Israel vai para as quintas eleições em três anos. Será o regresso de Netanyahu?

Apoiada em oito partidos, a coligação governamental implodiu após um ano no poder

ILUSTRAÇÃO CHAIM V’CHESSED

1 Porque caiu o Governo?

Porque era formado por um conjunto de partidos com interesses conflituantes e, atualmente, era minoritário no Parlamento (Knesset). A 13 de junho de 2021, este Executivo foi aprovado por 61 deputados (em 120), mas hoje tinha o suporte de apenas 59, oriundos de oito forças políticas com agendas irreconciliáveis, da extrema-direita judaica aos árabes islamitas. O cimento que os uniu foi, tão somente, a vontade de correrem do poder o então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Segunda-feira, ao anunciarem o início do processo de dissolução do Knesset, o atual chefe do Governo, Naftali Bennett (nacionalista), e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid (centrista, que deveria suceder-lhe no cargo, em regime de rotação), disseram ter “esgotado todos os esforços para estabilizar a coligação”.

2 Que assuntos originaram divisões?

Vários, como a questão do Estado palestiniano ou a relação entre religião e Estado. O último abalo foi provocado pela chamada Lei dos Colonos, rejeitada no Knesset a 6 de junho. Nos últimos 50 anos, esta lei, que decreta a aplicação da lei civil aos colonos judeus que vivem no território ocupado da Cisjordânia (aos palestinianos é aplicada a lei militar), tem sido renovada por ampla maioria. A rejeição de uma lei desta importância põe em evidência o mal-estar entre Governo e oposição. Com a dissolução do Knesset, a lei é automaticamente prorrogada por seis meses.

3 O que se segue à dissolução?

Confirmado o fim da legislatura, previsto para o início da próxima semana, Israel segue para novas eleições legislativas, as quintas desde abril de 2019. Em três dos quatro últimos escrutínios, o partido mais votado foi o Likud (direita), liderado por Netanyahu, o israelita que mais tempo exerceu o cargo de primeiro-ministro. ‘Bibi’, como é conhecido, liderou o país entre 1996 e 1999 e entre 2009 e 2021.

4 Netanyahu pode voltar ao poder?

Sim. No dia em que foi anunciada a dissolução do Knesset, o líder da oposição prometeu formar “um Governo nacional amplo, forte e estável”, que “traga de volta o orgulho nacional”. Três sondagens divulgadas no dia seguinte confirmaram a preferência dos israelitas por Netanyahu, ainda que nenhuma lhe atribua votos suficientes para formar uma coligação maioritária com os seus aliados tradicionais: a da televisão pública Kan dá-lhe 60 deputados e as dos Channel 12 e 13, 59. No Knesset, a maioria é de 61 deputados, uma fasquia inalcançável nos últimos anos.

Artigo publicado no “Expresso”, a 24 de junho de 2022. Pode ser consultado aqui e aqui

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