O Mundial da Rússia arranca esta quinta-feira com 32 países em competição. Mas o gosto pelo futebol contagia muitos mais. Dos parques dos Estados Unidos às estepes da Mongólia, passando pelas favelas do Brasil e pelas praias de Portugal, esta fotogaleria regista a paixão universal pelo “desporto-rei”
FOTOGALERIA
TAILÂNDIA — Crianças jogam à bola num campo flutuante, na aldeia piscatória de Ko Panyi, no sul da Tailândia SOE ZEYA TUN / REUTERSREINO UNIDO — Partida de futebol próximo de uma fábrica munida a carvão, na zona de Rugeley, centro de Inglaterra OLI SCARFF / AFP / GETTY IMAGESCAMBODJA — Uma bola chega para divertir um grupo de crianças junto à estância de Koh Dach, nas margens do rio Mekong, arredores de Phnom Penh PRING SAMRANG / REUTERSBRASIL — Ringue na favela Tavares Bastos, no Rio de Janeiro CARL DE SOUZA / AFP / GETTY IMAGESESPANHA — O adro de uma igreja de Olivença transformado num campo de futebol FRANCISCO LEONG / AFP / GETTY IMAGESCOREIA DO SUL — Ringues no telhado de um centro comercial de Seul, a capital sul-coreana JUNG YEON-JE / AFP / GETTY IMAGESITÁLIA — Campo pelado junto ao aqueduto Felice, em Roma FILIPPO MONTEFORTE / AFP / GETTY IMAGESGANA — Terminadas as aulas nesta escola primária de Dambai, um conjunto de crianças entretem-se a jogar à bola FRANCIS KOKOROKO / REUTERSÁUSTRIA — Dois irmãos jogam futebol no jardim de sua casa, em Viena LEONHARD FOEGER / REUTERSFILIPINAS — A chuva intensa (e um bebé às costas do menino) não demove três crianças de jogarem à bola, na cidade de Quezon, área metropolitana de Manila DONDI TAWATAO / REUTERSESTADOS UNIDOS — Ao cair da noite, relvados entre os arranha-céus de Nova Iorque enchem-se de praticantes de futebol HECTOR RETAMAL / AFP / GETTY IMAGESRÚSSIA — Indiferentes às condições do terreno, um grupo de russos treina na lama, numa aldeia próxima de Leninegrado ANTON VAGANOV / REUTERSMALI — Balizas sem rede, sandálias em vez de sapatilhas. Não existem obstáculos para estes jovens futebolistas dos arredores de Bamako ANN RISEMBERG / REUTERSÍNDIA — Pavilhão cercado de rede, em Bombaím, para impedir que as bolas pontapeadas com força se percam nos terrenos circundantes FRANCIS MASCARENHAS / REUTERSMONGÓLIA — Um penalty sob os céus de Ulan Bator, a capital mongol RENTSENDORJ BAZARSUKH / REUTERSMYANMAR — Em Rangum, cidade da antiga Birmânia, joga-se futebol junto ao pagode Botataung ANN WANG / REUTERSINDONÉSIA — Adultos e crianças de Jacarta jogam à bola num parque de estacionamento instalado no topo de um edifício DARREN WHITESIDE / REUTERSBÓSNIA HERZEGOVINA — Futebol num cenário histórico: a fortaleza Vranduk, construída no século XIV DADO RUVIC / REUTERSCHINA — Relvado instalado num telhado de Xangai ALY SONG / REUTERSCUBA — Fintas e correrias na baixa de Havana ALEXANDRE MENEGHINI / REUTERSCHILE — Um lance disputado num terreno poeirento de Santiago do Chile IVAN ALVARADO / REUTERSARGÉLIA — O entusiasmo pelo futebol numa zona degradada de Argel ZOHRA BENSEMRA / REUTERSJAPÃO — Neste laboratório da Universidade Poitécnica de Tóquio, quem joga são robôs TORU HANAI / REUTERSVIETNAME — O pátio de um templo é “sagrado” para estas crianças da aldeia de Hoang Xa, arredores de Hanói NGUYEN HUY KHAM / REUTERSÁFRICA DO SUL — Um campo com marcações para a prática do basquetebol transformado num estádio de futebol, no Soweto, contíguo a Joanesburgo SIPHIWE SIBEKO / REUTERSHAITI — Uma partida entre amigos num terreno sujo de Port-au-Prince ANDRES MARTINEZ CASARES / REUTERSEL SALVADOR — Relvado cheio de praticantes, no Complexo Desportivo La Campanera, uma comunidade na área metropolitana de San Salvador visada pela violência dos gangues JOSE CABEZAS / REUTERSQUÉNIA — Campo sujo e encharcado perto dos bairros de lata do vale Mathare, em Nairobi NJERI MWANGI / REUTERSPORTUGAL — Arte e talento na praia de Espinho ALEX GRIMM / GETTY IMAGES
Artigo publicado na “Tribuna Expresso”, a 14 de junho de 2018. Pode ser consultado aqui
A patinagem artística portuguesa está de boa saúde e Ricardo Pinto é um dos seus maiores expoentes. Regressado do Mundial com uma medalha de ouro ao pescoço, o atleta de Leça do Balio desvenda a intensidade do seu treino. E partilha a sua paixão por uma modalidade que é muito mais do que um (simples) desporto
Ricardo Pinto, campeão do mundo 2017 em patinagem artística, na vertente de Solo Dance LUCÍLIA MONTEIRO
Há dez anos apenas, Ricardo Pinto era um jovem praticante de patinagem artística entusiasmado com a sua primeira chamada a um estágio da modalidade. Tinha 14 anos e já levava nove de aulas sobre patins — sem grandes objetivos ou ambições. Há pouco mais de um mês, este patinador de 24 anos saboreou, pela segunda vez, a conquista de um título mundial em séniores.
“Foi tudo muito rápido”, admite. “Quando comecei na patinagem, não sonhava que ia ganhar títulos mundiais. Fui praticando e os resultados foram aparecendo. A partir do meu primeiro estágio, ganhei um pouco mais de consciência acerca do que poderia acontecer. Pensei: ‘Quero ir a um Distrital’. Ganhei o meu primeiro Distrital e disse: ‘Fogo, quero ganhar o Nacional’. Ganhei o Nacional e… ‘Quero ir lá fora’. Concretizava um objetivo e logo surgia outro.”
Aos poucos, atinge um nível de excelência com que muitos sonham e poucos conseguem alcançar. Ironia das ironias, a patinagem entrara na sua vida — tinha ele cinco anos — um pouco por arrasto… “A minha irmã mais velha tinha um problema nos joelhos e o médico aconselhou-a a praticar patinagem para fazer correção. A minha mãe tinha vontade que eu praticasse um desporto e, por uma questão prática, colocou-me na patinagem também.”
Tudo se passa em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, onde Ricardo ainda vive e treina, na associação desportiva Rolar Matosinhos, uma espécie de segunda casa. É lá que o Expresso o encontra, num período de pausa dos seus treinos, três semanas após ter conquistado o título de campeão em Solo Dance, nos Mundiais de Nanjing (China), a 6 de setembro passado.
No início, cai-se muito
As férias de Ricardo são só aparentes, já que o atleta reserva alguns fins de tarde por semana para treinar os mais jovens. Na pista do pavilhão, acompanha-os com o olhar, persegue-os de patins, corrige movimentos, acode a quem cai desamparado na pista. “No início, cai-se muitas vezes”, diz. Talvez por isso, a patinagem não o tenha conquistado de imediato. Mas a mãe foi insistindo e ele foi ficando.
A primeira internacionalização — dedicava-se ele ainda à vertente de Pares de Dança (mais tarde optaria pela de Solo Dance) — surge em 2009. No ano seguinte, participa pela primeira vez num Campeonato do Mundo. E em 2011, conquista as primeiras medalhas de ouro: uma na Taça da Europa (que hoje corresponde ao Campeonato da Europa), outra no Campeonato do Mundo de júniores. O primeiro ouro num Mundial de séniores não tarda: conquista-o em 2015, em Cali (Colômbia).
Este ano, à partida para Nanjing, confessa, levava na mala o objetivo do primeiro lugar. “O título de 2015 foi um pouco inesperado. Mas, este ano, foi um objetivo definido entre mim e o meu treinador. Eu disse-lhe que queria lutar pelo primeiro lugar e ele disse-me que esse era um objetivo que ele tinha para mim. E conseguimos concretiza-lo.”
VÍDEO FIRS (FÉDÉRATION INTERNATIONALE ROLLER SPORTS)
Após ser campeão do mundo, pela primeira vez, o atleta diz que repetir o feito não foi, por isso, mais fácil. “Muito pelo contrário! A cada ano que passa, a patinagem fica mais exigente, como é normal. E depois de se ganhar uma vez, as pessoas ficam à espera de mais. Sente-se uma pressão muito grande. E quando não se corresponde, não é fácil de digerir… Por incrível que pareça, manter é mais difícil do que chegar lá.”
Dada as características da patinagem artística que, para além da competição desportiva, tem inerente uma componente de espetáculo, — “a mistura do desporto com a arte”, como se lê no sítio da Federação Portuguesa de Patinagem —, os treinos são complexos. “Há uma parte física em que fazemos trabalho de cardio, no ginásio. Mais ou menos hora e meia todos os dias. Depois, há o trabalho técnico, com os patins”, com os treinadores que, para além das correções técnicas, escolhem as músicas e vão montando as coreografias. “Este ano, só de patins, trabalhamos cerca de três horas por dia: uma para a dança obrigatória, outra para a ‘style dance’ e outra para a dança livre”, os três estilos obrigatórios no programa individual.
Tudo somado, o título mundial “custou” a Ricardo Pinto mais de quatro horas por dia de dedicação à patinagem. “Fora o tempo que ficamos a praticar sozinhos”, acrescenta. “Se não me sentir cansado, prolongo um pouco o treino para interiorizar melhor o que estive a fazer com o meu treinador e mecanizar as correções.”
Em casa, também se treina. Descansa-se, física e psicologicamente, uma componente fundamental do treino, visiona-se vídeos, a pensar nas coreografias, e experimenta-se movimentos de sapatilhas calçadas, para depois ver como sai em patins. “Tentamos sempre inovar, de umas coreografias para as outras, e também transpor alguma coisa que já seja segura. Normalmente, há um elemento que consideramos a nossa imagem de marca e que tentamos sempre reproduzir.” A de Ricardo é um pião vertical no calcanhar. “O primeiro patinador a apresentar esse pião foi o meu treinador, depois passou-o a mim.”
VÍDEO FIRS (FÉDÉRATION INTERNATIONALE ROLLER SPORTS)
Os triunfos na patinagem não dão azo a compensações financeiras, mas a recompensas emocionais que ficam para a vida. “Estar no pódio e ouvir o hino do nosso país a ser tocado por nossa causa faz-nos ver que todo o trabalho que desenvolvemos — todo o sofrimento, dores e chatices — valeu a pena.”
A omissão de Marcelo
Do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que não costuma falhar nestas ocasiões, Ricardo não recebeu qualquer felicitação. Não valoriza a omissão. Congratula-se com a presença de alguns órgãos de informação à chegada dos patinadores nortenhos ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. “Há uns anos, não havia nada daquilo, quase nem havia pessoas a esperar-nos. Não temos a projeção de outros desportos e temos resultados muito melhores. Se os grandes clubes de futebol tivessem secções de patinagem, se calhar teríamos uma projeção diferente, mas penso que não é uma condição necessária para que a modalidade continue a crescer.”
Ricardo não consegue falar do seu percurso sem constantemente mencionar e dividir os louros com os treinadores que o têm acompanhado: no início Pedro Craveiro, atualmente Hugo Chapouto, de 32 anos, também ele bicampeão (europeu e mundial) em Solo Dance, em 2009 e 2010.
Ao treinador cabe o enorme desafio de continuar motivar o atleta, dois títulos mundiais depois. “Eu arranjo muita motivação nas coreografias que faço”, diz Ricardo. “Como são diferentes todos os anos e, ainda por cima, este ano, mudou o sistema de ajuizamento, arranjo muito incentivo nas coisas novas. Motiva-me aprendê-las e, depois, surpreender quem as vê.”
“O Ricardo é o exemplo de como se deve encarar o desporto e que não é necessariamente a busca da medalha ou de um reconhecimento”, explica o treinador. “É a entrega e a conquista — no dia a dia, passo a passo — de pequeninas vitórias sobre si mesmo. Ele é a prova de que quando nós nos focamos naquilo que são as nossas conquistas, e trabalhamos as nossas debilidades, atingimos o nosso potencial máximo. Os campeões são aqueles que conseguem demonstrar o seu potencial máximo e não, necessariamente, aqueles que estão melhor.”
Hugo Chapouto, o treinador de Ricardo Pinto, foi o primeiro campeão do mundo da história da patinagem portuguesa LUCÍLIA MONTEIRO
“O truque do nosso trabalho”, continua Chapouto, “é o espírito de partilha por parte de um atleta que consegue dividir a pista com milhentos atletas sem problema, que recebe de braços abertos jovens que chegam à categoria máxima, e que passam a competir com ele, sempre numa perspetiva solidária. E que consegue perceber que todos os dias tem de se superar, tem de sacrificar alguma coisa, e que está nesse crescimento constante.”
O elixir do Rolar
Hugo é treinador no Rolar Matosinhos desde 2010. Nos Mundiais de Nanjing, marcaram presença sete atletas desta associação, todos em Solo Dance. O pior resultado que obtiveram foi… o quarto lugar. No total, a participação portuguesa saldou-se por três ouros, três pratas e dois bronzes.
“No Rolar, não há nenhum elixir que brota das águas e que faz com que estes atletas sejam todos talentosíssimos e campeoníssimos”, comenta o treinador. “A metodologia de trabalho baseia-se na partilha, no espírito de sacrifício e no trabalho que depois é recheado com o talento de cada um.” Chapouto diz que na fórmula “99% de trabalho e 1% de talento” prioriza o trabalho. “Só quando ambas as potencialidades estão no máximo é que aquele 1% de talento vai fazer a diferença.”
No ranking das nações que melhor patinam, a Itália é a superpotência. Na China, Ricardo Pinto bateu o pé à armada italiana: Daniel Morandin foi segundo e Alessandro Spigai quarto. Fechou o pódio, com a medalha de bronze, o português Pedro Walgode, também ele atleta do Rolar.
“Treinamos ao mesmo tempo”, diz Ricardo. “É uma competição saudável. Com ele desenvolvi um laço de amizade. Muitas vezes as coisas estão a correr mal e é ele que me dá força para continuar a treinar. Não é bem uma competição direta. Sofro muito quando ele está a competir. Muita gente não compreende como é que eu não torço para que ele falhe… Eu, para ganhar, não gosto que os outros falhem ou que as coisas não lhes corram bem. Gosto de ganhar com mérito e não pensar que só ganhei porque a outra pessoa falhou.”
Depois do ouro nos Mundiais de Cali (2015) e de Nanjing (China), Ricardo Pinto está já de olho no próximo campeonato, marcado para Nantes (2018) LUCÍLIA MONTEIRO
Ricardo Pinto divide tempo e energia entre a patinagem e os estudos na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “Tento ser bom aluno, mas reconheço que não sou tão bom como poderia ser. Dedico muito tempo à patinagem e, quando me sinto cansado, os estudos ficam um pouco de parte.”
Enquanto estudante universitário, beneficia do estatuto de atleta de alto rendimento. “Tenho a possibilidade de escolher as minhas aulas práticas, o que me possibilita montar o meu próprio horário, de acordo com os treinos da patinagem. E tenho a facilidade de, quando falto às aulas por causa das competições, as justificações da Federação serem aceites” pelos serviços académicos.
Sente falta, porém, de um acompanhamento diferente por parte dos docentes. “Falta um pouco de compreensão e de proximidade. Se eu me dirigir a um professor, sou tratado como um aluno regular. Compreendo que não pode haver uma valorização entre alunos, mas pelo menos alguma tolerância em relação a prazos, por exemplo. É útil termos as faltas justificadas, mas quando falhamos aulas, a lacuna em termos da matéria que se perdeu fica sempre lá.”
Ricardo estuda Biologia. Os animais são uma paixão que o acompanha desde criança, dos micróbios às girafas. “A minha profissão de sonho é trabalhar num zoo, como se vê na televisão, a cuidar dos tigres.” Quando se imagina na idade adulta, a Biologia é a área que quer exercer. “Gostava de fazer investigação”, diz. “Passamos pelo menos um quarto da nossa vida a estudar. Espero conseguir retirar alguma coisa da minha vida académica.”
Quanto à patinagem, nunca a vai querer largar — como atleta de um grupo, como treinador, como juíz, as opções são múltiplas.
Ricardo Pinto concilia a prática da patinagem com os estudos de Biologia, na Faculdade de Ciências do Porto LUCÍLIA MONTEIRO
Exclusivamente dedicado à patinagem, o treinador Hugo Chapouto viaja pelos quatro cantos do mundo, como membro de instituições internacionais e consultor de várias federações. Diz que, em Portugal, “a patinagem está de muito boa saúde”. Nos últimos dez anos, o número de praticantes aumentou bastante, em 2015 a patinagem foi reconhecida como modalidade no Desporto Escolar e, cada vez mais, a prática desportiva no país é encarada com maior seriedade.
Por avaliar está a influência da telenovela argentina “Soy Luna” (Disney Channel) na popularidade da patinagem entre os adolescentes portugueses… Na série, a jovem Luna Valente adora cantar e sonha em ser patinadora profissional. Ricardo garante que foi importante para levar alguns jovens a experimentar os patins.
“Quando comecei a praticar, aos sete anos de idade, os nossos sonhos eram muito limitados à partida”, diz Hugo Chapouto. “Não se sonhava em conquistar uma medalha num campeonato internacional. Hoje, qualquer atleta que nos aparece já ouviu falar num campeão do mundo ou da Europa. E são tantos aqui no Rolar.”
Apesar da falta de reconhecimento público dentro de portas, Portugal tem-se afirmado como uma potência internacional da patinagem artística. “A Itália não compete com ninguém, está claramente na liderança. Depois há três países mais ou menos em igualdade de circunstâncias: Portugal, Espanha e a Argentina”, diz Chapouto.
“Portugal não tem um problema em relação à patinagem, mas antes um problema de cultura desportiva. Ainda valorizamos unicamente o resultado e não o percurso. Infelizmente, os nossos jovens têm uma aproximação ao desporto que é: ‘Eu quero ser como a estrela que vejo na televisão’. E deveria ser: ‘Eu gostava de executar aquilo, gostava de jogar como aquelas pessoas’. Esse é o nosso défice.” De resto, tudo sobre rodas.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de outubro de 2017. Pode ser consultado aqui
Em tempo de olimpíadas não esqueçamos que o desporto é uma eficaz arma política
Na reta final da sua histórica visita a Cuba, Barack Obama passou pelo Estadio Latinoamericano, em Havana, para um aparente momento de descompressão. Sorridente, sem gravata, de óculos de sol e recetivo à “hola mexicana” que corria as bancadas, o Presidente dos EUA — sentado entre a mulher Michelle e o homólogo cubano, Raúl Castro — assistiu a um jogo de basebol entre a seleção cubana e os Tampa Bay Rays, da Florida.
A sua presença descontraída no estádio, em amena cavaqueira com Raúl Castro, era a prova, para os 55 mil cubanos que enchiam as bancadas e para os milhões que seguiam pela televisão, que a tensa relação de décadas entre EUA e Cuba fazia parte do passado. Não parecendo, aquela ida ao basebol era também um ato político.
“O desporto é uma linguagem global e um fenómeno social compreendido por todas as culturas, raças, etnias, religiões e nações. É a força motriz por trás da globalização na medida em que aumenta a interação e a comunicação entre povos que podem não ter qualquer interação ou comunicação entre si”, explica ao Expresso Omar Salha, perito em Diplomacia do Desporto da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS), da Universidade de Londres.
“A vantagem de ser parte integrante da cultura popular global torna o desporto mais eficaz, em termos de ligação e comunicação entre as massas, do que a diplomacia tradicional centrada nos Estados. Isso é evidente quando vemos muitos países a adotar o desporto como plataforma e porta-voz de uma Diplomacia Pública e de uma marca nacional, através da organização de Jogos Olímpicos ou do Campeonato do Mundo da FIFA.”
Diplomacia do basebol
Ao contrário da maioria dos países latino-americanos, onde o futebol é rei, nos EUA e em Cuba, o desporto por excelência é o basebol. Desde a revolução cubana de 1959 e até 22 de março passado, cubanos e norte-americanos tinham-se defrontado apenas por uma vez — em 1999, mandava Fidel Castro em Cuba e Bill Clinton nos EUA. A 28 de março desse ano, os Baltimore Orioles tornaram-se a primeira equipa norte-americana a competir na Cuba comunista. Cinco semanas depois, os Baltimore acolheriam os “peloteros” cubanos.
Ao comparecer no estádio de Havana, Obama celebrou uma paixão partilhada pelos dois povos e reafirmou semelhanças em relação ao antigo inimigo. Os Tampa Bay Rays ganhariam por 4-1. “O resultado final foi favorável aos Rays, mas hoje todos ganhámos no Estadio Latinoamericano”, escreveu a equipa norte-americana no Twitter.
Documentos do Departamento de Estado norte-americano com data de 1975, entretanto desclassificados e divulgados pelo Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington, revelam que, em Washington, havia quem defendesse o recurso ao basebol para “ajudar a quebrar o gelo” com Cuba. Mas, para os EUA, a década de 70 não seria frutuosa, no que respeita ao dossiê Cuba.
Diplomacia do pingue-pongue
Inversamente, os anos 70 seriam marcados pelo desanuviamento entre EUA e China, com origem na diplomacia do pingue-pongue. Em abril de 1971, a convite da China, um grupo de mesatenistas norte-americanos viajou até Pequim. Fotografados junto à Grande Muralha, foram capa da “Time”, com o título “China: um jogo totalmente novo”. Esta digressão abriu caminho à visita à China do Presidente Richard Nixon, em fevereiro de 1972, um dos marcos da Guerra Fria.
“O uso de ‘soft power’ no desporto por parte das administrações norte-americanas evoluiu significativamente com o programa de Diplomacia do Desporto, do Gabinete de Assuntos Educativos e Culturais [do Departamento de Estado]”, comenta Omar Salha. “Com este programa — treinando jovens, comprometendo-os com uma grande variedade de desportos, como natação, basebol, basquetebol e “soccer” (futebol), e oferecendo bolsas a instituições que partilhem a mesma filosofia e ética —, os EUA criam uma imagem favorável, aumentam a sua popularidade em termos desportivos e, mais importante, tentam promover objetivos de política externa através de práticas educativas, culturais e desportivas.”
Diplomacia do basquetebol
Nos últimos anos, sem cobertura oficial, o excêntrico basquetebolista norte-americano Dennis Rodman empenhou-se numa diplomacia do basquete para limar arestas entre EUA e Coreia do Norte. Os dois países nunca tiveram relações diplomáticas desde a divisão da península coreana, em 1953, sendo os interesses norte-americanos em Pyongyang representados pela Suécia.
“Não sou Presidente, nem político, nem embaixador. Sou apenas um atleta, que quer lá ir e fazer alguma coisa pelo mundo. Só isso.” Assim falava Rodman em janeiro de 2014 à partida para uma visita à Coreia do Norte, onde esteve pelo menos seis vezes. Na mala, a antiga estrela dos Chicago Bulls levava planos para organizar um “jogo de boa vontade” entre antigas glórias da NBA e atletas norte-coreanos.
A cruzada de Rodman, que não produziu resultados políticos, levantou um coro de críticas segundo as quais estaria a contribuir para a legitimação de um regime repressivo. “É importante perceber a legitimidade política e económica que os países procuram quando se tornam membros de organizações desportivas”, refere Omar Salha. “Há mais países representados e reconhecidos no Comité Olímpico Internacional e na FIFA do que na ONU. Apesar do atrativo que há em unificar e unir uma nação sob os auspícios de um espetáculo desportivo, o risco de a dividir é tão grande como o de a unir. Ou, recordando as palavras de George Orwell: ‘O desporto é a guerra sem os tiros’.”
CRÍQUETE APROXIMA OS RIVAIS
ÍNDIA E PAQUISTÃO
O aproveitamento político do desporto não é uma estratégia exclusiva dos EUA. Entre Índia e Paquistão — potências nucleares que disputam o controlo da região de Caxemira —, o críquete tem sido usado para desanuviar as frequentes situações de tensão entre os dois países que, no século XX — desde a partição da Índia Britânica (1947), de que resultou a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, muçulmano —, travaram três guerras (1947, 1965 e 1971). A foto mostra uma fase de aproximação, em abril de 2005, com o Presidente paquistanês Pervez Musharraf (de óculos) e o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh (de turbante) a assistirem, em Nova Deli, ao último de seis jogos de críquete entre as duas seleções nacionais em solo indiano. Após os atentados de Bombaim de novembro de 2008, que provocaram pelo menos 166 mortos, e que foram planeados e organizados a partir do Paquistão, a relação entre os dois países só recuperou alguma normalidade em 2011, por ocasião das meias finais do Campeonato do Mundo de Críquete, disputadas entre ambos. Então, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, agradeceu a presença do homólogo paquistanês, Yousuf Raza Gilani, que assistiu ao jogo na cidade indiana de Mohali. O críquete ainda não conseguiu o milagre da paz entre Índia e Paquistão, mas, de tempos a tempos, vai criando essa ilusão.
Artigo publicado no “Expresso” e no “Expresso Diário”, a 6 de agosto de 2016, decorriam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Pode ser consultado aqui
Faz fronteira com a Síria e com o Egito, mas goza, a nível futebolístico, de um estatuto europeu. Israel disputa o Campeonato da Europa a nível de seleções e os seus clubes competem nas provas da UEFA, como o confirma o jogo desta quarta-feira entre Maccabi de Telavive e FC Porto
A cada nova época desportiva, já poucos estranham a presença de equipas israelitas nas provas organizadas pela UEFA. É assim desde 1992, ano em que Maccabi de Telavive e Hapoel Petah-Tikva fizeram história ao tornarem-se os primeiros clubes israelitas a participarem nas competições europeias.
Criado em 1948, Israel herdou dos britânicos, que detinham o mandato da Palestina, o entusiasmo pelo futebol — hoje, o desporto mais popular entre os israelitas. Correspondendo à sua localização geográfica, em 1954, o país aderiu à Confederação Asiática de Futebol, estatuto que duraria apenas 20 anos.
Cedo, a participação desportiva israelita começou a ressentir-se de atitudes de boicote por parte de equipas adversárias, que se recusavam a defrontar os israelitas.
Vencer sem jogar
Em 1958, essa animosidade levou a um episódio bizarro: durante a fase de qualificação para o Mundial da Suécia, Israel garantiu o apuramento sem ter disputado um único jogo. Turquia (que hoje também disputa as provas da UEFA), Indonésia e Sudão recusaram jogar contra Israel. Para contornar o embaraço, a FIFA organizou um “play off” entre Israel e o País de Gales. Israel perdeu as duas partidas por 2-0.
Igualmente, em 1964, quando Israel recebeu e venceu a Taça Asiática, o feito foi ensombrado pelo facto de 11 dos 16 países participantes se terem retirado da competição. Israel ganharia o torneio triunfando apenas contra Índia, Coreia do Sul e Hong Kong.
A convivência de Israel no seio da Confederação Asiática de Futebol complicou-se definitivamente após a eclosão da guerra do Yom Kippur, em 1973, a quarta israelo-árabe. Durante os Jogos Asiáticos do ano seguinte, disputados em Teerão (ainda no Irão reinava o Xá Mohammad Reza Pahlavi), Kuwait e Coreia do Norte recusaram defrontar Israel.
Os israelitas chegariam à final, que perderiam por 0-1 para os iranianos (um jogo impossível de se realizar na atualidade). Porém, o mérito desportivo sucumbiria à contestação política e Israel seria expulso da Confederação Asiática em 1974.
Durante os anos 80, a seleção israelita jogou a maioria dos jogos contra equipas europeias, disputou na Europa a qualificação para o Mundial de Espanha (1982) e na Oceânia o acesso aos dois torneios seguintes (México 86 e Itália 90).
Casa emprestada por causa da guerra em Gaza
O futebol israelita recuperaria a estabilidade competitiva em 1992, quando as suas equipas começaram a disputar as provas da UEFA. O país seria admitido na confederação como membro associado nesse ano e como membro de pleno direito dois anos depois.
De permeio, em 1993, a seleção israelita atingiria a glória ao derrotar a França, no Parque dos Príncipes, em Paris, por 2-3, durante a qualificação para o Mundial dos Estados Unidos. (Atualmente, é na zona europeia que a seleção israelita disputa a qualificação para os Mundiais da FIFA.)
Se, em termos políticos, Israel encontrou na UEFA a estabilidade que a dada altura perdeu na Confederação Asiática, a instabilidade crónica que flagela a região do Médio Oriente tem penalizado as equipas israelitas também no seio europeu.
Na última época, por exemplo, por determinação da UEFA, Maccabi de Telavive, Hapoel de Telavive e Hapoel Beersheva tiveram de recorrer a “locais alternativos, fora do território de Israel” para disputar os jogos caseiros da Liga dos Campeões e da Liga Europa. Um efeito colateral de mais uma guerra na Faixa de Gaza, no verão de 2014.
Palestinianos mostram cartão vermelho
Em maio passado, o conflito israelo-palestiniano chegou ao Congresso anual da FIFA, realizado em Zurique (Suíça). Membro da organização desde 1998 — à semelhança das associações de outras nações não soberanas como Inglaterra, Escócia e País de Gales —, a Associação Palestiniana de Futebol lançou uma petição no sentido da suspensão de Israel.
Então, os palestinianos enumeraram situações que, em seu entender, encerram em si violações dos princípios e da ética da FIFA por parte das autoridades israelitas: restrições à circulação de jogadores e responsáveis palestinianos entre os dois territórios palestinianos (Cisjordânia e Faixa de Gaza); proibição de entrada a adversários internacionais nos territórios ocupados palestinianos; inclusão de equipas oriundas de colonatos nos campeonatos secundários israelitas.
Jibril Rajub, presidente da Associação Palestiniana de Futebol, acabaria por emendar a moção, retirando a exigência da suspensão de Israel e propondo a formação de um comité internacional que investigue a liberdade de movimentos dos jogadores palestinianos, as acusações de racismo e o estatuto de cinco equipas israelitas sedeadas na Cisjordânia.
A cedência palestiniana foi muito criticada entre os palestinianos. “Isto não quer dizer que eu vou desistir da resistência”, garantiu Jibril Rajub. “Não devemos misturar política e futebol”, contrapôs o delegado israelita, Ofer Eini.
O CASO BRAHIMI
Mal foi conhecido que o FC Porto ia defrontar o Maccabi de Telavive, para a Liga dos Campeões, multiplicaram-se apelos, na imprensa argelina e nas redes sociais, para que o argelino Yacine Brahimi se recusasse a defrontar os israelitas. “A decisão final sobre as minhas deslocações profissionais cabe a mim e ao FC Porto”, escreveu Brahimi no Facebook. Na primeira mão, no Dragão, a 20 de outubro passado, Brahimi marcou um dos golos da vitória do Porto por 2-0 sobre o Maccabi. Uma lesão entretanto diagnosticada resolveu o dilema relativo à sua deslocação a Israel
* Este texto baseia-se num artigo escrito por Richard Williams, publicado Sky News Online
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de novembro de 2015. Pode ser consultado aqui
Num debate sobre “100 anos de olimpismo em Portugal”, falou-se de feitos desportivos e de dificuldades organizativas. Carlos Lopes recordou como, há 25 anos, sabia que a vitória na maratona em Los Angeles não lhe ia escapar…
Durante dois anos e meio Carlos Lopes não pensou noutra coisa… “Fui para Los Angeles para ganhar a maratona. Tinha-a preparado ao detalhe durante dois anos e meio, observado os adversários… No ano anterior aos Jogos, corri 12 mil quilómetros. O meu grande objectivo era ser campeão olímpico!”, recorda.
A 12 de Agosto de 1984, desde que soou o tiro de partida para a corrida mais longa do atletismo, o maratonista nascido em Vildemoinhos (Viseu) limitou-se a fazer a sua corrida. Concluiu o percurso em 2h09m21s. “Se tivesse tido necessidade de fazer menos tempo, teria feito!”, continua a relembrar.
Na segunda-feira à noite, Carlos Lopes falou dessa determinação na palestra “100 anos do olimpismo em Portugal”, organizada pelo curso de Administração e Gestão Desportiva da Universidade Autónoma de Lisboa.
Marco histórico alterou filosofia
Essa vitória foi um marco da história olímpica portuguesa — pela primeira vez, um atleta luso ganhava uma medalha de ouro — e da própria filosofia das participações do país nos Jogos. Se até então o objectivo era participar — fazendo jus aos ideais do barão Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna —, a partir dos anos 1980 começou a ser imposto um limite qualitativo mínimo à participação dos atletas.
As condições melhoraram a partir dos Jogos de Barcelona de 1992, quando passou a haver um apoio directo a atletas e treinadores. Mas devido à proximidade geográfica com Barcelona, Portugal quis deslumbrar…
“Barcelona era aqui ao lado, tínhamos de nos mostrar. Levámos quase 100 atletas mas não trouxemos uma única medalha. Foram desistências atrás de desistências…”, recordou Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), outro participante no encontro.
Dentro do avião, durante a viagem de regresso a Lisboa, Vicente Moura foi confrontado com um pedido insólito por parte da equipa olímpica. “Pediram-me que os autorizasse a despir a farda oficial. Estavam envergonhados e queriam passar incógnitos no aeroporto…” E assim foi.
Preparação custa dinheiro
A cumprir o seu quinto mandato à frente do COP, Vicente de Moura referiu que a gestão diária do COP é difícil, mas disse ter “excelentes relações com todas as federações, sem excepção”. O grande obstáculo ao funcionamento do COP prende-se com a questão do financiamento.
Recusada que foi, no passado, a possibilidade de o Comité ter uma fonte de financiamento fixa proveniente das receitas do Totoloto, a estrutura fica mais dependente de patrocinadores. ” À velha maneira portuguesa, os sponsors aparecem mais nos anos próximos aos Jogos…” — quando, na realidade, os apoios são necessários durante toda a fase de preparação dos atletas. “‘Ainda falta muito para os Jogos’, costumo ouvir. ‘Volte a falar quando lá chegarmos…'”, lamentou-se Vicente de Moura.
Orçado em 14,6 milhões de euros, o projecto olímpico Londres/2012 — envolvendo 90 atletas — está já em desenvolvimento. Todos os meses, o COP distribui uma verba entre 170 e 180 mil euros por atletas e federações.
“Receber o dinheiro a tempo e horas cria estabilidade para os atletas. Todas as condições que lhes dermos nunca são demais”, disse o presidente do COP. O comandante referiu ainda que a isentação de IRS da bolsa dos atletas foi uma conquista importante e que, apesar da crise, o financiamento ao programa olímpico tem-se mantido.
Suar ou jogar playstation?
Porém, o desporto escolar é insuficiente: “Em Portugal, não consigo sequer compreender que percentagem do PIB o Estado dedica ao desporto. Fiz uns cálculos… julgo andar à volta dos 0,8%. É pouco”, insistiu.
O Brasil, por exemplo, tem um programa de “detecção de talentos” da responsabilidade do Ministério da Educação. “Os talentos estão nas aulas de Educação Física”, concordou o judoca Nuno Delgado (medalha de bronze nos Jogos de Sydney/2000), também presente no debate. “Mas a maioria dos miúdos prefere ir jogar Playstation…”
Nuno Barreto (medalha de bronze, com Hugo Rocha, nos Jogos de Atlanta/1996, em vela) e presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, estabeleceu um paralelismo entre o seu próprio percurso e a realidade que hoje observa: “Eu só comecei a sair para o mar acompanhado de treinador três anos antes dos Jogos. Durante muitos anos, fui para o mar sozinho. Hoje, os miúdos não querem ir para dentro de água sem treinador, ao frio, à chuva… Preferem ficar em casa”.
A falta de “cultura desportiva” é, porventura, um dos maiores obstáculos à obtenção de mais e melhores resultados desportivos. Nuno Delgado defendeu que não faltam boas infraestruturas desportivas em Portugal. “O problema é que não estão bem distribuídas. Não são rentabilizadas até ao limite”, disse o judoca, que dirige a sua própria escola de judo.
Conclusão de Vicente de Moura: “O desporto evoluiu. Portugal progrediu. O drama é que os outros também progridem…”
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 24 de novembro de 2009. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.