Arquivo da Categoria: Emirados Árabes Unidos

Das tréguas à prosperidade

Os Emirados Árabes Unidos foram fundados há 40 anos. Em 2012, quase 50% do orçamento será destinado à saúde, educação e alojamento. Fotogaleria

A 2 de dezembro de 1971, foi criado o Estado dos Emirados Árabes Unidos (EAU), no sudeste da Península Arábica
O país é uma federação de sete emirados, cada qual governado por um emir
Os sete emirados são: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ras Al Khaimah, Ajman, Um al-Qaiwain e Fujairah
São formalmente conhecidos como os Estados da Trégua, numa referência a uma trégua, no século XIX, entre os líderes locais e o colonizador Reino Unido
São formalmente conhecidos como os Estados da Trégua, numa referência a uma trégua, no século XIX, entre os líderes locais e o colonizador Reino Unido
O Xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan é o pai fundador dos EAU. Morreu em 2004
Sucedeu-lhe na presidência o seu filho, o Xeque Khalifa bin Zayed Al Nahyan
O primeiro-ministro é o emir do Dubai, presentemente o Xeque Mohammad Bin Rashid al Maktum
A visão do Xeque Zayed para o país assentava em quatro princípios estruturais
O primeiro: As receitas provenientes do petróleo e do gás do emirado do Abu Dhabi devem ser colocados ao serviço de todo o país
Os EAU têm as quartas maiores jazidas de petróleo do mundo e as quintas maiores reservas de gás
O país produz cerca de 2,5 milhões de barris de petróleo por dia
Abu Dhabi é o grande centro de produção de petróleo e gás
Abu Dhabi é o grande centro de produção de petróleo e gás
Com 828 metros de altura, o Burj Khalifa, no Dubai, é o edifício mais alto do mundo
O turismo representa cerca de 10% do PIB, com 12 milhões de visitantes por ano
O turismo levou ao crescimento contínuo das linhas aéreas nacionais: Ethiad, Emirates, FlyDubai, Air Arabia
Nos portos marítimos, o número de escalas de cruzeiros está a aumentar
Excetuando Abu Dhabi e Dubai, os outros emirados praticamente não tem recursos próprios
A proteção ambiental tem sido uma preocupação dos EAU. Abu Dhabi alberga a sede da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA)
Em Abu Dhabi, Masdar é uma das primeiras cidades do mundo “verdes”, sem carbonetos
Na ilha de Sa’adiyat (Felicidade), adjacente a Abu Dhabi, estão a ser construídos um Louvre e um Guggenheim
O Grande Prémio de Abu Dhabi de Fórmula 1 começou a ser disputado em 2009
Trabalham nos EAU expatriados oriundos de cerca de 200 países, ou seja, praticamente de todo o mundo
Recentemente, entrou em vigor a Lei 51, destinada a combater o tráfico de seres humanos no país
O segundo: A verdadeira riqueza do país está no seu povo
Hoje, as mulheres representam cerca de 70% do universo de estudantes universitários
Cerca de dois terços dos postos governamentais são ocupados por mulheres
O terceiro: O espírito de tolerância entre diferentes comunidades e credos deve permanecer
A Grande Mesquita Xeque Zayed, em Abu Dhabi
Nos EAU, existem mais de 40 igrejas e catedrais, bem como lugares de oração de outras crenças
O quarto: Os EAU devem procurar promover o diálogo, cooperação e resolução de conflitos
Os EAU fazem parte do Conselho de Cooperação do Golfo, juntamente com Arábia Saudita, Bahrain, Omã, Qatar e Kuwait
Na última década, os EAU contribuíram com mais de 1,5 biliões de dólares para programas de reabilitação e reconstrução no Afeganistão
Na última década, os EAU contribuíram com mais de 1,5 biliões de dólares para programas de reabilitação e reconstrução no Afeganistão
As despesas com a saúde, a educação e o alojamento correspondem a 47% do orçamento para 2012

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de dezembro de 2011. Pode ser consultado aqui

Receita para a crise à moda do Dubai

A braços com uma dívida pública considerável, o Dubai prepara-se para privatizar os seus principais ativos. Reportagem nos Emirados Árabes Unidos

Arranha-céus a perder de vista, no Dubai MARGARIDA MOTA

A jóia dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não escapa à crise. O Dubai tem uma dívida que ronda os 110 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros) e, para fazer face às dificuldades, o governo do Dubai está a considerar um programa de privatizações das principais empresas do território.

Entre as candidatas à privatização está a Emirates Airline, a maior transportadora aérea do Médio Oriente, líder na compra de Airbus A380 (o maior avião comercial de passageiros da história). Estima-se que, este ano, a transportadora tenha lucros de mais de 1,4 mil milhões de dólares (mais de mil milhões de euros).

Outras empresas na mira são a Jumeirah (proprietária de sete hotéis no Dubai, entre os quais o Burj al-Arab, uma das imagens de marca do território), a DP World (líder regional na exploração de portos), a empresa da Água e da Electricidade e ainda a Dubai Alumínio.

Uma análise efetuada pelo jornal emirati “The National” conclui que assumindo que o governo continuará a controlar 51% do capital das empresas , este plano de privatizações poderá fazer reverter para os cofres públicos cerca de 20 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros).

A fatura da Fórmula 1…

Contrariamente ao emirado de Abu Dhabi, que controla 92% das reservas de petróleo e de gás do país — os EAU são o terceiro maior exportador mundial de crude —, o Dubai tem pouco petróleo (apenas 3% do PIB provém dos hidrocarbonetos). A sua economia depende sobretudo do turismo, transportes, construção, serviços financeiros e do comércio.

As notícias sobre um possível plano de privatizações no Dubai coincidem com rumores de que, também em Abu Dhabi, o governo pode ser chamado a atribuir uma ajuda financeira à Aldar Properties. A empresa líder no setor da construção — que presentemente é proprietária de mais de 50 milhões de metros quadrados de terra em Abu Dhabi — tem uma dívida superior a 2,7 mil milhões de dólares (mais de 2000 milhões de euros) e viu as suas vendas diminuírem na sequência da crise financeira global.

Marina adjacente ao circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi MARGARIDA MOTA

Entre os principais projetos da Aldar estão a Ilha Yas, onde se localiza o circuito de Fórmula 1 de Abu Dhabi (inaugurado em 2009) e o Ferrari World, o maior parque temático interior do mundo, que abriu portas no mês passado. Fonte governamental citada pelo jornal The National refere que a assistência financeira à Aldar deverá chegar sob a forma de um empréstimo a 25 anos.

Artigo publicado no Expresso Online, a 20 de dezembro de 2010. Pode ser consultado aqui

Pai Natal também visita os Emirados

Apesar de ser um país muçulmano, os Emirados toleram outras religiões e até festejam o Natal. Mas um dos grandes orgulhos arquitetónicos é uma mesquita. Reportagem nos Emirados Árabes Unidos

Decorações de Natal no lóbi do Hotel Intercontinental de Abu Dhabi MARGARIDA MOTA

O Natal está a chegar e muitos centros comerciais dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não são indiferentes a essa oportunidade comercial. Para além de grandes árvores iluminadas, os supermercados têm secções de venda de decorações natalícias e postais de Boas Festas. Os lóbis dos grandes hotéis acompanham a tendência da época e, à chegada de um novo hóspede, lá está o Pai Natal a dar as boas vindas.

Os EAU são, oficialmente, um país islâmico, mas a Constituição consagra a liberdade religiosa. Em todo o país, há 59 igrejas, que realizam as suas cerimónias com normalidade. No Dubai, há ainda dois templos hindus e um centro de culto sikh, frequentados por emigrantes.

Cerca de 80 por cento dos cinco milhões de habitantes dos EAU são estrangeiros, provenientes, sobretudo, do continente asiático. O maior contingente é oriundo da Índia, com cerca de 1,5 milhões de trabalhadores. A febre de desenvolvimento que se vive nos Emirados atrai mão-de-obra, literalmente, de todo o mundo. Segundo as estatísticas oficiais, há mais de 200 nacionalidades entre a massa de trabalhadores…

Tesouro espiritual e… arquitetónico

Projetada para homenagear a “unidade do mundo”, a Grande Mesquita Sheikh Zayed o fundador dos EAU, que faleceu em 2004 , em Abu Dhabi, é uma dos maiores tesouros arquitetónicos do país. Mais de 3000 trabalhadores participaram na sua construção e foram utilizados materiais importados de todo o mundo, desde cristais da Áustria (Swarovski) até à carpete feita por mais de 1200 artesãos iranianos e transportada para Abu Dhabi em três aviões…

O mármore branco predomina na paisagem foram usados 28 tipos diferentes e por força das suas 1000 colunas e 82 cúpulas dir-se-ia que o templo foi inspirado no Taj Mahal. O complexo ocupa 22.412 metros quadrados e a mesquita tem uma capacidade para acolher, em simultâneo, 40.960 fiéis.

Grande Mesquita Sheikh Zayed, em Abu Dhabi MARGARIDA MOTA

Num jardim circundante à mesquita, fica o mausoléu do Sheikh Zayed que impressiona pela sua simplicidade um paralelepípedo rectangular de mármore branca, semelhante a uma modesta campa num cemitério cristão. Numa pequeno edifício adjacente, dez homens revezam-se, 24 horas por dia, na recitação do Alcorão, que é transmitida para o exterior através de uma aparelhagem sonora.

O Expresso visita a mesquita numa visita guiada para jornalistas estrangeiros. Entre eles, está Rahma, uma muçulmana indonésia, que, no seu país, cumpre religiosamente as cinco orações diárias. Está visivelmente impressionada com a grandiosidade do templo e não pára de tirar fotografias. Quando acabar a visita, vou pedir para esperarem um bocadinho. Quero muito rezar aqui!

Artigo publicado no Expresso Online, a 11 de dezembro de 2010. Pode ser consultado aqui