A herança histórica de Portugal no continente asiático é hoje uma vantagem competitiva, concluiu o painel sobre a Rota do Oriente
Este ano assinalam-se os 500 anos da chegada dos portugueses à China. Para Ming K. Chan, professor de Estudos Asiáticos na Universidade de Stanford, “essa experiência luso-sino-macaense é uma vantagem para o reposicionamento global de Portugal no século XXI”.
E como fazê-lo? Aproveitar os quadros qualificados, introduzir o saber das línguas, atraindo asiáticos para estudar português, divulgar os produtos portugueses e promover o turismo a Oriente, por exemplo.
Paralelamente, é muito importante a existência de voos entre Lisboa e Macau, “com escala em Pequim e Xangai”. E ainda informar os asiáticos acerca dos facilidades que Portugal significa no contacto com brasileiros e angolanos. “A China está entusiasmada com a cooperação com o Brasil e com Angola”, afirmou Ming K. Chang.
“A China é ponte de Portugal para a Ásia e Macau é a ponte de Portugal para a China”, concluiu o professor a sua apresentação, citando um editorial do jornal “China Daily”, de 28 de junho de 2010.
Na memória dos povos
A experiência histórica de Portugal durante cinco séculos, em três oceanos, quatro continentes é um capital que não pode ser ignorado. Pedro Catarino, embaixador com 14 anos de contactos com o Oriente, afirma que “Portugal tem de fazer renascer o seu passado histórico de viajante e comerciante”.
A herança portuguesa permanece na memória dos povos e isso é hoje uma “vantagem competitiva” que Portugal “tem de aproveitar de forma inteligente”.
O diplomata dá como exemplo as duas batalhas travadas nas Nações Unidas, em 1996 e 2010. Portugal disputava um lugar no Conselho de Segurança, contra grandes países, mais poderosos e influentes. Em 1996, derrotou a Austrália e em 2010 o Canadá. “Foi uma prova de confiança e de abertura em relação ao nosso país”, disse Pedro Catarino.
Na base da vitória esteve a imagem de Portugal como “uma ponte entre povos e civilizações”. O apoio do bloco asiático a Portugal foi esmagador. Amr Moussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe, presente nesta conferência, também comentou o feito: “Os países árabes e muçulmanos votaram todos em Portugal”.