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Coreia do Norte terá entre 20 e 60 bombas nucleares

A estimativa foi avançada por um ministro sul-coreano, durante um debate parlamentar. Seul diz, porém, não reconhecer a Coreia do Norte como um Estado nuclear, pelo que o processo de desnuclearização da Península é para continuar

Pela primeira vez, a Coreia do Sul concretizou, em público, a possível dimensão do arsenal nuclear da Coreia do Norte. Na segunda-feira, durante um debate parlamentar, o ministro sul-coreano para a Unificação afirmou que Pyongyang possuirá entre 20 e 60 bombas.

Cho Myoung-gyon atribuiu a origem da informação aos serviços secretos da Coreia do Sul. A revelação poderá ter sido acidental, já que, esta terça-feira, Seul apressou-se a esclarecer que as palavras do ministro não significam que a Coreia do Sul reconheça e aceite a Coreia do Norte como um Estado nuclear.

A desnuclearização da Península Coreana tem sido o principal dossiê em cima da mesa de conversações entre as duas Coreias (que já realizaram três cimeiras presidenciais este ano) e entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos (que estão a preparar a segunda cimeira entre Kim Jong-un e Donald Trump).

EUA e Rússia têm mais de 1000

Se, ao longo dos anos, o arsenal nuclear norte-coreano tem sido alvo de grande secretismo, dado o isolamento do país, o mesmo se passa relativamente à quantidade de armas nucleares em posse das restantes potências nucleares, de que só existem estimativas.

Segundo a Federação dos Cientistas Americanos (FAS), numa informação atualizada em junho deste ano, os Estados Unidos terão até 1750 bombas e a Rússia até 1600. Segue-se, a grande distância, a França com um máximo de 300, a China com 280 e o Reino Unido com 280.

No capítulo das potências nucleares que não subscreveram o Tratado de Não Proliferação Nuclear (em vigor desde 1970), o Paquistão terá até 150 ogivas nucleares, a Índia 140 e Israel 80. Em relação à Coreia do Norte, a FAS atribui-lhe 15 bombas, aquém do número avançado pelo Governo sul-coreano.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 2 de outubro de 2018. Pode ser consultado aqui

Índia testa míssil nuclear que pode atingir… a China

O novo míssil indiano tem um alcance de 5000 quilómetros e capacidade para transportar uma ogiva nuclear de uma tonelada. Pequim já reagiu, sem preocupação: Índia e China “são parceiros, não rivais”

A Índia testou, com sucesso, um novo e potente míssil nuclear. Com 17 metros de altura e dois de diâmetro, o míssil balístico intercontinental Agni V pode transportar uma ogiva nuclear de mais de uma tonelada e tem um alcance de 5000 quilómetros.

A nova arma confere capacidade à Índia para alvejar qualquer latitude na Ásia — incluindo a China — e alcançar também alguns pontos em África e na Europa.

“Alguma imprensa, incluindo órgãos de informação indianos e alguns japoneses, especularam sobre se este ato da Índia visa a China”, reagiu a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying. “Penso que em relação às intenções da Índia, isso tem de ser perguntado à Índia”, acrescentando que Índia e China são parceiros e não rivais.

O teste final ao Agni V, o quarto realizado ao míssil, decorreu esta segunda-feira, numa ilha no Golfo de Bengala, próxima ao estado de Orissa (leste do país). Os bons resultados logo mereceram as felicitações por parte das principais figuras do Estado indiano.

“O teste bem sucedido ao Agni V faz cada indiano muito orgulhoso. Acrescentará uma força tremenda à nossa defesa estratégica”, twitou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

 

“Felicitações à Organização de Desenvolvimento e Pesquisa para a Defesa (DRDO, integrado no ministério indiano da Defesa) pelo lançamento bem-sucedido do Agni V, que melhorará as nossas capacidades estratégica e de dissuasão”, acrescentou o Presidente Pranab Mukherjee.

Em desenvolvimento, a Índia tem já o Agni VI, igualmente de longo alcance e com capacidade de transporte de múltiplas ogivas nucleares.

Contrariamente à China, o vizinho e rival Paquistão remeteu-se ao silêncio relativamente à nova conquista armamentista dos indianos. Tal como a Índia, o Paquistão é uma potência nuclear não signatária do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Durante o século XX, estes dois países, que nasceram da partição da Índia Britânica — a Índia de maioria hindu e o Paquistão de maioria muçulmana —, travaram três guerras (1947, 1965, 1971). Entre ambos, existe uma “ferida aberta” — o território da Caxemira, que ambos disputam — que justifica uma permanente corrida ao armamento e coloca o mundo, de tempos a tempos, à beira de uma guerra nuclear.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 27 de dezembro de 2016. Pode ser consultado aqui