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Uma campanha global a várias velocidades

A vacinação no mundo é desigual. Se a maioria dos países não tem injeções, a UE já pensa num passaporte-vacina

Longe da linha da frente, como os profissionais de saúde, alguns heróis improváveis ajudarão a contar a história da pandemia. A 8 de dezembro, a britânica Margaret Keenan personificou, aos 90 anos, a esperança da cura ao tornar-se a primeira pessoa em todo o mundo a receber a vacina. Mais recentemente, com menos alarido, outra mulher protagonizou um momento simbólico. Raia Alkabasi, nascida no Iraque, tornou-se a primeira pessoa refugiada a ser vacinada na Jordânia, exatamente no mesmo dia em que o rei foi imunizado.

A Jordânia, com 10 milhões de habitantes, é dos países mais expostos ao drama dos refugiados — só os sírios correspondem a mais de 10% da população. Todos estão incluídos no plano de vacinação, em pé de igualdade com qualquer jordano. “Mais uma vez, a Jordânia demonstrou liderança exemplar e solidariedade no acolhimento de refugiados”, elogiou o alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi. “Apelo a todos os países que sigam o exemplo e incluam os refugiados nas campanhas a par dos seus nacionais.”

Muitos braços, poucas vacinas

O apelo não faz eco. As preocupações com os refugiados estão longe de ser prioritárias para a esmagadora maioria dos países que já vacinam. À euforia das primeiras injeções, começa agora a surgir apreensão perante a urgência em manter o ritmo da vacinação sem haver doses suficientes para tantos braços.

“Aquilo que nos limita de momento é o fornecimento. Estamos a usar todos os bocadinhos das vacinas que recebemos”, disse esta semana Mark Drakeford, o primeiro-ministro do País de Gales, que chegou ao ponto de defender a retenção de alguns milhares de doses para evitar que os vacinadores “fiquem parados sem fazer nada durante um mês”. As declarações não caíram bem, e o governante teve de se desdizer e garantir que “ninguém está a reter vacinas”. Mas o problema ficava exposto.

No País de Gales e na Escócia, a campanha vai mais lenta do que nas outras nações do Reino Unido: a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Nesta última, a prioridade dada aos idosos está a enguiçar o processo. Na pressa de quererem estender a vacinação a outros grupos prioritários, há vacinas a serem desviadas de locais onde os mais idosos ainda nas as receberam. “Alguma coisa não está bem. Nalguns lugares, há pessoas com mais de 70 anos a serem contactadas para tomarem a vacina antes dos octogenários e nonagenários”, denunciou a deputada inglesa, Therese Coffey.

Até ao momento, já foram administradas cerca de 52 milhões de doses em pelo menos 61 países. Oito vacinas já foram aprovadas por reguladores nacionais: a da Pfizer/BioNTech é a que tem sido mais usada; em contraponto, a Covishield, de fabrico indiano, só está a ser usada na Índia, que arrancou a sua campanha há uma semana, priorizando 30 milhões de médicos, enfermeiros e outro pessoal da linha da frente.

70% dos europeus até ao verão

A vacina indiana é uma esperança para muitos países sem meios para concorrer no mercado das vacinas. A esmagadora maioria das doses produzidas foram adquiridas por países desenvolvidos, com a União Europeia à cabeça. “Já garantimos vacinas suficientes para toda a população da UE”, afirmou na terça-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Agora precisamos de acelerar a entrega e a vacinação. O nosso objetivo é termos 70% da nossa população vacinada até ao verão. Isso pode ser um ponto de viragem na nossa luta contra este vírus.”

A UE é a entidade política que mais doses assegurou em todo o mundo: 21,9% do bolo total. Segue-se a Índia (20,7%) e os EUA (13,9%). Ou seja, mais de 50% das doses contratualizadas estão reservadas para apenas 29 países.

Recusar a vacina é um direito, mas quem o faz pode vir a enfrentar restrições em viagens internacionais

No conforto europeu, alguns países mostram-se ansiosos por virar a página. Fortemente penalizada pela paralisação do sector do turismo, a Grécia é dos membros que mais têm defendido a ideia de um passaporte-vacina, “que facilite a liberdade de circulação de pessoas que foram vacinadas à covid-19”, defendeu o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

A par das novas estirpes do vírus, a resistência de muitos europeus à injeção é fonte de preocupação em Bruxelas. Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão, defendeu esta semana que recusar a vacina é um direito e que as pessoas que fizerem essa opção não devem ser discriminadas, mas podem vir a enfrentar restrições em viagens internacionais. “Um certificado de vacinação eletrónico” é uma possibilidade, disse.

Quanto mais tempo passa, mais ficam expostas as várias velocidades a que decorre o processo de vacinação, inclusive entre os países mais desenvolvidos. Israel, que tem uma população da dimensão da portuguesa, é o país que maior percentagem da população já vacinou: 2,2 milhões de israelitas já tomaram a primeira dose e mais de 500 mil a segunda. Esta semana, as grávidas foram incluídas nos grupos prioritários.

Numa dinâmica oposta, a Austrália só deverá começar a vacinar em massa em meados de fevereiro. O país apostava numa vacina própria que não passou nos testes clínicos, obrigando as autoridades a refazer a estratégia. Neste momento, ainda não há vacinas aprovadas, embora já haja encomendas feitas à AstraZeneca/Oxford e à Pfizer/BioNTech. A pressão é aliviada pelas poucas infeções que se têm registado — apenas nove, ontem.

Ciência vence o negacionismo

Para muitos dos países que ainda não estão a vacinar, a confiança repousa em iniciativas internacionais. O mecanismo Covax, apoiado pela Organização Mundial da Saúde, será crucial para África, onde presentemente apenas dois países estão a dar vacinas: as Seychelles, que têm vacinas doadas pelos Emirados Árabes Unidos, e a Guiné-Conacri, onde a vacina russa está a ser administrada numa base experimental. Já na América Latina, a esperança reside na vacina barata financiada pelo multimilionário mexicano Carlos Slim.

Os três gigantes latino-americanos — México, Argentina e Brasil — já estão a vacinar, tendo apostado em carteiras que incluem vacinas que fogem à procura europeia, em especial a Sputnik-V russa (nos casos do México e da Argentina) e a chinesa CoronaVac (Brasil).

Dos três Estados, o Brasil foi o último a começar a vacinação, na segunda-feira passada. No grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde estão os maiores de 60 anos, os maiores de 18 anos com deficiência a viver em instituições, profissionais de saúde da linha da frente e as populações indígenas.

A aprovação pelo regulador brasileiro da vacina chinesa e da AstraZeneca foi celebrada como uma vitória da ciência sobre o negacionismo. Um dos porta-vozes do movimento antivacinas é o Presidente Jair Bolsonaro que já disse não ter intenção de ser vacinado e alertou para a possibilidade de “efeitos colaterais”: “Se você virar um jacaré, é problema seu. Se você se transformar em Super-Homem, se crescer barba em alguma mulher aí ou algum homem começar a falar fino, eles não têm nada com isso. E, o que é pior, mexem no sistema imunológico das pessoas.”

(IMAGEM D.R.)

Artigo publicado no “Expresso”, a 22 de janeiro de 2021. Pode ser consultado aqui e aqui

Covax, a boia de salvação dos países pobres

Mecanismo global de aquisição e distribuição de vacinas é esperança dos que não conseguem aceder ao mercado

Uma crise global exige respostas globais. Porém, no caso específico da pandemia do novo coronavírus, que contagia sem olhar a etnias, credos ou estatuto social, a solução ameaça não chegar a todos ao mesmo tempo. A corrida à vacina — na qual 7800 milhões de pessoas em todo o mundo depositam a esperança do regresso à normalidade — trava-se a duas velocidades.

Num grupo, países ricos fazem-se valer do seu poder negocial e açambarcam doses em quantidade suficiente para imunizar muito mais do que as respetivas populações. Noutro, sem capacidade para competir nesse mercado, os mais pobres ficam dependentes de quem os ajude. “Este problema foi identificado logo no início da pandemia, quando se iniciou a corrida às vacinas. Por essa razão, foi criado o Covax”, diz ao Expresso o cirurgião Nelson Olim, consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Covax é uma plataforma inovadora, financiada por países, por filantropos e pelo sector privado, lançada a 4 de junho, na Cimeira Global das Vacinas, com um duplo fim: investir no desenvolvimento de um portefólio diversificado de vacinas e garantir o acesso equitativo aos países participantes nesse consórcio.

“Além de promover a investigação, o desenvolvimento e a produção de vacinas para a covid-19, o Covax também negoceia os seus preços”, salienta o médico. “Todos os países participantes, independentemente do seu nível económico, terão acesso às vacinas assim que estas forem desenvolvidas e aprovadas. Pretende-se exatamente prevenir o açambarcamento da produção pelos países mais ricos.”

Nove doses por pessoa

Até ao final de 2021, o Covax espera distribuir dois mil milhões de doses de vacinas para a covid-19, assegurando dessa forma a vacinação dos 20% mais vulneráveis da população de cada país, incluindo daqueles sem capacidade para financiar o mecanismo. “O Covax é, provavelmente, a única garantia de que os países mais pobres terão acesso à vacinação em massa”, diz Nelson Olim.

Segundo um projeto da Universidade Duke, da Carolina do Norte (EUA), que supervisiona as compras de vacinas para a covid-19 em todo o mundo, até ao momento já foram adquiridas mais de 7300 milhões de doses, tendo mais de metade (3850 milhões) sido assegurada pelos países mais ricos — que, segundo o Banco Mundial, correspondem a 16% da população do planeta. O Canadá surge como caso extremo, com uma média de mais de nove doses per capita.

Este volume de encomendas não só esgota a capacidade de produção dos laboratórios que estão mais perto de garantir uma distribuição em massa, como mina a perspetiva de vacinação dos países mais pobres, que correm o risco de só a iniciarem após muitos outros a terem terminado.

Coordenado pela OMS, pela Coligação para a Inovação na Preparação para Epidemias (CEPI), de Oslo, e pela Aliança Global para as Vacinas (Gavi) — iniciativa da Fundação Bill & Melinda Gates e que, a partir de janeiro, será dirigida por Durão Barroso —, o Covax surgiu para encurtar distâncias.

“Esta plataforma pode vir a ser um embrião de um sistema universal” de distribuição de vacinas, defende Nelson Olim. “Nunca será possível garantir igual acesso, uma vez que os países mais desenvolvidos poderão sempre comprar em paralelo. Mas aquilo que se garante é acesso àqueles que não têm capacidade de comprar.”

Um bem público global

Neste esforço conjunto, a União Europeia é atualmente o maior doador. “A Equipa Europa — que inclui a Comissão Europeia, o Banco Europeu de Investimento e os Estados-membros [os 27 da UE, a Noruega e a Islândia] — já anunciou contribuições de mais de €870 milhões para o Covax”, disse ao Expresso Stefan De Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia para as questões da saúde. Ao mesmo tempo, “os Estados-membros têm a possibilidade de doar a outros países parte das vacinas compradas” por Bruxelas e que serão distribuídas pelos 27 Estados-membros.

A UE já contratualizou 1965 milhões de doses junto de seis laboratórios, muito mais do que o necessário para vacinar (em duas doses) os seus 450 milhões de habitantes. “A UE está a demonstrar que leva a sério os seus compromissos de não deixar ninguém para trás e de fazer da vacina para a covid-19 um bem público global”, acrescenta o porta-voz da Comissão. “A UE continuará a ser um aliado na busca de melhores sistemas de saúde e cobertura universal da saúde.”

Estados Unidos e Rússia de fora

“Para os países em vias de desenvolvimento, o Covax é uma boia de salvação, sem a qual tão cedo não teriam acesso a estas novas vacinas”, realça o médico português. “Infelizmente, vivemos num mundo onde as economias mais frágeis já dependem em muito da ajuda internacional para quase tudo. Não é por acaso que o Programa Alimentar Mundial recebeu o prémio Nobel da Paz em 2020. E, neste caso, falamos de um programa que promove a ajuda para a mais primária das necessidades, a alimentação. Imagine-se tudo o resto: educação, saúde, saneamento…”

Contactada pelo Expresso, a Gavi informou que 189 países já aderiram ao Covax — Estados Unidos e Rússia estão de fora. E também que 92 países, sem meios para pagar as vacinas de que necessitam, são elegíveis para beneficiarem do mecanismo.

Um deles é Madagáscar, que anunciou há duas semanas não estar interessado em receber vacinas para a covid-19. As autoridades da ilha continuarão a confiar no CovidOrganics, uma bebida milagrosa produzida localmente, à base de artemísia, planta com propriedades antimaláricas, que muitos no país, a começar pelo Presidente, acreditam ser eficaz na prevenção e cura da doença. Apesar de não ter sido aprovado pela OMS, o preparado tem sido exportado para vários países africanos.

“Duvido que haja muitos países a negar o acesso à vacina”, afirma Nelson Olim, que tem experiência de emergência médica em contexto humanitário em territórios como Honduras, Nigéria, Congo, Somália, Sudão do Sul, Faixa de Gaza, Iémen, Irão e Afeganistão. “No entanto, a resistência psicológica à vacinação pelos mais variados motivos tornou-se um problema global. A principal razão pela qual ainda não se conseguiram erradicar doenças para as quais existe vacina, como, por exemplo, a poliomielite, é exatamente a propagação de crenças, sejam elas religiosas, culturais ou sociais.”

Recentemente, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou o Covax “a maneira mais rápida para acabar com a pandemia. Trabalhar em conjunto através do Covax não é caridade. É do interesse de cada país controlar a pandemia e acelerar a recuperação económica global. Não é só a coisa certa a fazer, é também a coisa inteligente a fazer.”

OS NÚMEROS DA CORRIDA

9800
milhões de doses foram já compradas ou reservadas em todo o mundo. Os Estados Unidos garantiram 2600 milhões, a União Europeia quase 2000 milhões e a Índia 1600 milhões

700
milhões de doses foram asseguradas pelo mecanismo Covax, o quarto maior contratante. O objetivo é distribuir 2000 milhões até ao final de 2021

4800
milhões de doses é a capacidade de produção estimada das três farmacêuticas que estão mais perto de garantir uma distribuição em massa em 2021. A AstraZeneca/Oxford garante 3000 milhões, a Pfizer/BioNTech 1300 milhões e a Moderna 500 milhões

274
vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo, informou o Infarmed na última reunião de peritos e políticos: 59 estão em testes clínicos, 11 estão na última fase de desenvolvimento e 6 estão em avaliação na União Europeia

(IMAGEM PIXABAY)

Artigo publicado no “Expresso”, a 11 de dezembro de 2020

As fronteiras entre Portugal e Espanha reabrem esta quarta-feira com algumas regras novas

Três meses e meio depois de Portugal fechar as fronteiras terrestres com Espanha, por causa da pandemia, as portas voltam a abrir-se entre os dois vizinhos, numa cerimónia com honras de Estado. Por terra, não haverá, pelo menos para já, qualquer tipo de controlo sanitário a quem entre e saia de Portugal, mas por via aérea e marítima as regras são mais apertadas

Vai haver controlo sanitários aos turistas que entrarem por via terrestre?

Não, pelo menos para já. Portugal vai seguir as diretrizes da Comissão Europeia, que é contra a restrição discriminatória de viajantes que circulem no interior da União Europeia. Sobre os controlos sanitários a aplicar nas fronteiras terrestres, as autoridades de saúde pública explicara ao Expresso no sábado que “ainda” se encontravam “em preparação”. Em todo o caso, as autoridades espanholas já revelaram que a partir da abertura de fronteiras, esta quarta-feira, só haverá controlos nos aeroportos, não na fronteira terrestre. A reabertura entre Portugal e Espanha terá honras de Estado. Entre Elvas e Badajoz estarão o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o rei Felipe VI, de Espanha, mas também os dois chefes de Governo, António Costa e Pedro Sánchez.

Como será feito o controlo sanitário a quem entre por via aérea ou marítima?

A Direção-Geral da Saúde revelou que está a preparar um reforço das medidas para todos os portos, aeroportos e aeródromos nacionais, estando em curso uma atualização das orientações produzidas. “Para o efeito estão previstas três medidas essenciais que já estão implementadas: a medição da temperatura, o reforço da informação aos passageiros, nomeadamente através da distribuição de folhetos, e o preenchimento dos PLC – cartões de localização de passageiros.” A DGS ressalva que relativamente às medidas aplicadas por outros países, nomeadamente Espanha, “estas decisões ainda estão a ser articuladas no contexto da União Europeia”

O Reino Unido vai abrir o corredor de viagens a Portugal?

Ainda é uma incógnita. O Reino Unido adiou para o final desta semana o anúncio de países que a partir de 6 de julho terão um corredor de viagens, ou seja aqueles para onde os viajantes britânicos se desloquem e fiquem isentos de quarentena ao regressarem ao país após as férias. A medida é muito importante para Portugal, sobretudo para a região do Algarve, cujo turismo depende muito dos turistas britânicos. Só no ano passado, o Turismo de Portugal contabilizou quase 10 milhões de dormidas de britânicos, um número que deu ao nosso país mais de 3 mil milhões de euros de receitas. Portugal, ao contrário da Grécia ou Espanha, pode ficar fora desta lista, por causa do elevado número de casos de covid-19 das últimas semanas, o que causa apreensão entre as autoridades e empresários.

Quem são os países que impõem restrições à entrada de portugueses?

Bulgária. Fronteiras abertas desde 1 de junho a países da UE. Quem chega de Portugal, Bélgica, Suécia e Reino Unido cumpre quarentena de 14 dias.

Estónia. Desde 1 de junho tem fronteiras abertas à UE e Espaço Schengen. Quem chega de países com uma taxa de infeção superior a 15 casos por 100 mil habitantes fica de quarentena.

Finlândia. A 15 de junho, abriu a fronteira a Noruega, Dinamarca, Islândia, Estónia, Letónia e Lituânia. Os outros fazem quarentena.

Irlanda. As fronteiras nunca fecharam, mas a quarentena é obrigatória, exceto para cidadãos da Irlanda do Norte.

Islândia. A fronteira reabriu à UE a 15 de junho. Os visitantes são testados gratuitamente (pago após 1 de julho). Quem não faz o teste fica de quarentena.

Reino Unido. A fronteira nunca fechou, mas uma quarentena de 14 dias é obrigatória desde 8 de junho.

Roménia. A fronteira está aberta para 17 países da UE e Espaço Schengen. Para outros, como Portugal, há quarentena.

E quais são os países que abrem portas a portugueses?

Alemanha. Fronteiras abertas desde 15 de junho. As restrições de viagem para 31 países europeus, incluindo os Estados-membros da UE, foram levantadas e substituídas por recomendações individuais de viagem.

Bélgica. Fronteiras abertas desde 15 de junho com UE e Espaço Schengen, sem restrições.

Croácia. Fronteiras abertas a todos os países da UE (Reino Unido incluído) desde 15 de junho.

França. Fronteiras abertas e sem restrições desde 15 de junho para os países da UE e do Espaço Schengen. Quem chega do Reino Unido tem de ficar 14 dias em quarentena, uma medida recíproca ao que acontece em solo britânico.

Holanda. Abriu as fronteiras a 15 de junho a cidadãos de 12 países europeus, entre os quais Portugal. Outros 16 deverão ser autorizados até 6 de julho. Dinamarca, Suécia e Reino Unido ficam para mais tarde. Desde 18 de junho que as fronteiras estão abertas a cidadãos da UE e também da Sérvia, Suíça, Liechtenstein, Noruega e Islândia.

Itália. As fronteiras abriram a 3 de junho para países da UE (incluindo Reino Unido) e Espaço Schengen.

Luxemburgo. As fronteiras nunca fecharam.

Polónia. A 13 de junho, as fronteiras reabriram para países da UE e outros europeus, sem restrições nem quarentena obrigatória.

Suécia. As fronteiras abertas foram um pilar da estratégia sueca de combate à pandemia. Não há restrições para visitantes da UE, apenas alertas de viagem. A 30 de junho, será levantado o alerta relativamente a vários países e Portugal é um deles.

Suíça. As fronteiras reabriram-se a 15 de junho aos países da UE e do Espaço Schengen, sem restrições.

Quais são os 15 países considerados seguros e cujos cidadãos podem entrar na UE a partir desta quarta-feira?

Argélia, Austrália, Geórgia, Canadá, Japão, Montenegro, Marrocos, Tunísia, Nova Zelândia, Ruanda, Tailândia, Coreia do Sul, Sérvia, Uruguai. São estes os 14 países aos quais a União Europeia deverá concordar em abrir portas a partir de 1 de julho. O décimo quinto da lista é a China, mas, ao contrário dos restantes, para beneficiar da abertura europeia terá de garantir reciprocidade. Ou seja, em troca Pequim terá de permitir a entrada de europeus em solo chinês. Portugal tentou incluir Angola na lista, mas o país africano acaba por ficar de fora. Em causa esteve o critério de escolha: uma média de infeções por cem mil habitantes (nos últimos 14 dias) igual ou inferior à europeia registada a 15 de junho. Assim, ficam também excluídos os Estados Unidos, o Brasil, a Rússia ou a Índia.

Texto escrito com Hugo Franco e Susana Frexes, correspondente em Bruxelas.

(IMAGEM PXHERE)

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 30 de junho de 2020. Pode ser consultado aqui

Os alertas da arte urbana para que não se baixe a guarda

Aos poucos, o mundo retoma a dinâmica de sempre, passados os tempos mais complicados da pandemia de covid-19. Em muros, paredes e fachadas, grafitis recordam os cuidados a ter perante uma ameaça que não desapareceu. Da Bélgica ao Quénia, o distanciamento social, o uso da máscara e a lavagem das mãos inspiram coloridos murais e ajudam as populações a não baixar a guarda

BRASIL. Em São Paulo, esta mulher é confrontada com um dilema à sua passagem: seguir os conselhos dos profissionais de saúde ou do Presidente Jair Bolsonaro e ficar vulnerável ao vírus? NELSON ALMEIDA / AFP / GETTY IMAGES
REINO UNIDO. “Fique em casa, fique seguro”, aconselha este grafíti na cidade escocesa de Glasgow. Por cima, alguém enfatizou: “Ficar em casa é brutal!” ANDREW MILLIGAN / GETTY IMAGES
QUÉNIA. Uma médica persegue o vírus que tenta tomar todo o planeta. “O corona é real”, lê-se neste mural garrido, em Nairobi DONWILSON ODHIAMBO / GETTY IMAGES
BÉLGICA. Uma mulher passeia o cão, descontraidamente e sem proteção, junto a um mural que incentiva ao uso de máscara YVES HERMAN / REUTERS
COLÔMBIA. Nesta rua de Bogotá, a vistosa publicidade a este bar já está adaptada aos novos tempos GUILLERMO LEGARIA SCHWEIZER / GETTY IMAGES
REPÚBLICA CHECA. A famosa parede Lennon, em Praga, solidarizou-se com o desafio que a população da cidade enfrenta DAVID W CERNY / REUTERS
RÚSSIA. A tranquilidade da profissional de saúde perante a agressividade do vírus, em frente a um hospital da cidade de Ufa VADIM BRAIDOV / GETTY IMAGES
GUINÉ CONACRI. Neste muro de Conacri, aconselha-se os locais a “lavar as mãos com água e sabão” CELLOU BINANI / AFP / GETTY IMAGES
COSTA DO MARFIM. Em Abidjan, uns olhos esbugalhados alertam para o perigo enquanto a boca, protegida por uma máscara, indica a solução ISSOUF SANOGO / AFP / GETTY IMAGES
ITÁLIA. Sensibilização e humor numa parede de Roma ALESSANDRA BENEDETTI / GETTY IMAGES
MÉXICO. “Seguiremos em frente, meu México lindo.” Mensagem de otimismo na Cidade do México RICARDO CASTELAN CRUZ / GETTY IMAGES
ÍNDIA. Nesta artéria de Bombaím, é impossível ignorar-se o perigo colocado pelo novo coronavírus INDRANIL MUKHERJEE / AFP / GETTY IMAGES
HOLANDA. Em Amesterdão, os habitantes são heróis, assim cumpram as regras de proteção individual ROBIN UTRECHT / GETTY IMAGES
ALEMANHA. Um grafíti simpático para com o clube Borússia de Dortmund não esquece a máscara INA FASSBENDER / AFP / GETTY IMAGES
PORTUGAL. Um tributo aos profissionais de saúde e, simultaneamente, um incentivo ao uso de máscaras numa parede do Hospital de São João, no Porto, pelo artista Vhils RITA FRANÇA / GETTY IMAGES
BANGLADESH. Vírus de várias cores alertam a população da cidade de Narayanganj para um perigo constante MUNIR UZ ZAMAN / AFP / GETTY IMAGES
ÁUSTRIA. Este mural em Viena tem um vírus como personagem principal LEONHARD FOEGER / REUTERS
INDONÉSIA. Duas crianças ignoram os perigos denunciados no mural atrás de si, em Depok DENNIS ANDRA / GETTY IMAGES
CHINA. Na cidade de Shangai, colocar a máscara é um hábito interiorizado pelos locais. Foi na China que o surto de covid-19 começou YVES DEAN / GETTY IMAGES
TANZÂNIA. Em Dar es Salaam, o grafíti parece seguir com o olhar a mulher que não usa máscara ERICKY BONIPHACE / AFP / GETTY IMAGES
FRANÇA. Neste instituto médico de Marselha, a derrota do vírus é um objetivo diário, como o declara o mural CHRISTOPHE SIMON / AFP / GETTY IMAGES
TURQUIA. Na cidade de Mersin, as campanhas de sensibilização parecem ter impacto junto da população SERKAN AVCI / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 23 de junho de 2020. Pode ser consultado aqui

O outro lado negro da covid-19. As imagens da fome

Na Guatemala e em El Salvador há trapos brancos pendurados nas casas a sinalizar falta de alimentos — na Colômbia são vermelhos. A pandemia de covid-19 confinou em casa milhões de pessoas que viviam com o rendimento do dia. Da Colômbia à África do Sul, há filas de gente desesperada por um prato de comida

FOTOGALERIA

ÁFRICA DO SUL. Um menino carrega embalagens com alimentos, distribuídas pela associação Hunger has no Religion (A fome não tem religião), em Joanesburgo MARCO LONGARI / AFP / GETTY IMAGES
CHILE. Pamela Fernandez está na fila para encher a panela com comida para o seu agregado familiar (“três adultos e quatro crianças”), numa cozinha comunitária de Santiago do Chile IVAN ALVARADO / REUTERS
FILIPINAS. Após ficarem sem trabalho por causa da pandemia, dezenas de pessoas esperam em Paranaque, zona metropolitana de Manila, para receber refeições antes de serem transportados, gratuitamente, para as suas regiões EZRA ACAYAN / GETTY IMAGES
PARAGUAI. Distribuição de alimentos num descampado, na cidade de Luque NORBERTO DUARTE / AFP / GETTY IMAGES
BRASIL. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor reflete um drama atual no país PILAR OLIVARES / REUTERS
COLÔMBIA. Uma bandeira vermelha alerta para a falta de comida nesta casa, em Ciudad Bolivar, a sul de Bogotá RAUL ARBOLEDA / AFP / GETTY IMAGES
EL SALVADOR. Entre os salvadorenhos, as bandeiras que se agitam para sinalizar situações de fome são brancas, como neste barraco, na cidade de Soyapango JOSE CABEZAS / REUTERS
BOLÍVIA. Estas mulheres aguardam a sua vez no exterior de um banco, em El Alto, para levantar um subsídio atribuído pelo Governo às famílias mais vulneráveis AIZAR RALDES / AFP / GETTY IMAGES
EUA. Em Brooklyn, uma fila de pessoas aguarda a sua vez para levar para casa comida gratuita, distribuída no âmbito da iniciativa Campanha Contra a Fome LEV RADIN / GETTY IMAGES
HONDURAS. “Temos fome, ajudem-nos”, suplica este casal, na berma da Avenida das Forças Armadas, em Tegucigalpa ORLANDO SIERRA / AFP / GETTY IMAGES
GUATEMALA. Na berma da autoestrada, em Villa Nueva, a sul da Cidade de Guatemala, acena-se com farrapos brancos para pedir comida JOHAN ORDONEZ / AFP / GETTY IMAGES
BULGÁRIA. Voluntários distribuem sacos com alimentos doados pela organização norueguesa Europe in Focus a moradores carenciados, nos arredores de Sófia JODI HILTON / GETTY IMAGES
PERU. Mulheres de Pamplona Alta, arredores de Lima, mantêm a distância social enquanto esperam pela distribuição de sopa ERNESTO BENAVIDES / AFP / GETTY IMAGES
ARGENTINA. “Quarentena sem fome”, pede-se nesta manifesação, em Buenos Aires, pedindo apoios para os mais vulneráveis AGUSTIN MARCARIAN / REUTERS
ESPANHA. Nesta fila, aguarda-se pela distribuição de comida, na paróquia San Ramon Nonato, em Madrid SUSANA VERA / REUTERS
PORTUGAL. Uma voluntária sai da Cooperativa Mula, no Barreiro, onde funciona uma cantina social, para ir entregar refeições, enquanto uma mulher chega para pedir comida PEDRO GOMES / GETTY IMAGES
ÍNDIA. Duas filas paralelas de pessoas necessitadas serpenteiam dentro das instalações de um centro de distribuição de comida, em Chandigarh RAVI KUMAR / GETTY IMAGES
EQUADOR. Uma funcionária do Ministério da Economia e da Inclusão Social entrega uma caixa com alimentos a uma família carenciada, em La Bota, norte de Quito CRISTINA VEGA RHOR / AFP / GETTY IMAGES
MÉXICO. “Morro de fome, não do coronavírus”, diz esta artesã da cidade de Oaxaca que ficou sem trabalho, num protesto em frente à sede do Governo, na Cidade do México HENRY ROMERO / REUTERS
UCRÂNIA. Pobres e sem-abrigo confortam-se com uma sopa, no centro de Kiev PAVLO GONCHAR / GETTY IMAGES
BANGLADESH. A pandemia acentuou as necessidades, como o revela esta fila de mulheres que agradam pela distribuição de bens, em Daca MAMUNUR RASHID / GETTY IMAGES
VENEZUELA. “Fome!”, lê-se neste grafíti, em Caracas FEDERICO PARRA / AFP / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 13 de junho de 2020. Pode ser consultado aqui