O enforcamento de quatro manifestantes espalhou o medo. Há pelo menos mais 20 no corredor da morte

1 Continua a haver manifestações?
Não, pelo menos com a dimensão de há semanas. As razões para protestar não esmoreceram e o ressentimento pode até ter aumentado perante a repressão do regime à maior vaga de contestação desde a Revolução Islâmica. Mas o enforcamento de manifestantes e a exibição dos cadáveres em guindastes na praça pública incutiram medo. Para a teocracia, é prova de que a violência é uma arma eficaz para silenciar a dissidência.
2 Quantas pessoas já foram executadas?
Há notícia de quatro enforcamentos, um dos quais de um karateca com títulos de campeão nacional. Há mais 20 no corredor da morte e pelo menos 42 enfrentam acusações puníveis com a pena capital.
3 Que outros meios usa o regime para reprimir?
Penas de prisão pesadas, por exemplo. Segundo a Agência Noticiosa de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA), durante os protestos foram detidas quase 20 mil pessoas, entre as quais 164 menores. Entre os detidos há figuras públicas, como o futebolista Amir Nasr-Azadani, que esta semana viu a sua condenação à morte ser substituída por 26 anos de prisão. Taraneh Alidoosti, atriz, foi libertada sob fiança.
4 A repressão visa estrangeiros?
Sim. Um trabalhador humanitário belga foi condenado a 40 anos de prisão e 74 chicotadas e um ex-vice-ministro da Defesa iraniano-britânico à morte, acusados de espionagem. Outros casos, porém, são um embaraço para os ayatollahs: uma sobrinha do Líder Supremo foi presa após apelar à comunidade internacional que expulse os representantes do Irão e uma filha do ex-Presidente Akbar Hashemi Rafsanjani foi condenada a cinco anos de prisão por incitar aos protestos.
Artigo publicado no “Expresso”, a 13 de janeiro de 2023. Pode ser consultado aqui e aqui

