Os Emirados Árabes Unidos foram fundados há 40 anos. Em 2012, quase 50% do orçamento será destinado à saúde, educação e alojamento. Fotogaleria




































Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de dezembro de 2011. Pode ser consultado aqui
Os Emirados Árabes Unidos foram fundados há 40 anos. Em 2012, quase 50% do orçamento será destinado à saúde, educação e alojamento. Fotogaleria




































Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de dezembro de 2011. Pode ser consultado aqui
A braços com uma dívida pública considerável, o Dubai prepara-se para privatizar os seus principais ativos. Reportagem nos Emirados Árabes Unidos

A jóia dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não escapa à crise. O Dubai tem uma dívida que ronda os 110 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros) e, para fazer face às dificuldades, o governo do Dubai está a considerar um programa de privatizações das principais empresas do território.
Entre as candidatas à privatização está a Emirates Airline, a maior transportadora aérea do Médio Oriente, líder na compra de Airbus A380 (o maior avião comercial de passageiros da história). Estima-se que, este ano, a transportadora tenha lucros de mais de 1,4 mil milhões de dólares (mais de mil milhões de euros).
Outras empresas na mira são a Jumeirah (proprietária de sete hotéis no Dubai, entre os quais o Burj al-Arab, uma das imagens de marca do território), a DP World (líder regional na exploração de portos), a empresa da Água e da Electricidade e ainda a Dubai Alumínio.
Uma análise efetuada pelo jornal emirati “The National” conclui que — assumindo que o governo continuará a controlar 51% do capital das empresas —, este plano de privatizações poderá fazer reverter para os cofres públicos cerca de 20 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros).
Contrariamente ao emirado de Abu Dhabi, que controla 92% das reservas de petróleo e de gás do país — os EAU são o terceiro maior exportador mundial de crude —, o Dubai tem pouco petróleo (apenas 3% do PIB provém dos hidrocarbonetos). A sua economia depende sobretudo do turismo, transportes, construção, serviços financeiros e do comércio.
As notícias sobre um possível plano de privatizações no Dubai coincidem com rumores de que, também em Abu Dhabi, o governo pode ser chamado a atribuir uma ajuda financeira à Aldar Properties. A empresa líder no setor da construção — que presentemente é proprietária de mais de 50 milhões de metros quadrados de terra em Abu Dhabi — tem uma dívida superior a 2,7 mil milhões de dólares (mais de 2000 milhões de euros) e viu as suas vendas diminuírem na sequência da crise financeira global.

Entre os principais projetos da Aldar estão a Ilha Yas, onde se localiza o circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi (inaugurado em 2009) e o Ferrari World, o maior parque temático interior do mundo, que abriu portas no mês passado. Fonte governamental citada pelo jornal “The National” refere que a assistência financeira à Aldar deverá chegar sob a forma de um empréstimo a 25 anos.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 20 de dezembro de 2010. Pode ser consultado aqui
Apesar de ser um país muçulmano, os Emirados toleram outras religiões e até festejam o Natal. Mas um dos grandes orgulhos arquitetónicos é uma mesquita. Reportagem nos Emirados Árabes Unidos

O Natal está a chegar e muitos centros comerciais dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não são indiferentes a essa oportunidade comercial. Para além de grandes árvores iluminadas, os supermercados têm secções de venda de decorações natalícias e postais de Boas Festas. Os lóbis dos grandes hotéis acompanham a tendência da época e, à chegada de um novo hóspede, lá está o Pai Natal a dar as boas vindas.
Os EAU são, oficialmente, um país islâmico, mas a Constituição consagra a liberdade religiosa. Em todo o país, há 59 igrejas, que realizam as suas cerimónias com normalidade. No Dubai, há ainda dois templos hindus e um centro de culto sikh, frequentados por emigrantes.
Cerca de 80 por cento dos cinco milhões de habitantes dos EAU são estrangeiros, provenientes, sobretudo, do continente asiático. O maior contingente é oriundo da Índia, com cerca de 1,5 milhões de trabalhadores. A febre de desenvolvimento que se vive nos Emirados atrai mão-de-obra, literalmente, de todo o mundo. Segundo as estatísticas oficiais, há “mais de 200 nacionalidades” entre a massa de trabalhadores…
Projetada para homenagear a “unidade do mundo”, a Grande Mesquita Sheikh Zayed — o fundador dos EAU, que faleceu em 2004 —, em Abu Dhabi, é uma dos maiores tesouros arquitetónicos do país. Mais de 3000 trabalhadores participaram na sua construção e foram utilizados materiais importados de todo o mundo, desde cristais da Áustria (Swarovski) até à carpete feita por mais de 1200 artesãos iranianos e transportada para Abu Dhabi em três aviões…
O mármore branco predomina na paisagem — foram usados 28 tipos diferentes — e por força das suas 1000 colunas e 82 cúpulas dir-se-ia que o templo foi inspirado no Taj Mahal. O complexo ocupa 22.412 metros quadrados e a mesquita tem uma capacidade para acolher, em simultâneo, 40.960 fiéis.

Num jardim circundante à mesquita, fica o mausoléu do Sheikh Zayed que impressiona pela sua simplicidade — um paralelepípedo rectangular de mármore branca, semelhante a uma modesta campa num cemitério cristão. Numa pequeno edifício adjacente, dez homens revezam-se, 24 horas por dia, na recitação do Alcorão, que é transmitida para o exterior através de uma aparelhagem sonora.
O Expresso visita a mesquita numa visita guiada para jornalistas estrangeiros. Entre eles, está Rahma, uma muçulmana indonésia, que, no seu país, cumpre religiosamente as cinco orações diárias. Está visivelmente impressionada com a grandiosidade do templo e não pára de tirar fotografias. “Quando acabar a visita, vou pedir para esperarem um bocadinho. Quero muito rezar aqui!”
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de dezembro de 2010. Pode ser consultado aqui