamento do Presidente Xi Jinping. Desde outubro de 2019, os jornalistas chineses têm sido forçados a fazer o download dessa app para renovar a carteira profissional.

A aplicação permite que o regime avalie o conhecimento e a lealdade dos jornalistas à doutrina oficial, mas mais do que isso… também permite que as autoridades espiem o conteúdo dos smartphones dos jornalistas, pondo em perigo profissionais e fontes.

“Sabemos que a livre circulação de informação é a fundação de uma sociedade civil e que informar os cidadãos é a fundação da democracia”, disse Wu’er Kaixi, antigo dirigente dos protestos estudantis na Praça Tiananmen, durante a apresentação do relatório dos RSF.

“Na China, não temos democracia nem sociedade civil, temos totalitarismo, um regime que oprime a dissidência do seu povo, envia jornalistas para a prisão, dissemina informação falsa e transforma os media do Estado numa máquina de propaganda que mente não só ao seu povo como a todo o mundo, mesmo perante a verdade.”

O ativista justifica o declínio da liberdade de imprensa na China com “as atrocidades que o regime comete contra o povo uigur. No século XXI, [a China] mantém mais de um milhão de uigures em campos de concentração”, diz Wu’er Kaixi, que se questiona como é possível que tal aconteça nos dias de hoje.

“Como pode um regime realizar tal ato? Com a tolerância do mundo”, continua. “O mundo tem concordado com a China. Não fazer nada, é concordar”, diz. “É muito importante acordarmos que as democracias ocidentais lideradas pelos EUA e a Europa têm sido cúmplices nas últimas décadas. E é hora de parar.”

No Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2021, dos RSF, a China surge na 177ª posição entre 180 países. Atrás de si, tem apenas o Turquemenistão, a Coreia do Norte e a Eritreia.

Badiucao, o cartoonista político que desenhou a capa do relatório dos RSF, e que vive na Austrália, viu recentemente o Governo chinês tentar cancelar uma exposição sua num museu de Brescia, no norte de Itália. A pressão foi exercida de múltiplas formas: sobre as autoridades italianas, nas redes sociais do artista, junto da sua família em Xangai e através de visitas suspeitas, durante a sua estadia em Itália, onde recebeu ameaças de morte de forma velada.

“A liberdade do jornalismo na China não diz respeito apenas ao bem-estar das pessoas na China. Também tem tudo a ver com as pessoas de fora da China, com a sociedade democrática, com os países que ainda gozam de liberdade de imprensa”, disse Badiucao.

“A propaganda da China como um vírus, que não pára dentro da China e infetará o mundo exterior, e o objetivo é tirar a liberdade de todos. O problema da liberdade de imprensa da China é também um problema nosso”

Badiucao
 cartoonista político chinês

A divulgação deste relatório teve em conta a realização de dois eventos, nos próximos dias, com potencial para indispor a China. Por um lado, a Cimeira pela Democracia, organizada de forma virtual pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esta quinta e sexta-feiras, que reunirá cerca de 110 países. “A China, claro, não foi convidada, mas estará com toda a certeza nas mentes de todos, uma vez que o regime de Pequim é uma das mais importantes ameaças à democracia em todo o mundo”, disse Christophe Deloire.

Por outro, a entrega do prémio Nobel da Paz, sexta-feira, a dois jornalistas — a filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov — numa cerimónia em Oslo, na Noruega. “Será uma mensagem muito forte e poderosa para os predadores da liberdade de imprensa e um encorajamento para todos aqueles que defendem o jornalismo em todo o mundo”, concluiu o secretário-geral dos RSF. “Esta é, na realidade, uma semana muito especial para o jornalismo.”

Os Repórteres Sem Fronteiras divulgaram apenas as versões inglesa e francesa do relatório, disponíveis neste link. A 24 de janeiro, dez dias antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, o documento será divulgado em outras oito línguas, inclusive em português

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 9 de dezembro de 2021. Pode ser consultado aqui

Uma acendalha num barril de pólvora

Para Pequim, a ilha simboliza a dificuldade de estender a revolução maoista a todo o território chinês. Para os EUA, é uma forma de fragilizar a China

INFOGRAFIAS DE JAIME FIGUEIREDO

Há países ‘minúsculos’ que têm a capacidade de se agigantar perante vizinhos poderosos, numa espécie de versão geopolítica do episódio bíblico de David contra Golias. Taiwan é um deles. Situada a cerca de 180 quilómetros da costa da República Popular da China, a ilha tem pouco mais de um terço do território de Portugal, embora mais do dobro da população. Reconhecido como Estado independente por apenas 15 países, Taiwan tem enorme potencial para incendiar a região e, por arrasto, todo o mundo, por implicar na definição do seu futuro a China e os Estados Unidos.

“Para a República Popular da China, Taiwan simboliza a dificuldade de implantar a revolução maoista em todo o território chinês. Não devemos esquecer que foi a República da China de Taiwan que ganhou assento como país fundador da ONU, mantendo-se nessa posição até 23 de novembro de 1971. Para a China, Taiwan representa um projeto político alternativo, que é uma ameaça putativa ao sistema político de Pequim”, explica ao Expresso Tiago André Lopes, docente na Universidade Portucalense. “Para os Estados Unidos, a instrumentalização de Taiwan é forma de fragilizar a China, num momento de expansão e projeção de poder no Pacífico onde Washington tem interesse estratégico.”

Ameaças de invasão

Taiwan sempre foi uma questão central na relação entre a China e os EUA, desde 1949. Fruto da guerra civil, a República da China dividiu-se em duas: a República Popular da China (também designada China continental ou comunista) e a República da China (Taiwan, Formosa ou China nacionalista).

“A República Popular da China há muito que ameaça invadir Taiwan”, diz ao Expresso Ming-sho Ho, professor no Departamento de Sociologia da Universidade Nacional de Taiwan, que identifica três razões para a mais recente tensão em torno da ilha: “Agravamento das relações China-EUA em muitas frentes, como guerra comercial e Hong Kong; chegada ao poder, em Taiwan, do Partido Democrático Progressista, em 2016, que se inclina para a independência; e intrusão recente e cada vez mais frequente de caças chineses no espaço aéreo taiwanês.”

Na próxima semana, a Cimeira pela Democracia corre o rico de atiçar ainda mais a fogueira. Convocada por Joe Biden, decorrerá de forma virtual, quinta e sexta-feira, com representantes de 111 países, entre eles Portugal. As intervenções far-se-ão em torno de três eixos: rejeição do autoritarismo, luta contra a corrupção e respeito pelos direitos humanos.

Taiwan foi convidada para a cimeira, mas não a China nem a Rússia. Num artigo conjunto, publicado a 26 de novembro no sítio do jornal conservador norte-americano “The National Interest”, os embaixadores chinês e russo nos EUA, Qin Gang e Anatoly Antonov, respetivamente, defenderam que a iniciativa é “produto evidente da mentalidade de Guerra Fria” de Washington, que “vai estimular o confronto ideológico e uma fenda no mundo, criando novas ‘linhas divisórias’”.

A ironia de Biden

Tiago André Lopes constata uma “ironia” na forma como o Presidente americano estende a mão a Taiwan. “É curioso notar que os EUA só passaram a reconhecer a China continental em detrimento de Taiwan em dezembro de 1978, com o Presidente Jimmy Carter, do Partido Democrata. Existe alguma ironia histórica em ser o Presidente Joe Biden, do mesmo partido, a olhar de novo para Taiwan como alavanca da sua ação política.”

A 15 de novembro, Biden e Xi Jinping reuniram-se pela primeira vez, numa cimeira virtual. Taiwan veio à baila e as diferenças de abordagem ficaram expostas. Segundo a Casa Branca, Biden reafirmou o apoio de longa data dos EUA à política da “China Única”, segundo a qual há apenas um Estado soberano que é a China e Taiwan faz parte dele, e a oposição aos esforços unilaterais para mudar o statu quo ou minar a paz em torno do estreito de Taiwan. Já a agência estatal chinesa Xinhua noticiou que Xi defendera que quem busca a independência em Taiwan, e aqueles que os apoiam nos EUA, estão “a brincar com o fogo”.

“Suspeito que Biden preferisse que Taiwan não fosse nada importante para os EUA”, diz ao Expresso Alan Bairner, professor na Universidade de Loughborough (Reino Unido). “No entanto, a posição americana contém em si uma contradição fundamental que não é fácil de resolver. A vontade de defender Taiwan, em conjunto com a aceitação da política da China Única, pura e simplesmente não pode ser sustentada em circunstâncias em que a China ameace invadir ou assumir o controlo de Taiwan por outros meios.”

Olhando para o planisfério, o estreito de Taiwan surge como putativa acendalha numa região percorrida por aparatosos dispositivos militares, tornando o Pacífico um cenário de jogos de guerra. Uma interrogação persiste nas análises ao potencial de conflito da zona: estará a China disposta a recorrer à guerra para submeter a sua província rebelde?

“Os especialistas estão divididos”, diz Ming-sho Ho. “Alguns acham que a República Popular está apenas a fazer bluff, enquanto outros acham que é um cenário cada vez mais provável.” “É impossível prever”, acrescenta Alan Bairner. “Diria que é improvável, mas não totalmente implausível.”

A paciência das elites chinesas

“Em política tudo é impossível até se tornar possível”, sugere Tiago André Lopes. “A ameaça de uma invasão militar pela China, se Taiwan avançar com reivindicações de soberania política, não é nova e culmina na famosa Lei Antissecessão de 2005, que materializa juridicamente essa possibilidade.” O diploma prevê o uso da força contra Taiwan se falharem os meios pacíficos para a reunificação, como aconteceu com Hong Kong e Macau.

“Contudo, Pequim está consciente de que qualquer intervenção musculada em Taiwan abriria portas a que a comunidade internacional se sentisse legitimada em usar a força contra a China”, continua o académico português. “Ou seja, o ganho de assimilar Taiwan por via bélica é menor do que a manutenção do statu quo e a expectativa de que, a longo prazo, as novas gerações de Taiwan venham a ser progressivamente menos nacionalistas e pró-soberanistas. Não podemos olhar para as escolhas políticas da China no curto prazo: as elites políticas chinesas sabem ser pacientes.”

A estratégia de Pequim passa também por apertar o cerco a países que invistam na relação com Taiwan. O alvo mais recente foi a Lituânia, onde a ilha abriu recentemente uma missão diplomática. A 21 de novembro, a China reduziu a categoria do seu representante em Vilnius de embaixador para encarregado de negócios e fez dois bombardeiros com capacidade nuclear sobrevoar o sul de Taiwan, numa clara ação de intimidação, destinada a exercer pressão.

“É provável que a maioria das pessoas em Taiwan esteja disposta a aceitar a continuação do entendimento atual. Sabem, no entanto, que depende do Partido Comunista Chinês aceitar o estatuto de quase independência de Taiwan, que concede à ilha um reconhecimento internacional muito limitado”, diz Alan Bairner. “Nos corações, muitos preferem a independência formal e um assento na ONU, mas não vejo como é que isso pode acontecer nas atuais circunstâncias. A única esperança seria convencer mais países a reconhecer Taiwan e, assim, pressionar a China para que desistisse da sua reivindicação. Mas por enquanto, demasiados Estados estão dependentes da China para que isso aconteça.”

Artigo publicado no “Expresso”, a 4 de dezembro de 2021. Pode ser consultado aqui

Tragédias de migrantes, explosões de vulcões, guerras, pandemia: o mundo em imagens em 2021

Se o assalto ao Capitólio, nos Estados Unidos, por parte de apoiantes de Donald Trump, marcou o início de 2021, o ano termina sob o signo de uma grande tragédia chamada Afeganistão. Pelo meio, múltiplos eventos climáticos extremos confirmaram que as alterações climáticas não são ficção. A nível individual, destaca-se a coragem de Simone Biles, a descontração de Bernie Sanders e o reconhecimento feito pelo Papa Francisco a um super-herói

A aflição perante a ameaça colocada pelas chamas a toda uma (longa) vida, na ilha grega de Evia KONSTANTINOS TSAKALIDIS / GETTY IMAGES
Vidas interrompidas também no Afeganistão, com o regresso ao poder dos talibãs. Milhares de pessoas optaram por tentar fugir do país MARCUS YAM / GETTY IMAGES
Talibãs divertem-se num parque de diversões, em Cabul. De volta ao poder, exibiram tanto de intolerância como de infantilidade MARCUS YAM / GETTY IMAGES
A casa da democracia dos EUA invadida por fanáticos apoiantes de Donald Trump, derrotado nas presidenciais. Foi a 6 de janeiro, um dia negro que entrou para a história do país WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES
O desespero no interior do Capitólio, com deputados deitados no chão, em pânico, perante os gritos ameaçadores dos intrusos TOM WILLIAMS / GETTY IMAGES
A instabilidade política nos EUA não esmorece o sonho americano de migrantes como estes que seguem a pé, com crianças exaustas em carrinhos de supermercado, através do México DANIEL BECERRIL / REUTERS
Em fila para entrarem em autocarros, estes migrantes tiveram sorte diferente. Intercetados, aceitaram um visto humanitário para ficarem no México JOSÉ LUIS GONZÁLEZ / REUTERS
Na Europa, o epicentro da crise migratória foi a fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, onde milhares de pessoas acamparam em florestas para tentarem entrar na União Europeia REUTERS
Famílias inteiras, na sua maioria em fuga à miséria no Haiti, atravessam um de muitos rios que têm pela frente, na região de Darién, na Colômbia JOHN MOORE / GETTY IMAGES
No Mediterrâneo, um jovem utiliza garrafas de plástico para manter-se à tona e tentar alcançar a costa de Ceuta, território espanhol no norte de África JON NAZCA / REUTERS
Uma mulher é detida durante uma vigília em Londres, em memória de Sarah Everard, cujo sequestro, violação e assassínio às mãos de um polícia revoltou o Reino Unido HANNAH MCKAY / REUTERS
Por todo o mundo, vários vulcões entraram erupção com grande intensidade. Foi o caso do Fagradalsfjall, na Islândia CAT GUNDRY-BECK / REUTERS
A instabilidade da superfície terrestre manifestou-se também na aldeia de Nefyn, no País de Gales, com um aparatoso desabamento a ameaçar arrastar casas pelo precipício CARL RECINE / REUTERS
Elasticidade e… magia, no tapete do Palácio de Cultura e Desportos de Varna, na Bulgária, durante o Campeonato Europeu de Ginástica Rítmica SPASIYANA SERGIEVA / REUTERS
Poderia ter sido até à eternidade, mas o compromisso entre Lionel Messi e o Barcelona terminou aos 20 anos de vida. O futebolista argentino saiu em lágrimas ALBERT GEA / REUTERS
Mattia Villardita, um italiano que encarna o Homem-Aranha para espalhar alegria em hospitais pediátricos, é saudado pelo Papa Francisco, na Praça de São Marcos REMO CASILLI / REUTERS
No zoo de Bakhchisaray, na Crimeia, o herói é um gibão deambulante entre miniaturas. A escala da instalação expõe a insignificância humana perante a natureza ALEXEY PAVLISHAK / REUTERS
O Parque Nacional das Sequoias, no estado norte-americano da Califórnia, transformado num mar de chamas DAVID SWANSON / REUTERS
A natureza no seu esplendor, no rio Yamuna, em Nova Deli, enquanto pescadores alimentam gaivotas NAVESH CHITRAKAR / REUTERS
Militares etíopes do sexo feminino capturadas pelos rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray, na região de Mekele YASUYOSHI CHIBA / AFP / GETTY IMAGES
Joe Biden e Kamala Harris cumpriram o primeiro ano à frente da Administração dos EUA, com rasgados sorrisos mas também grandes preocupações KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Pelo segundo ano, a pandemia condicionou o funcionamento do mundo. Também na Sérvia, onde a Stark Arena, em Belgrado, transformou-se num hospital de campanha para doentes covid MARKO DJURICA / REUTERS
A dor incontrolável de uma jovem brasileira perante a morte da mãe, uma das mais de 5,4 milhões de vítimas mortais da covid-19, em todo o mundo BRUNO KELLY / REUTERS
Na Índia, tomam-se os cuidados possíveis, durante um festival hindu, em Haridwar, nas margens do sagrado rio Ganges DANISH SIDDIQUI / REUTERS
Trabalho contínuo no crematório Sarai Kale Khan, devido à pandemia, na capital indiana, Nova Deli  AMAL KS / GETTY IMAGES
Em Bruxelas, na Bélgica, uma manifestação em desafio às restrições justificadas com a covid-19 foi contrariada com jatos de água YVES HERMAN / REUTERS
Na África do Sul, a prisão de Jacob Zuma, motivou protestos de rua, reprimidos com violência. O ex-Presidente saiu, entretanto, em liberdade condicional SUMAYA HISHAM / REUTERS
Ainda que sem público nas bancadas, os Jogos Olímpicos de Tóquio decorreram com a espetacularidade de sempre HANNAH MCKAY / REUTERS
Uma “acrobacia” durante uma corrida de MotoGP, no circuito britânico de Silverstone. O “artista” não é Miguel Oliveira, mas antes o francês Fabio Quartararo ANDREW BOYERS / REUTERS
Raios cruzam os céus de Pequim, sobre edifícios com as fachadas transformadas em telas de ‘video mapping’, comemorativas do 100º aniversário do Partido Comunista Chinês NOEL CELIS / AFP / GETTY IMAGES
Em Beit Hanoun, no território palestiniano da Faixa de Gaza, o quotidiano continua a ser de destruição. Os mais pequenos enfrentam um futuro sem perspetivas FATIMA SHBAIR / GETTY IMAGES
Na Síria, as armas continuam a ditar o dia a dia, como o desta criança, na região de Idlib, que brinca junto a uma pilha de projéteis neutralizados AAREF WATAD / AFP / GETTY IMAGES
Em Myanmar, o projeto de democracia fez marcha-atrás, com o regresso dos militares ao poder e contestação nas ruas GETTY IMAGES
Esta nigeriana chora a fatalidade de duas filhas, levadas por homens armados de uma escola secundária de Jangebe KOLA SULAIMON / AFP / GETTY IMAGES

Sem lágrimas, Isabel II ‘chorou’ a morte do príncipe Filipe, o seu companheiro de vida, com quem esteve casada 73 anos JONATHAN BRADY / AFP / GETTY IMAGES

Bernie Sanders, ex-candidato à presidência dos EUA, tornou-se um meme nas redes sociais por causa desta pose, na cerimónia de tomada de posse de Joe Biden, em Washington DC BRENDAN SMIALOWSKI / AFP / GETTY IMAGES
Também Simone Biles incendiou as redes sociais ao abdicar de disputar a final individual dos Jogos Olímpicos. A ginasta supermedalhada optou por dar voz ao problema da saúde mental LOIC VENANCE / AFP / GETTY IMAGES
Em ano de cimeira da ONU sobre o clima, em Glasgow, os efeitos das alterações climáticas atingiram em força o centro da Europa. Na Bélgica, chuvas abundantes provocaram o caos FRANÇOIS WALSCHAERTS / AFP / GETTY IMAGES
No Quénia, as alterações climáticas manifestaram-se através de densos enxames de gafanhotos, que tudo destroem à sua passagem. Como este que rodeia um agricultor, em Meru YASUYOSHI CHIBA / AFP / GETTY IMAGES
Na ilha espanhola de La Palma, o vulcão Cumpre Vieja ‘adormeceu’ após 85 dias e 18 horas em erupção. Para trás, deixou um rasto de destruição, nesta pequena ilha do arquipélago das Canárias JORGE GUERRERO / AFP / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 31 de dezembro de 2021. Pode ser consultado aqui