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Rússia está a matar civis na Síria, denuncia a Amnistia Internacional

Uma análise a 25 ataques da aviação russa na Síria permitiu à Amnistia concluir que entre os alvos há zonas residenciais, um mercado, uma mesquita e um hospital. A organização humanitária acusa ainda a Rússia de usar bombas de fragmentação “de forma indiscriminada”

Os bombardeamentos russos na Síria já mataram pelo menos 200 civis, denunciou a Amnistia Internacional, num relatório divulgado esta quarta-feira.

A organização de defesa dos direitos humanos diz ter analisado mais de 25 ataques russos em Homs, Hama, Idlib, Latakia e Alepo, realizados entre 30 de setembro e 29 de novembro.

O documento exemplifica um ataque realizado na província de Idlib, a 29 de novembro. Um caça russo disparou três mísseis na direção de um mercado na área de Ariha. Era domingo e o local estava cheio de gente. Um ativista local disse à Amnistia que 49 civis foram mortos ou estão dados como desaparecidos.

Mohammed Qurabi al-Ghazal acrescentou que a área é controlada pelo Jaysh al-Fatah, mas que não havia presença do grupo islamita na zona de Ariha.

A Aministia acusa a Rússia de usar bombas de fragmentação “de forma indiscriminada” e bombas sem sistemas modernos de guiamento em “áreas densamente povoadas”, o que pode constituir crimes de guerra.

Entre os alvos dos ataques de Moscovo, estão identificados, para além de áreas residenciais e do mercado de Ariha, uma mesquita e um hospital.

A Rússia começou a bombardear na Síria em setembro passado, a pedido do Presidente Bashal al-Assad, justifica Moscovo. Os russos insistem que atacam apenas posições “terroristas”, sejam do autodenominado Estado Islâmico (Daesh), sejam de outros grupos armados, alguns deles apoiados pelo Ocidente.

A Amnistia diz que está a investigar também ataques realizados pela coligação liderada pelos Estados Unidos, desde setembro de 2014.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 23 de dezembro de 2015. Pode ser consultado aqui

Presidente foge para sul e deixa o Iémen sem norte

Colocado em prisão domiciliária pelos rebeldes huthis, que controlam a capital iemenita, o Presidente Hadi conseguiu escapar e refugiou-se em Aden. Teme-se que essa movimentação beneficie as pretensões independentistas do sul

As grandes manifestações voltaram à capital do Iémen com milhares de pessoas a marcharem até à residência pessoal do Presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi em solidariedade para com o chefe de Estado e para reclamar… uma outra capital para o país.

“A capital tem de ser Aden porque uma capital deve estar livre de milícias”, dizia a estudante Omaima Salah, à reportagem do jornal “Yemen Times”. Desde setembro que Sana’a, a capital do Estado, é controlada pelos rebeldes huthis (xiitas, confissão minoritária no país), que desde há um mês e até ao passado fim de semana mantiveram o Presidente em prisão domiciliária, forçando-o à demissão.

A situação no Iémen deu uma reviravolta após, no sábado, o Presidente Hadi ter conseguido escapar ao controlo dos rebeldes. Citando fontes huthis, o “Yemen Times” diz que Hadi disfarçou-se com roupas de mulher.

Após fugir da capital e refugiar-se em Aden, sua cidade natal e a grande cidade do sul, Hadi emitiu um comunicado declarando que ainda é o Presidente do Iémen e apelando a que todas as decisões políticas tomadas pelos huthis sejam declaradas ilegais e inválidas.

Unidade ou fragmentação?
Segundo a imprensa iemenita, o Presidente está a desenvolver contactos, desde Aden, com governadores provinciais no sentido de recuperar o controlo do país. 

Segunda-feira, as poderosas tribos de Bani Hilal demonstraram a sua lealdade a Hadi realizando uma parada militar na província de Shabwa (sul). E em Taiz, sudoeste, protestos populares exigiram a expulsão dos huthis de Sana’a e a reposição da autoridade de Hadi.

Mas crescem dúvidas quanto à real eficácia da fuga do Presidente para sul. “Imediatamente levantou-se a questão de saber se essa movimentação irá ajudar à unidade ou aumentar a probabilidade da secessão”, alerta o “Yemen Times”.

Para além da minoria huthi, e das suas reivindicações políticas, o Iémen alberga ainda um movimento secessionista, precisamente na região sul, e ainda, mais para leste, a Al-Qaeda na Península Arábica, que é atualmente o ramo mais ativo da organização terrorista. Acresce que, até 1990, o ano da reunificação do Iémen, Aden foi a capital do Iémen do Sul.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 24 de fevereiro de 2015. Pode ser consultado aqui

Governo e extremistas disputam a maior refinaria do Iraque

A refinaria de Baiji é palco de violentos combates entre as forças de Bagdade e milícias radicais sunitas. Barack Obama diz que se a situação no terreno o exigir, os EUA poderão adotar ações militares “precisas e direcionadas”

Forças leais ao Governo iraquiano e militantes jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) estão envolvidos em batalhas violentas pelo controlo da refinaria de Baiji, a maior do país, e do aeroporto de Tal Afar, ambos no norte.

Os rebeldes içaram as suas bandeiras negras à volta da refinaria de Baiji, mas o Governo garante ter recuperado o controlo total daquela central, que produz diariamente 320 mil barris de petróleo.

Os combates acontecem nas vésperas do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, — que inicia, este fim de semana, um périplo pelo Médio Oriente — chegar a Bagdade. Na capital iraquiana, espera-se que pressione as autoridades, lideradas pelos xiitas, no sentido de formarem um Governo mais representativo do xadrez étnico iraquiano e, assim, a tensão inter-étnica possa aliviar.

Ontem, o Presidente dos Estados Unidos anunciou o envio de mais de 300 conselheiros militares para assessorar o Governo iraquiano (xiita), no combate aos militantes radicais sunitas. “As forças norte-americanas não regressarão aos combates no Iraque”, disse Barack Obama, acrescentando que os EUA “estão preparados para adotar ações militares precisas e direcionadas se e quando nós determinarmos que a situação no terreno o requer”.

Os preparativos para a guerra parecem já ter começado junto de muitos iraquianos. Milhares de xiitas — a etnia maioritária e também aquela que está no poder — estão a alistar-se, de forma voluntária, no exército iraquiano para defenderem o país da ameaça colocada pelos sunitas do EIIL — especialmente os lugares santos xiitas de Najaf e Karbala.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 20 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui

Regime sírio apresenta plano de cessar-fogo

Enquanto a oposição síria discute se participa ou não na Conferência de Paz de Genebra, na próxima semana, o regime de Assad propõe uma trégua na cidade de Alepo

A menos de uma semana da Conferência de Paz sobre a Síria, prevista para quarta-feira, o principal grupo de oposição no exílio ao regime de Bashar al-Assad — a Coligação Nacional Síria — ainda não decidiu se participa ou não.

A Coligação reuniu hoje em Istambul, sob uma forte pressão internacional para que ultrapasse as divergências internas e marque presença na Conferência de Paz.

Algumas fações estão reticentes em viabilizar a presença da Coligação no encontro sem que tenham garantias de que o Presidente Bashar al-Assad seja excluído de qualquer governo de transição.

O regime sírio, por seu lado, defende que não deve haver pre-condições para as negociações de paz.

Fazer tréguas, cidade a cidade 

Em Genebra, a delegação síria será liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Walid al-Moualem, que hoje anunciou a predisposição de Damasco para negociar um cessar-fogo em Alepo, a maior cidade síria, parcialmente controlada por forças rebeldes.

“Tendo em consideração o papel da Rússia na contenção do derramamento de sangue na Síria e a nossa relação de confiança, hoje entreguei ao ministro (russo dos negócios, Sergey) Lavrov um plano de cessar-fogo para a cidade de Alepo”, disse Al-Moualem.

O plano de Damasco inclui uma troca de prisioneiros entre regime e rebeldes. “Se todos as partes cumprirem os termos do acordo, então poderemos implementar este plano noutras cidades.”

Guterres apela a “solução política” 

António Guterres, Alto Comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), considerou, hoje, “vital” que as conversações de paz produzam uma “solução política” para o conflito. “Sou suficientemente humilde para reconhecer que não existe solução humanitária para o problema”, disse.

“Há apenas seis anos, a Síria era o segundo país do mundo a acolher refugiados. Infelizmente, a Síria é hoje o país que origina mais refugiados”, acrescentou.

Segundo o ACNUR, a guerra na Síria já provocou mais de 100 mil mortos e cerca de 6.5 milhões de refugiados e deslocados internos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 17 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui

Israel e Palestina: as grandes divergências

Os últimos acordos de paz entre israelitas e palestinianos foram assinados a 13 de setembro de 1993, porém, o conflito permanece

Israel e a Autoridade Palestiniana concordam com a solução de dois Estados, mas diferendos como os refugiados palestinianos, os colonatos judeus e o estatuto de Jerusalém continuam sem acordo final.

Infografia publicada no Expresso Online, a 13 de setembro de 2013. Pode ser consultada aqui